Após o alívio das duas sessões anteriores, o dólar (USDBRL) à vista subiu mais de 1% nesta terça-feira no Brasil, para acima dos 5,45 reais, com as cotações impulsionadas pelo exterior, onde a moeda norte-americana tinha ganhos firmes ante as demais divisas, numa inversão do movimento da véspera, quando investidores foram em busca de ativos de maior risco.
A divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e as declarações do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, foram acompanhadas de perto, mas pouco alteraram a percepção sobre o cenário doméstico.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4545 reais na venda, em alta de 1,19%. No mês, a divisa acumula elevação de 3,88%.
Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,06%, a 5,4535 reais na venda.
A moeda norte-americana oscilou em alta ante o real durante todo o dia, com investidores aproveitando o viés vindo do exterior para recompor posições compradas na divisa dos EUA (no sentido de alta das cotações), após as baixas mais recentes.
O movimento de busca por dólares no exterior foi favorecido por declarações da diretora do Federal Reserve Michelle Bowman, que reiterou sua opinião de que manter a taxa de juros estável “por algum tempo” provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle. Ao mesmo tempo, ela reforçou sua disposição de aumentar os juros se necessário.
“A inflação nos EUA continua elevada, e ainda vejo vários riscos de aumento da inflação que afetam minha perspectiva”, disse.
Além disso, dados mostrando o aumento dos preços de residências nos EUA e uma confiança do consumidor acima do esperado contribuíam para o dólar forte.
“O dólar está ganhando de seus pares e das divisas emergentes por conta dos números (dos EUA), que vieram bons, e dos ‘Fed boys’, indicando que talvez não se corte juros este ano”, comentou durante a tarde Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
Às 17h11, o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas subia 0,11%, a 105,630.
No Brasil, as atenções estiveram voltadas para a ata do Copom e para as declarações de Galípolo durante videoconferência.
No documento, o Copom indicou que, além da unanimidade entre os membros quanto à manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano, todos concordaram que o colegiado deve “perseguir a reancoragem das expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por trás da desancoragem ora observada”.
Além disso, o documento trouxe uma elevação da taxa de juros neutra aquela em que não há estímulo nem retração da economia de 4,50% para 4,75%, conforme o cálculo do BC.
Já Galípolo reconheceu o incômodo com o avanço recente do dólar ante o real, mas ressaltou que o BC não tem uma meta de câmbio ou de diferencial de juros, mas sim uma meta de inflação.
Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que tanto a ata quanto Galípolo trouxeram poucas novidades para o cenário.
Ao mesmo tempo, segundo eles, a questão fiscal segue como um fator de preocupação para o mercado, o que ajudava a justificar nova alta do dólar ante o real nesta terça-feira.
“Ainda estamos passando por um pouco de pessimismo. Precisamos de alguma coisa que ajude minimamente o governo a acalmar os ânimos em relação ao fiscal”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Neste cenário, após atingir a cotação mínima de 5,4049 reais (+0,27%) às 9h36, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,4570 reais (+1,24%) às 16h56, pouco antes do fechamento.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.