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Pais e filhos unidos também na jornada empresarial

Até hoje meu pai participa de toda a operação. Ele fica mais no financeiro, enquanto eu fico na parte de atendimentos, criação e eventos

por Agência Sebrae
3 min leitura
Wanderson e seu Pai

Os pais costumam exercer grande influência na escolha profissional dos filhos. No ramo dos negócios, não é diferente. De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas têm perfil familiar no país.

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Muitos empreendedores seguem os passos do pai, herdando a empresa da família ou aprendendo o ofício desde cedo. Mas há também o inverso: quem se inspira na trajetória dos filhos para inovar no mercado.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Dia dos Pais é a quarta data comemorativa mais importante em movimentação financeira do calendário do varejo brasileiro.

Ainda segundo a CNC, o volume de vendas para a data neste ano deverá alcançar R$ 7,7 bilhões. Se confirmada, a projeção é 4,7% maior do que o mesmo período em 2023. Por ocasião dessa data comemorativa, a Agência Sebrae de Notícias conta histórias de empresas marcadas pela ligação entre pais e filhos.

Tradição com uma pitada de modernidade

Wanderson Medereiros é a quarta geração de produtores de carne de sol. A arte de açougueiro começou em 1889, no interior da Paraíba, com o bisavô. Ele matava o boi, preparava a carne de sol e vendia na casa dos clientes.

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Um século depois, o ofício passou para o pai, que abriu o restaurante Picuí, em Maceió. Quando Wanderson completou 19 anos e entrou na faculdade de administração, chegou a vez de assumir o comando do restaurante.

Ele conta que modernizou a estrutura do negócio, mas sem perder a tradição. “Quando meu pai me entregou o restaurante, eu comecei a fazer algumas mudanças para melhor: mudei uniforme dos funcionários, a louça que usávamos, coloquei toalhas mais bonitas, dei um upgrade no restaurante. Depois, com o tempo, comecei a cozinhar, colocar novas receitas no cardápio. Hoje o restaurante está com uma cara mais atual, mas não perdeu a essência, continua servindo a comida regional”, conta.

Outro braço do Picuí é a produção de eventos, em especial casamentos. O bufê do restaurante é responsável por 90% dos casamentos que ocorrem em São Miguel dos Milagres, município alagoano famoso pelas belezas naturais.

O plano futuro, segundo Wanderson, é que a marca se estabilize cada vez mais no setor de eventos. “Alagoas se transformou em um destino muito procurado por noivos de fora que querem se casar na praia.

Temos um bufê que serve comidas regionais, mas de uma maneira mais sofisticada”, argumenta.

Por mais que o pai de Wanderson já tenha passado o bastão, ele conta que a parceria entre pai e filho continua firme e forte.

Até hoje meu pai participa de toda a operação. Ele fica mais no financeiro, enquanto eu fico na parte de atendimentos, criação e eventos. Todos os dias ele é quem abre e fecha o restaurante, de domingo a domingo, diz Wanderson Medereiros, empreendedor.

Empresa que nasceu com Brasília mira o comércio on-line

Ainda bem pequeno, Bernardo Rodrigues se divertia nos corredores repletos de cores, confetes, doces e balões da Festiva, loja tradicional de artigos para festas em Brasília.

Criada pelos bisavôs de Bernardo, a Festiva nasceu junto com o início da capital, por volta de 1964. A loja começou como uma venda pequena de garagem e depois se expandiu. Desde então, ela se consolidou como uma marca de renome no ramo, sendo passada entre as gerações paternas da família.

“O meu contato começou quando eu era criança e tinha o costume de ir para a loja brincar. Depois, mais velho, aproveitava as férias da escola e vinha aqui para trabalhar na loja. Após me formar na faculdade de Administração, estou 100% na Festiva”, conta Bernardo.

Atualmente, a gestão da empresa se divide entre o avô e o pai dele. Mas Bernardo e o irmão ajudam a tocar a loja. “Ficamos todos juntos e misturados”, brinca.

Minhas referências paternas tiveram uma grande influência na minha escolha profissional. Somos de família pequena, de parte de pai, então sempre tivemos muito contato.

E ao longo do tempo, à medida que fomos crescemos, fomos para o lado empresarial. Mas foi um processo natural, por liberdade de escolha, nada imposto, diz Bernardo Rodrigues, empreendedor.

Segundo Bernardo, algumas mudanças estão sendo implementadas aos poucos com o objetivo de modernizar a empresa, mas sem modificar as características que a definem. “Se a loja está viva e saudável há 60 anos tem um motivo.

Estamos tentando aos poucos mudar algumas coisas da empresa, construir novas metas, passar para uma venda on-line, mudar o sistema e a parte mais tecnológica. Estamos ajeitando a casa para pensar em expandir para novos canais”, ressalta o jovem empreendedor.

Unidos no combate ao preconceito

A relação entre pai e filho também pode dar origem a uma ideia nova. A motivação de Deejair de Sousa para criar uma marca de roupas voltada ao público LGBTQIA+ ganhou forma após o filho sofrer preconceito pela orientação sexual.

Ele ressalta que aprendeu com o filho que o diálogo é a melhor maneira para alcançar mudanças na sociedade.

Como eu sempre o acompanhei, não foi nenhuma novidade a sexualidade dele e isso não mudou nada entre a gente, continuou sendo meu filho. Eu não me importo com quem ele está amando, mas o que ele está fazendo, diz Deejair de Sousa, empreendedor.

A Empatia Modas surgiu como uma marca de roupas fitness voltada para a comunidade LGBTQIA+.

Deejair percebeu que grande parte dos frequentadores da academia onde malhava pertencia a esse grupo e não contava com uma marca que os representassem. “Vendemos várias peças em poucos dias, porque estava perto da parada LGBTQIA+ em Fortaleza. Depois desse evento, começamos a ver pessoas usando as roupas para passear no shopping, na beira-mar e em barzinhos”, lembra.

Hoje, a Empatia tem duas lojas físicas em shoppings da cidade, uma loja móvel dentro de um trailer para eventos, além de um site próprio que faz entregas em todo o país. Para Deejair, o negócio é mais do que uma marca, é uma causa.

O objetivo é que a Empatia passe para o filho no futuro. “Nossas peças são acessíveis a fim de difundir não só a marca, mas também a causa que ela representa.

Nosso sonho é ter a marca espalhada por todo o Brasil, falando sobre empatia, da importância de se colocar no lugar do próximo e assim crescer, mas sem perder a essência. A minha ideia é que o meu filho fique com o negócio, pois isso é um legado para ele”.

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