Apesar das incertezas relacionadas ao futuro da Petrobras (PETR3; PETR4) como resultado das recentes interferências do governo sobre a política de preços dos combustíveis e na liderança da estatal, as ações continuam no topo das maiores pagadoras de dividendos.
“Tudo considerado, continuamos a gostar da ação pelo carrego atrativo de dividendos, que a esta altura estimamos passar de 20% nos próximos doze meses”, escreveu o analista Luis Fernando Moran de Oliveira, da EQI Research, em um relatório enviado a clientes nesta terça-feira (18).
Este retorno em dividendos reforça a recomendação de compra das ações.
“Ajuda ao governo”
Na noite de segunda-feira, mais uma notícia assustou os investidores da empresa.
A estatal anunciou que terá um impacto de R$ 11,9 bilhões no lucro líquido do segundo trimestre por conta de adesão da companhia a um acordo para encerrar disputa judicial envolvendo dívidas tributárias relacionadas a contratos de afretamento de embarcações.
A adesão da petrolífera ao esquema lançado em maio pela Receita Federal e pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) deve ser um reforço de caixa ao governo, que tem meta de déficit primário zero neste ano.
A Petrobras afirmou em comunicado ao mercado que a adesão ao acordo vai implicar em desembolso de 19,8 bilhões de reais, já considerando um desconto de 65% previsto em edital.
Investimentos da Petrobras
Ainda que se considere o desconto, o fato poderia ser mal-interpretado pelo mercado, como uma demonstração efetiva de intervenção do governo federal na empresa.
“Como a própria Petrobras considerava a perda como possível, e não provável, cremos que haveria espaço para um longuíssimo processo judicial até que o mérito fosse efetivamente julgado e, reforce-se, com chances de ganho de causa para a empresa”, observa Oiveira.
Segundo ele, o momento de tal acordo, semanas após a troca de comando, também não favorece leituras positivas do fato.
“Olhando adiante, cremos que tal desembolso extra não prejudicará a capacidade da empresa em continuar a pagar dividendos robustos aos acionistas dada a fortaleza financeira (balanço leve e resultados operacionais fortes) e também ao fato de que a política de pagamentos de dividendos da Petrobras ser baseada em fórmula de geração de caixa livre e não baseada em porcentual de lucro contábil”, conclui.