Aconteceu em São Paulo (SP) a 34ª edição da Febraban Tech, maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro.
Os três dias de congresso reuniram os principais nomes da indústria bancária e as fintechs expoentes do mercado, incluindo a Quantum.
Em trilhas separadas entre 200 painéis, o evento levantou importantes insights sobre a era da Inteligência Artificial (IA) e suas implicações para os players financeiros, desde oportunidades com as novas tecnologias a crescentes desafios em cibersegurança.
Navegue os principais temas abordados na Febraban Tech:
- Abertura do evento
- O papel dos grandes bancos na revolução com IA
- Pix, Drex e a demanda por pagamentos inteligentes
- Combate às ameaças
- Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024
- Quantum na Febraban Tech
A jornada responsável na nova economia da IA
O painel de abertura do evento aconteceu na Arena Febraban e contou com a participação dos executivos dos maiores bancos do país para debater o momento transformacional que a indústria está vivendo e os desafios em meio à ascensão estratosférica da IA.
Em seu discurso de boas-vindas, Isaac Sidney, presidente da Febraban, reforçou o uso ético e responsável da inteligência artificial, bem como dos sistemas financeiros que vieram para auxiliar na jornada da instituição e do cliente.
Segundo Sidney, soluções como o Open Finance e o futuro Drex podem, se bem conduzidos, abrir novos caminhos de negócio (não se limitando apenas ao universo bancário) e inclusão financeira.
“Temos uma capacidade de inovação intersetorial”, defendeu. “Os bancos têm grande potencial para ultrapassar as barreiras do setor financeiro e conectar com outros setores.”
O papel dos grandes bancos na revolução com IA
Os bancos têm um papel importante como grandes agentes ESG, defenderam os CEOs do Itaú, Bradesco, Santander Brasil e Caixa Econômica Federal.
Milton Maluhy Filho, do Itaú, destacou que o ESG não é uma agenda em que os grandes bancos precisam ser competidores.
Confira as iniciativas ESG citadas pelos grandes bancos durante a Febraban Tech:
Iniciativas ESG dos grandes bancos | |
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Meio ambiente | Mitigação de riscos climáticos por meio do processo de descarbonização da carteira de clientes |
Empréstimos e financiamentos | Liberação de linhas de crédito para projetos sustentáveis, como financiamento de matrizes energéticas verdes |
Social | Investimentos em capacitação de profissionais da área de tecnologia para sustentar o crescimento da indústria de IA |
Os executivos também concordaram que uma jornada bancária responsável movida por IA tem como principal missão o bem-estar e a segurança do cliente.
Abaixo, destacamos projetos e propósitos com IA que os bancos têm buscado colocar em prática:
Os bancos e a IA | |
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Itaú | Modernização das plataformas para migração em nuvem |
“Visão jornada” com foco no cliente | |
Bradesco | Testes com IA generativa na BIA, a assistente virtual da empresa |
Santander Brasil | Desenvolvimento em codificação e atendimento |
Investimentos em AAA para assessoria personalizada | |
Caixa Econômica Federal | Aplicações na plataforma Cliente Caixa para otimizar o atendimento |
Utilização de ferramentas ágeis para melhorar o relacionamento com o cliente |
“Precisamos transformar nossa organização, nosso legado, para nos reinventarmos todo dia. […] A gente precisa de metodologia ágil, entregar valor ao cliente, aprender com o cliente”, afirmou Maluhy Filho.
Pix, Drex e a demanda por pagamentos inteligentes
As mudanças trazidas pelo Pix para os meios de pagamentos foram temas recorrentes na Febraban Tech, e não por acaso.
A ferramenta criada pelo Banco Central revolucionou a maneira como o brasileiro lida com o seu dinheiro e virou referência para outros países interessados em replicar a solução.
Com o sucesso do Pix, não é difícil imaginar por que o processo de criação da moeda digital Drex pelo Banco Central está causando um burburinho no mercado.
No painel “O avanço da iniciação de pagamentos e as oportunidades das transferências inteligentes no Open Finance”, o debate girou em torno da interoperabilidade entre as instituições financeiras para viabilizar transferências cada vez mais inteligentes.
O Drex, aliado ao Open Finance e ao Pix, deve criar um sistema ainda mais integrado e ágil, com todas as camadas interoperacionais trabalhando em prol do usuário final.
Porém, ao contrário do que muitos imaginam, o Drex não deve causar o mesmo impacto que o Pix no consumidor – pelo menos, não diretamente.
Marcelo Martins, fundador da Iniciador, acredita que o Drex deve seguir a mesma ideia do Open Finance, de ser uma “estrutura de mercado” que potencializará a criação de ferramentas cada vez mais ágeis e úteis para o dia a dia do usuário brasileiro.
Reforçando a fala de Martins, Gustavo Borges, superintendente de Tecnologia no Inter, disse que o Drex entrará muito mais nos canais B2B do que no B2C, trazendo ganhos para acordos financeiros entre empresas.
Combate às ameaças
Se a IA trouxe uma série de benefícios para a indústria, é certo dizer que a tecnologia também elevou os seus desafios com o surgimento de golpes com deepfake e simulações por detecção de voz.
Os bancos têm procurado investir cada vez mais em soluções de ponta voltadas para prevenção e mitigação de fraudes e outros crimes cibernéticos. Afinal, nessa indústria, os dados são a identidade do usuário.
Mas de que maneira as instituições financeiras estão conseguindo agir e até detectar antecipadamente essas ameaças?
Algumas tendências para autentificação foram citadas no painel “Antecipando ameaças: bancos sempre um passo à frente na segurança”. Destacamos quatro pontos abaixo:
- uso intensivo de dados
- visão mais técnica em relação aos riscos
- perspectiva tecnológica para aproximação de análise dos riscos
- evolução da biometria comportamental
Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024
A Febraban, em parceria com a Deloitte, trouxe dados inéditos sobre a evolução das transações financeiras no Brasil.
A 32ª edição da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária foi dividida em dois volumes: enquanto o primeiro tem como foco os investimentos e as tendências em tecnologia, o segundo aborda as transações bancárias e o comportamento do consumidor brasileiro.
O novo levantamento aponta para uma expectativa de R$ 47,4 bilhões em investimentos em tecnologia para 2024, aumento de 21,5% em relação a 2023.
Por categorias, o maior crescimento esperado é no orçamento para CRM, que pode aumentar 73%, seguido por IA, analytics e big data, com alta esperada de 43%.
Fonte: Febraban – Deloitte
Outros números revelam que sete a cada 10 transações bancárias são feitas via mobile banking, representando 130,7 bilhões do total de volume transacionado no ano passado.
As transações realizadas para pagamento de contas e o uso do TED no mobile banking caíram, muito por conta do Pix, que registrou um aumento de 16% no número de usuários cadastrados de 2022 para 2023.