A China surpreendeu os mercados ao cortar taxas de juros de curto e longo prazos nesta segunda-feira, no primeiro movimento amplo desde agosto do ano passado, sinalizando a intenção de impulsionar o crescimento da segunda maior economia do mundo poucos dias após uma reunião de liderança do Partido Comunista.
Os cortes na principal taxa de juros de curto prazo do banco central, em suas taxas de operações de mercado e nas taxas de empréstimo bancário de referência ocorreram depois que a China divulgou dados econômicos do segundo trimestre mais fracos do que o esperado na semana passada e que seus principais líderes se reuniram para uma plenária que ocorre aproximadamente a cada cinco anos.
O país está à beira da deflação e enfrenta uma prolongada crise imobiliária, aumento da dívida e fraqueza da confiança dos consumidores e das empresas. As tensões comerciais também estão aumentando, à medida que líderes globais ficam cada vez mais cautelosos com o domínio das exportações da China.
“O corte de hoje é um movimento inesperado, provavelmente devido à forte desaceleração do ritmo de crescimento no segundo trimestre, bem como o pedido de ‘atingir a meta de crescimento deste ano’ pelo terceiro plenário”, disse Larry Hu, economista-chefe do Macquarie para a China.
O Banco do Povo da China (PBOC) disse nesta segunda-feira que cortará a taxa de recompra reversa de sete dias de 1,8% para 1,7%, e também melhorará o mecanismo das operações de mercado aberto. Esse é o primeiro corte na taxa desde agosto de 2023.
Minutos depois, a China reduziu as taxas de empréstimo de referência pela mesma margem na fixação mensal. A taxa primária de empréstimo de um ano (LPR) foi reduzida de 3,45% para 3,35%, enquanto a LPR de cinco anos passou de 3,95% para 3,85%.
Posteriormente, o banco central chinês reduziu as taxas de seu mecanismo de empréstimo permanente (SLF), um tipo de empréstimo concedido aos bancos comerciais para atender às suas demandas temporárias de caixa, pela mesma margem.
Ju Wang, chefe da estratégia de câmbio e taxas para a Grande China do BNP Paribas, disse que as expectativas crescentes de que o Federal Reserve comece a cortar a taxa de juros também deram ao banco central chinês espaço para flexibilizar sua política monetária, dada a pressão que o iuan vem sofrendo por causa de uma grande diferença de rendimento em relação ao dólar.
A agência de notícias oficial Xinhua citou fontes anônimas próximas ao banco central segundo as quais o corte “decisivo” de juros mostrou sua determinação em sustentar a recuperação e foi uma resposta aos objetivos da plenária de atingir a meta de crescimento deste ano.
O Banco do Povo da China também fez ajustes em seu programa de empréstimos, dizendo que os requisitos de garantia para empréstimos de médio prazo serão reduzidos a partir de julho.
Analistas disseram que isso significa que os bancos precisarão manter menos títulos de longo prazo para necessidades de garantia e poderão vender ou negociar mais, ajudando o banco central em sua missão de colocar um piso sob os rendimentos de longo prazo, controlar uma bolha de títulos e obter uma curva de rendimento mais acentuada.