As ações das fabricantes de chips caíam mais de 4% nesta quarta-feira, após o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos Donald Trump parecer indiferente sobre a defesa de Taiwan e reportagem sobre Washington estar considerando restrições mais rígidas ao fornecimento de tecnologia avançada para a China.
Os EUA disseram aos aliados que estão considerando usar as mais severas restrições comerciais disponíveis se as empresas continuarem a dar a Pequim acesso à tecnologia avançada de semicondutores, noticiou a Bloomberg News na terça-feira.
As ações listadas nos EUA da fornecedora holandesa de equipamentos de fabricação de chips ASML Holding (ASML; ASML34) caíam cerca de 9%, apesar de terem superado as estimativas de lucro do segundo trimestre após a reportagem.
As ações da Nvidia (NVDA; NVDC34), peso pesado da inteligência artificial, caíam cerca de 4%. A rival menor AMD (AMD; A1MD34) estava em queda de 6,3%, enquanto Qualcomm, Micron (MU; MUTC34), Broadcom (AVGO; AVGO34) e Arm Holdings (ARM) caíam mais de 5%.
O ex-presidente norte-americano Trump disse à Bloomberg Businessweek que Taiwan deveria pagar aos EUA por sua defesa, já que não dá nada ao país, fazendo com que as ações da TSMC (TSM; TSMC34) listadas nos EUA caíssem 6%.
As ações de chips subiram este ano, com os investidores apostando na inteligência artificial generativa e no hardware que a suporta. O índice de semicondutores da Filadélfia sobe 39% em 2024, superando o ganho de 18,8% do S&P 500.
Estouro da bolha?
Em uma análise recente realizada pelo comitê de pesquisa e investimentos do Bank of America, foi levantada a questão: chegou a hora de apostar no estouro da bolha de IA?
A análise publicada nesta terça-feira (16) faz uma comparação intrigante entre o momento atual das ações das empresas focadas em inteligência artificial e o estouro da bolha das ações ferroviárias, onde William Riggin Travers, um cosmopolita de Wall Street, fez fortuna.
Travers, um dos grandes patrícios da Era Dourada dos EUA, certa vez perguntou durante uma regata dos melhores de Wall Street: “onde estão os iates dos clientes?”
Em uma análise recente realizada pelo comitê de pesquisa e investimentos do Bank of America, foi levantada a questão: chegou a hora de apostar no estouro da bolha de IA?
A análise publicada nesta terça-feira (16) faz uma comparação intrigante entre o momento atual das ações das empresas focadas em inteligência artificial e o estouro da bolha das ações ferroviárias, onde William Riggin Travers, um cosmopolita de Wall Street, fez fortuna.
Travers, um dos grandes patrícios da Era Dourada dos EUA, certa vez perguntou durante uma regata dos melhores de Wall Street: “onde estão os iates dos clientes?”
Se Travers vivesse hoje, ele poderia se mudar para os castelos de Atherton ou Palo Alto e se maravilhar com todas as empresas comuns recentemente induzidas a comprar IA gerida em nuvem. Acompanhando seus pares, sim, mas sem um propósito específico: “onde estão os aplicativos matadores dos clientes”?
Ou seja, a inteligência artificial pode seguir o caminho de outras tecnologias que, embora aumentassem a produtividade a longo prazo, não retornaram rapidamente os investimentos iniciais.
“As ferrovias nos EUA e no Reino Unido em meados de 1800, os cabos de fibra óptica e a Internet na década de 1990, a fraturação hidráulica de xisto na década de 2010: tudo isso exigiu enormes despesas de capital, com benefícios obtidos apenas após o estouro de uma bolha inicial de ações”, afirmou o comitê.
Antes da Guerra Civil, Travers julgou que a Old Southern, uma das ações ferroviárias mais apreciadas, havia emitido demasiadas ações para especuladores. Ele e seu sócio compraram discretamente todos os contratos a descoberto que puderam, divulgaram suas descobertas e ganharam milhões quando as ações despencaram 60%.
A pergunta que paira no ar é se os investidores estão prontos para enfrentar uma possível correção no mercado de IA, semelhante ao que aconteceu com as ferrovias e a internet no passado. Como William Riggin Travers observou, a chave para o sucesso pode estar em questionar constantemente os retornos dos investimentos e se preparar para possíveis reviravoltas no mercado.
Segundo o Bank of America, os investidores de longo prazo podem se sair melhor em ativos subvalorizados em comparação ao S&P 500, como ações de pequena capitalização, serviços públicos, energia e bancos, além de regiões como Índia e América Latina.
Pergunta de US$ 1 trilhão
Embora os lucros dessas empresas de inteligência artificial, até agora, tenham apoiado os preços mais altos das ações, os investidores agora estão mudando seu foco para quando os investimentos em IA das empresas se traduzirão em ganhos reais de receita e contribuições de lucros, disse David Kostin, estrategista-chefe de ações dos EUA do Goldman Sachs.
“Os gestores de portfólio estavam realmente abraçando a euforia, a excitação sobre IA e o que isso pode significar para a lucratividade corporativa, atividade empresarial [e] produtividade na economia”, explicou Kostin.
“Mais recentemente, isso mudou, e há muito mais questionamentos sobre as gerências — se elas podem ou não realmente entregar melhores resultados financeiros como consequência de todo esse investimento que está ocorrendo”, ressaltou.
Segundo ele, os grandes gestores de Wall Street estarão, a partir do segundo semestre e pelos próximos 6 a 12 meses, muito focados sobre onde estão os ganhos.
Wall Street quer saber
“Há muito mais perguntas sobre isso, em relação há um mês antes”, observou. E esta é uma pergunta que pode valer US$ 1 trilhão.
Esse valor corresponde ao esperado em gastos já realizados ou previstos para os próximos anos por gigantes da tecnologia, outras empresas e serviços públicos, que incluem investimentos significativos em data centers, chips, outras infraestruturas de IA e na rede elétrica. Isso é muito gasto para pouco benefício?
A próxima temporada de resultados para as “big 5” começa em 23 de julho com os balanços da Alphabet e da Amazon, seguidas pela Amazon no dia 25 e pela Meta no dia 31. Já a Nvidia traz o próximo balanço no dia 15 de agosto.
Por enquanto, Kostin acredita que o mercado de ações dos EUA está bastante valorizado e que a trajetória do mercado parece estar alinhada com a trajetória dos lucros.