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Bolsa de energia N5X abre plataforma no Brasil

A avaliação, segundo a N5X, é de que a criação de uma contraparte central será fundamental para reduzir riscos, aumentar a liquidez e atrair novos agentes ao Brasil

por Reuters
3 min leitura
Energia

A bolsa de energia N5X estreia nesta quinta-feira as atividades de sua plataforma para comercialização de energia elétrica no Brasil, dando o pontapé inicial de um plano de longo prazo que prevê a oferta de negociação de contratos de energia em tela, produtos financeiros e até a estruturação de uma clearing para esse mercado.

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À Reuters, a CEO da N5X, Dri Barbosa, afirmou que o trading de contratos de energia elétrica em tela poderá iniciar em 2025, enquanto as aprovações regulatórias de CVM e Banco Central para valores mobiliários e a clearing devem ocorrer a partir de 2026.

Joint venture entre um fundo apoiado pela B3 e a Nodal Exchange, bolsa de derivativos da alemã European Energy Exchange (EEX), a N5X começou a operar em outubro do ano passado, quando iniciou conversas com agentes do setor elétrico brasileiro para desenhar seus primeiros produtos de trading de energia.

A plataforma aberta nesta quinta-feira começa com a oferta de boleta para formalização de contratos de compra e venda bilaterais entre empresas.

A maior parte da comercialização de energia no mercado livre brasileiro, em transações que movimentam vários bilhões de reais, é feita de forma não digital, até mesmo pelo telefone. A formalização desses contratos é uma etapa importante para as grandes empresas, que buscam simplificar e trazer mais segurança para suas operações.

A boleta de energia é um produto que já existe no mercado brasileiro, mas foi reformulada pela N5X para atender novas necessidades e exigências dos agentes, como novos tipos de garantias e facilitadores para inclusão de cláusulas específicas nos contratos, afirmou a CEO da bolsa.

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Segundo Barbosa, a N5X não está preocupada nesse momento com o futuro volume de transações da plataforma — que já conta com mais de 160 empresas cadastradas, entre elas Casa dos Ventos, Copel, Raízen, Assaí Atacadista e a trading Danske–, mas sim com oferecer um produto aderente ao demandado pelo mercado.

Ela lembrou que o Brasil já registra uma quantidade relevante de operações de trading de energia elétrica, com um giro de mercado de 4,27 vezes (volume de energia negociado em contratos em relação ao consumo).

“Não nos preocupamos (com projeções para a plataforma), nesse primeiro momento estamos focados em garantir que a nossa solução é a melhor para o mercado, se conseguirmos trazer essa solução, acreditamos que o mercado vai adotar”.

A bolsa aposta em um aumento da liquidez do mercado brasileiro no médio e longo prazo, para um giro de até 10 vezes, com novos produtos que poderão ser ofertados, como derivativos de energia, e com a estruturação de uma clearing como contraparte central, reduzindo riscos de crédito.

Para 2025, a N5X está trabalhando em mecanismos para permitir que a própria negociação dos contratos ocorra em sua plataforma. Uma das frentes será oferecer solicitações de cotação (RFQ, na sigla em inglês) para compra de energia elétrica — um processo que hoje é geralmente feito de forma manual, por meio de e-mails entre as empresas, e sujeito a erro.

“Tem empresa que só opera via RFQ. E hoje elas querem evoluir o negócio, conseguir trazer isso para a tela, para um processo digitalizado, que tem mais compliance”.

“E trazer o trading na tela, a empresa colocar a ordem de compra e venda e fazer um ‘match making’ das ofertas, fazer com que a negociação ocorra dentro da plataforma”, acrescentou Barbosa, ao comentar sobre outro produto previsto para o próximo ano.

Produtos financeiros e “Brokers”

Em paralelo, a N5X inicia os preparativos para pedir aprovações regulatórias para operar produtos financeiros, como opções e swaps, que não envolvem entrega física do produto energia elétrica, e também para se tornar uma clearing.

“O melhor cenário é que a gente consiga estar aprovado pelos reguladores (CVM e Banco Central) em 2026.”

O setor elétrico brasileiro vem em uma tendência de aproximação com o mercado financeiro, tendo começado nos últimos anos a trabalhar com derivativos de energia, instrumentos que atuam como “hedge” contra as flutuações de preço de um insumo fundamental para indústrias e grandes empresas.

Apesar de iniciativas como a plataforma eletrônica BBCE para estimular os derivativos de energia, o volume transacionado desses produtos financeiros para energia segue limitado.

A avaliação, segundo a N5X, é de que a criação de uma contraparte central será fundamental para reduzir riscos, aumentar a liquidez e atrair novos agentes ao Brasil.

Demetri Karousos, presidente e diretor operacional da Nodal Exchange, afirma que o mercado de energia brasileiro é hoje muito parecido com o norte-americano de 20 anos atrás.

Para ele, a chegada de uma clearing para o Brasil deverá permitir uma sofisticação das transações, atraindo até mesmo a atuação dos “voice brokers”, figura comum no trading de energia dos EUA, que atuam como agentes neutros nas negociações, apenas conectando compradores e vendedores de energia.

“Quando há gestão de risco adequada e um ambiente ‘clearing’, os prêmios (de preços) caem, a liquidez aumenta, compradores e vendedores obtêm melhores preços para aquilo que pretendem transacionar e o risco geral é reduzido. Então é uma situação ganha-ganha-ganha, com os volumes aumentando.”

Dri Barbosa diz que a N5X tem conversado com vários agentes internacionais, incluindo corretoras, e há “muito apetite” em ingressar no mercado brasileiro.

“Mas muitos deles não topam operar o risco bilateral, o risco de crédito, eles estão acostumados a operar mercados que têm contraparte central.”

“Eles estão esperando, nesse momento estão criando o ‘business case’, com base nas informações que passamos de tamanho e oportunidade do mercado, para virem para o Brasil quando for um mercado com clearing”.

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