A ação da empresa do setor sucroalcooleiro Jalles Machado (JALL3) é vista como uma “história de crescimento” e, por isso, é fundamental considerar mais do que apenas os múltiplos de curto prazo ao avaliar seu desempenho, avaliam os analistas do BTG Pactual, Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Bruno Lima.
Em um relatório enviado a clientes nesta sexta-feira, a recomendação de compra foi reiterada, com um preço-alvo de R$ 12, sugerindo um potencial de valorização de quase 80%.
Apesar de a ação revelar múltiplos de curto prazo que parecerem exigentes em comparação com seus pares, indicando um potencial limitado, os analistas esperam que o desconto se amplie à medida que o crescimento dos resultados operacionais melhore nos próximos anos.
“A execução leva tempo nesta indústria, e uma base de ativos sólida pode ser mais frequentemente confirmada em condições desfavoráveis”, explicam os analistas.
Eles estão otimistas com os preços do açúcar no longo prazo e acreditam que o etanol está começando um ano-safra mais favorável, impulsionado por uma demanda mais forte. Além disso, a Jalles Machado se diferencia como uma das poucas histórias de crescimento na indústria brasileira de açúcar e etanol, com um balanço patrimonial sólido que proporciona estabilidade.
“Vemos alguns fatores-chave impulsionando o desempenho de Jalles daqui para frente”, opinam Duarte, Guttilla e Lima Brasil.
Usina
Os analistas destacam que a reestruturação da Usina Santa Vitória Açúcar e Álcool (SVAA) tem sido um dos principais fatores impulsionando o desempenho da Jalles Machado e de sua ação.
Na última safra, os rendimentos aumentaram significativamente em 16% ano a ano, atingindo 70 toneladas de cana por hectare (TCH).
“Embora os rendimentos ainda estejam abaixo da média regional, acreditamos que melhorias estruturais podem permitir que a empresa supere até mesmo as condições climáticas menos favoráveis”, afirmam Duarte, Guttilla e Lima Brasil.
Resultados da Jalles
No último trimestre do ano fiscal de 2024, Jalles Machado apresentou um Ebitda ajustado (incluindo hedge) de R$ 248 milhões, um aumento de 135% em relação ao ano anterior, embora 7% abaixo das estimativas dos analistas. As margens aumentaram 430 pontos-base ano a ano, atingindo 54,7%, e o Ebitda sobre o milhão de tonelada de moagem (EBITDA/ATR) foi de R$ 807, 2% abaixo das estimativas.
O Ebit ajustado (incluindo hedge realizado) foi de -R$ 136 milhões, resultando em um EBIT ajustado de -R$ 29 milhões no ano fiscal de 2024. Esse resultado foi fortemente impactado por preços mais baixos do etanol e taxas de depreciação mais altas após um ciclo massivo de plantio de cana e o consequente reconhecimento da depreciação dos ativos de cana.
A dívida líquida da empresa aumentou em R$ 109 milhões no trimestre a trimestre, impactada pelo ciclo de capex associado à expansão da capacidade de produção de açúcar e um maior carrego de estoque, com os estoques de etanol aumentando 170% ano a ano. No entanto, a relação de alavancagem permaneceu confortável em 1,3 vezes.
Os analistas do BTG Pactual também destacam que o guidance para 2024 é positivo, com expectativas de melhores rendimentos, um maior mix de açúcar e menor capex. “Estamos otimistas com os preços do açúcar no longo prazo e acreditamos que o etanol está começando um ano-safra mais favorável”, afirmam.