A colheita de café do Brasil na safra 2024/25 atingiu 44% em 18 de junho, um avanço de sete pontos percentuais em relação à semana anterior, com os trabalhos acelerados pelo clima seco, em ritmo acima da média histórica para o período, apontou levantamento da Safras & Mercado divulgado nesta sexta-feira.
Mas o volume colhido tem decepcionado, especialmente em meio à colheita de grãos miúdos destacada por produtores, o que deve resultar em uma revisão para baixo da safra do maior produtor e exportador global, especialmente a de canéforas, segundo a consultoria.
Em igual período do ano passado, a colheita de café no Brasil estava em 39%, enquanto a média dos últimos cinco anos para o mesmo período é de 40%, disse a consultoria.
O avanço é “liderado” pela colheita de café canéfora (conilon e robusta), destacou o relatório, salientando que diante do clima seco e do atual estágio de maturação das lavouras os produtores já colheram 62% do potencial produtivo.
Assim, os trabalhos para os canéforas já superam o índice de igual período do ano passado (56%) e a média dos últimos cinco anos (59%).
Mas, em termos de volume, segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, o tempo seco da safra tem trazido um resultado da colheita abaixo do esperado, o que deve motivar uma revisão no número de safra.
“A ideia atual é de um corte entre 8% e 14% em relação à previsão preliminar, embora algumas regiões já registrem perdas de até 20% em relação à perspectiva anterior ao início da colheita”, disse Barabach, em nota.
A produção de canéforas do Brasil projetada preliminarmente pela Safras era de 23,3 milhões de sacas de 60 kg, o que representaria um aumento de 7,4% ante a temporada passada. A consultoria não cravou um novo número em comunicado.
“Esse cenário (abaixo do esperado anteriormente) reforça internamente o quadro de firmeza nos preços visto lá fora”, comentou.
Já a colheita de café arábica, que responde pela maior parte da produção do Brasil, registrou um ritmo mais compassado, mas ainda bem adiantada em comparação a períodos anteriores.
O país colheu 35% do potencial da produção. Assim, supera tanto igual época do ano passado como a média de cinco anos, ambos em 31%.
“A safra mais miúda continua preocupando bastante, devido à dificuldade em conseguir peneira 17/18, o que explica o ágio pago para os cafés mais graúdos na exportação. Também cresce o ruído no mercado de uma possível correção negativa nos números de arábica”, disse o consultor.
A Safras estimou inicialmente a colheita de café arábica em 47,05 milhões de sacas de 60 kg, alta de 7,3% na comparação com a temporada passada.
“Outro ponto é que os produtores continuam mantendo um procedimento mais lento na secagem e beneficiamento, deixando o café descansando mais tempo na tulha, o favorece a qualidade da bebida, mas também explica o pouco café disponível nas praças de negociação”, comentou Barabach.
Somando a colheita esperada de arábica e canéforas, a previsão preliminar da Safras era de que o Brasil produzisse 70,37 milhões de sacas de 60 kg em 2024, alta de 7,38% na comparação com a temporada passada, uma vez que o ciclo atual é o positivo na bienalidade do arábica. O número não considera eventual revisão citada em relatório.