O Ibovespa teve um leve respiro em junho, mas segue entregando retorno negativo em 2024.
Apesar do avanço de 1,48% no mês passado, a bolsa local continua longe dos patamares históricos vistos no fim de 2023, quando o principal índice superou os 134 mil pontos.
Incertezas em relação aos juros dos EUA, somadas aos ruídos fiscais do lado doméstico e uma mudança de postura pelo banco central brasileiro, culminaram em um início de ano fraco para nossas ações.
Com isso, o Ibovespa encerrou o primeiro semestre de 2024 com perdas acumuladas de 7,66%.
Confira o resumo desses últimos meses da bolsa:
- Juros americanos: quando vem o corte?
- Revisões das metas fiscais no Brasil acendem alerta no BC
- A guinada do dólar
- Investidor estrangeiro intensifica resgates na B3
- O desempenho da B3 por setor
- Top 10 ações do Ibovespa com maiores retornos em 2024
- Top 10 ações do Ibovespa com os menores retornos em 2024
- Continue atualizado sobre o movimento do mercado de ações
Juros americanos: quando vem o corte?
Boa parte do rali no fim do ano passado teve como motivação a expectativa de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, começará o ciclo de flexibilização monetária.
Porém, comunicados do Fed e discursos de Jerome Powell, presidente da autarquia, deram sinais não muito animadores para quem estava projetando o início dos cortes de juros ainda no primeiro semestre.
Desde julho de 2023, os juros americanos estão dentro da faixa de 5,25-5,50%. Sem grandes mudanças na postura das autoridades monetárias com a inflação nos EUA, os investidores foram ajustando suas apostas ao longo dos últimos meses.
Os mercados projetam atualmente um único corte em 2024.
Revisões das metas fiscais no Brasil acendem alerta no BC
No Brasil, o mercado segue arisco com a questão fiscal. Os ruídos provocados pela revisão nas metas acenderam um sinal de alerta nos investidores – e no Banco Central também.
Se a ideia inicial era zerar o déficit primário já em 2024 e garantir o superávit a partir de 2025, as mudanças nas estimativas desenham um cenário diferente: a meta de déficit zero foi empurrada para o próximo ano e o superávit previsto para 2026 foi revisado para baixo.
Diante de uma percepção de risco maior do quadro fiscal do país, houve uma mudança de postura do BC na condução da Selic daqui em diante.
A última reunião do Comitê de Política Monetária marcou uma nova direção para o caminho da taxa básica de juros do Brasil ao manter o patamar em 10,50% ao ano.
A manutenção da Selic nessa faixa veio após o BC ter quebrado em maio a sequência de cortes de 0,50 ponto percentual, buscando por uma redução menor, de 0,25 ponto percentual, e sinalizando juros em patamares elevados por mais tempo.
A guinada do dólar
A quebra das expectativas mais otimistas com potenciais cortes nos juros americanos criou um ambiente propício para o dólar decolar.
A moeda americana acumula em 2024 uma valorização de dois dígitos em relação ao real em meio a sinalizações ainda fracas pelo lado do Fed, que segue com o mesmo discurso de avaliar a evolução da economia dos EUA com cautela.
Só em junho, o dólar disparou 6,05%, elevando a variação positiva ante a moeda brasileira para 14,82% até o primeiro semestre do ano.
Um levantamento recente elaborado pela Quantum mapeou a evolução do dólar nos últimos 10 anos, considerando retorno anual e preço de fechamento ao fim de cada ano dentro desse intervalo.
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Investidor estrangeiro intensifica resgates na B3
O esvaziamento do capital estrangeiro na bolsa brasileira segue forte. Junho foi mais um mês de saldo negativo para aplicações de investidores gringos na B3.
Em junho, o volume ficou negativo em R$ 4,23 bilhões. Com isso, o saldo acumulado em 2024 já soma quase -R$ 39 bilhões até a data de 28/06.
