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Mercado já aposta em alta da Selic pelo Banco Central; entenda

Na ata, o BC indicou que não hesitará em elevar a Selic para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado

por Reuters
3 min leitura
Sede do Banco Central, em Brasília

As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em alta firme, superior a 30 pontos-base em alguns vencimentos, com a percepção de que a ata do Copom adotou um tom mais duro ao tratar do combate à inflação e com o avanço dos rendimentos dos Treasuries, em um dia de alívio para os mercados globais após o estresse da véspera.

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Com o movimento, a curva de juros brasileira voltou a precificar chances majoritárias de que a taxa básica Selic, hoje em 10,50% ao ano, possa subir já em setembro.

No fim da tarde desta segunda-feira a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 que reflete a política monetária no curtíssimo prazo estava em 10,7%, ante 10,585% do ajuste anterior.

Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,535%, ante 11,227% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,675%, ante 11,439%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,84%, ante 11,795%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,84%, ante 11,808%.

A curva brasileira foi influenciada nesta terça-feira por dois fatores principais: a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada pela manhã, e a queda dos yields dos Treasuries.

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Na ata, o BC indicou que não hesitará em elevar a Selic para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado.

“O Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”, registrou o documento.

A mensagem foi considerada por parte do mercado como hawkish (dura) com a inflação, com os patamares mais elevados do dólar ante o real servindo de justificativa para o aumento recente da precificação de alta da Selic.

“A ata, nas entrelinhas, sugere um aperto, uma leitura um pouco mais hawkish. Não é nada tão explícito, mas transpareceu ser mais conservadora mesmo. Aí bateu na curva”, comentou Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos e chefe de economia e finanças da ESPM.

Com isso, a taxa do DI para janeiro de 2025 de curtíssimo prazo subiu 11 pontos-base já no início da sessão, precificando chances maiores de o Copom subir a Selic ainda em 2024.

A curva brasileira também era influenciada pelo exterior, onde os yields dos Treasuries subiam após terem atingido os menores níveis em mais de um ano na véspera.

Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília, Selic
Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília (Imagem: Flickt/ BCB)

Por trás do movimento desta terça-feira estava a percepção de que houve certo exagero na leitura de que os Estados Unidos estão entrando em recessão rapidamente.

Assim, enquanto o rendimento do Treasury de dez anos subia 11 pontos-base durante a tarde, a taxa do DI para janeiro de 2033 um dos mais líquidos na ponta longa — chegou a avançar 6 pontos-base.

“O DI curto está abrindo, com perspectiva de que possa ter aumento da Selic, e as pontas longas acompanham o exterior”, pontuou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava apenas 24% de probabilidade de manutenção da Selic em 10,50% ao ano em setembro, na próxima reunião do Copom.

A probabilidade de alta de 25 pontos-base era novamente majoritária, de 76%. Na segunda-feira os percentuais eram de 57% e 43%, respectivamente.

Apesar da precificação, profissionais ouvidos pela Reuters têm afirmado que o Copom tende a manter a Selic estável até o fim do ano, a menos que o cenário se deteriore ainda mais.

Um dos argumentos é o de que o Federal Reserve deve iniciar seu processo de corte de juros em setembro, podendo reduzir os juros em 50 pontos-base já na largada. Isso traria algum alívio para o câmbio no Brasil e, em paralelo, para as expectativas de inflação.

“O texto da ata sugere um risco relevante de o Comitê decidir por uma alta de juros já na próxima reunião. Diante do cenário internacional volátil, mantemos a projeção de Selic estável em 10,5% até o final de 2024, mas reconhecemos que aumentou a chance de a taxa de juros terminar o ano mais elevada”, avaliou o time de economia do C6 Bank, liderado pelo economista-chefe Felipe Salles, em nota enviada a clientes.

Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento subia 11 pontos-base, a 3,89%.

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