O desmatamento na Mata Atlântica caiu 25,9% de agosto de 2022 a julho de 2023 em relação ao período anterior, apontam dados do sistema Prodes, do Inpe, divulgados nesta quarta-feira (3/7).
A área desmatada no intervalo foi de 765 km², a menor desde que a série histórica começou a ser contabilizada em 2001.
As informações foram apresentadas pelas ministras Marina Silva e Luciana Santos (MCTI) em entrevista coletiva na sede do MCTI, em Brasília (DF).
Também foram divulgados dados que indicaram quedas do desmatamento em 2024 na Amazônia e no Cerrado.
“Esta queda veio após anos de crescimento acelerado: em 2020, foram desmatados 790 km² e, no ano seguinte, 927 km². Passamos da casa dos 1.000 km² em 2022, e agora tivemos uma queda de quase 26%.
É um feito enorme neste bioma, que é um dos mais ameaçados do país”, afirmou o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco.
Três quartos do desmatamento registrado no período concentra-se em cinco estados: Minas Gerais (22,8%), Bahia (21,9%), Rio Grande do Sul (11%), Santa Catarina (10,6%) e Paraná (10,3%).
As cidades com maior área desmatada de agosto de 2022 a junho de 2023 foram São Francisco de Paula (RS), Bom Jesus (RS), Ibicuí (BA), Vacaria (RS) e Itapetinga (BA).
“As principais regiões estão na área entre o norte de Minas Gerais e no sul da Bahia, além do Rio Grande do Sul”, disse Silvana Amaral, pesquisadora do Inpe.
A divulgação ocorreu no mesmo dia de seminário técnico-científico para elaboração do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento (PPCD) da Mata Atlântica. Planos para a Amazônia e o Cerrado foram lançados em 2023, e para os demais biomas serão lançados neste semestre.
“Falar de desmatamento zero na Mata Atlântica já está defasado. Precisamos é falar de recuperar 30% do bioma, no mínimo”, afirmou o secretário de Controle do Desmatamento do MMA, André Lima, no seminário.
A Mata Atlântica se estende pela costa do país, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Além das florestas nativas, reúne também ecossistemas associados (manguezais, vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste).
De acordo com o Inpe, 71,6% da vegetação nativa do bioma foi desmatada em razão da exploração durante os ciclos econômicos da história do país, da construção de rodovias e ferrovias, do avanço da pecuária e da expansão urbana, entre outros fatores. Cerca de 70% da população brasileira vive hoje na Mata Atlântica.