Investidores estrangeiros têm buscado na força do dólar um motivo para evitar aplicar dinheiro em mercados emergentes.
A fase positiva que os índices americanos estão aproveitando, puxados principalmente por ações ligadas à Inteligência Artificial (IA), também podem explicar essa onda de aversão externa à bolsa brasileira.
O desempenho da B3 por setor
Dados levantados pela Quantum apontam os índices setoriais da B3 com os melhores e piores desempenhos até agora.
No primeiro semestre, apenas o Índice do Setor Industrial (INDX) entregou retorno positivo, por pouco não fechando no vermelho.
Os piores desempenhos vieram de consumo e do segmento imobiliário, setores conhecidos pela elevada exposição ao cenário doméstico.
Outros índices da B3 também operam em baixa no ano. Até o último pregão de junho, o Índice de Dividendos (IDIV) caiu 3,41% e o Índice Small Cap (SMLL) derreteu quase 15%.
A grande exceção fica para o Índice de BDRs Não Patrocinados – Global (BDRX), que avançou 41,07% no semestre, impulsionado pelo rali dos papéis das gigantes da indústria de IA.
Confira os números:
Índice setorial | Retorno – 1º semestre de 2024 |
INDX | 3,53% |
ICB | -0,03% |
IAGRO B3 | -5,24% |
UTIL | -6,53% |
IEE | -7,02% |
IMAT | -9,67% |
IFNC | -11,88% |
ICON | -14,03% |
IMOB | -16,84% |
Ibovespa | -7,66% |
Índice | Retorno – 1º semestre de 2024 |
Global BDRX | 41,07% |
IDIV | -3,41% |
SMLL | -14,85% |
Ibovespa | -7,66% |
Top 10 ações do Ibovespa com maiores retornos em 2024
O ano de 2024 segue positivo para a maioria das ações de empresas frigoríficas brasileiras. Com um salto de quase 65%, BRF entregou a maior valorização do Ibovespa no primeiro semestre.
No mesmo período, JBS e Marfrig subiram, respectivamente, 29,55% e 27,42%.
Vale também destacar a Embraer, fabricante de aeronaves que está na briga pela liderança no ranking de altas do índice.
Nome | Ticker | Retorno no ano |
BRF | BRFS3 | 64,16% |
EMBRAER | EMBR3 | 61,46% |
JBS | JBSS3 | 29,55% |
MARFRIG | MRFG3 | 27,42% |
CIELO | CIEL3 | 25,38% |
CEMIG | CMIG4 | 17,48% |
WEG | WEGE3 | 15,43% |
PETROBRAS | PETR3 | 13,73% |
SÃO MARTINHO | SMTO3 | 13,20% |
PETROBRAS | PETR4 | 12,70% |
Ibovespa | IBOV | -7,66% |
Top 10 ações do Ibovespa com os menores retornos em 2024
Do lado das baixas, a Azul entregou a pior performance nos primeiros seis meses de 2024, vendo suas ações derreterem mais de 50%.
Vale lembrar que a Gol, também do setor aéreo, entrou em recuperação judicial nos EUA este ano, culminando na sua saída do Ibovespa pelas regras da B3.
O ranking de maiores desvalorizações do semestre ainda conta com players do setor de educação e do varejo, todos com elevada exposição ao cenário doméstico.
Nome | Ticker | Retorno no ano |
AZUL | AZUL4 | -54,15% |
YDUQS | YDUQ3 | -52,73% |
COGNA | COGN3 | -49,28% |
CVC BRASIL | CVCB3 | -44,00% |
MAGAZ LUIZA | MGLU3 | -43,86% |
MRV | MRVE3 | -40,52% |
VIVARA S.A. | VIVA3 | -37,85% |
P.ACUCAR-CBD | PCAR3 | -33,50% |
LOCALIZA | RENT3 | -32,71% |
LOCAWEB | LWSA3 | -32,61% |
Ibovespa | IBOV | -7,66% |