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Dólar: Tensões criadas por Lula respondem por R$ 0,40 da alta

XP Investimentos eleva a projeção para o câmbio e alerta que um nível de R$ 5,80 desencadearia uma elevação adicional da Selic em 2024

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Dólar Lula

As incertezas criadas pelas tensões entre o poder executivo e o Banco Central, com declarações duras realizadas pelo presidente Lula, respondem por um aumento de R$ 0,40 nas estimativas para o dólar em 2024, aponta a XP Investimentos em um relatório enviado a clientes na manhã desta quinta-feira (4).

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Mesmo que a poeira baixe um pouco, como vimos nos discursos de quarta-feira (3), quando Lula teria se comprometido a cortar gastos, “parte dos efeitos já observados tende a ser persistente”, revela o texto assinado pelo economista-chefe, Caio Megale.

Com isso, a XP decidiu ajustar a previsão de taxa de câmbio de R$ 5 para R$ 5,40 reais por dólar neste ano. Como consequência, a projeção de IPCA subiu para 3,8% em 2024, de 3,7%, e 4,3% em 2025, de 4,0%.

Dólar no limite

Megale ressalta que este nível de R$ 5,40 não é suficiente para que o Banco Central mude de rumo e inicie um ciclo de alta de duros, após manter a Selic inalterada na última reunião em 10,5% ao ano. Ele, contudo, faz um alerta.

“No entanto, se o prêmio de risco continuar a aumentar e a taxa de câmbio se estabilizar em torno de (digamos) 5,80 reais por dólar ou acima, as projeções de inflação se afastarão significativamente da meta. Nessas circunstâncias, o Copom poderá optar por elevar os juros no segundo semestre”, ressalta.

Isso porque a incerteza fiscal elevou o prêmio de risco sobre os ativos brasileiros significativamente nos últimos meses. O Real está 13% mais desavalorizado no acumulado do ano, um desempenho inferior ao da maioria de seus pares.

“O mercado de juros futuros apreça mais de 2 p.p. de alta na taxa Selic até o final de 2025. O movimento é descolado da realidade? Na verdade, não”, diz Megale.

Vale lembrar que, mesmo que o BC fique mais duro no curto prazo em reação ao dólar, a incerteza sobre a independência da política monetária após o término do mandato do Presidente Roberto Campos Neto, em dezembro, continuará.

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Ele ressalta que, para cumprir o arcabouço fiscal, o governo precisaria bloquear cerca de R$ 16 bilhões em despesas discricionárias no segundo semestre. “A sinalização do governo, no entanto, sugere um esforço menor. Alguma clareza aqui ajudaria a reduzir as incertezas e os prêmios de risco”, opina.

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