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Juros: IPCA eleva taxas de curtíssimo prazo, mas demais vértices recuam

Na semana, as taxas curtas e intermediárias subiram, refletindo sobretudo a mensagem da ata do Copom na terça-feira

por Estadão Conteúdo
3 min leitura
O IPCA subiu 0,23% em agosto, após alta de 0,12% em julho, resultado um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,28%

Os juros futuros fecharam a sexta-feira em queda, com exceção dos vencimentos de curtíssimo prazo, que subiram.

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A combinação entre apetite pelo risco no exterior, reação às declarações do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, e o IPCA de julho acima da mediana das estimativas definiu a dinâmica do mercado de juros nesta sexta-feira.

Na semana, as taxas curtas e intermediárias subiram, refletindo sobretudo a mensagem da ata do Copom na terça-feira, considerada “hawkish”, e as longas cederam.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,74%, de 10,68% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 cedia de 11,57% para 11,50%.

O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 11,50% (de 11,69%) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,56% (de 11,81%).

A surpresa negativa com o IPCA de julho e o rescaldo da repercussão das declarações de Gabriel Galípolo pesaram no início dos negócios, mas no decorrer da sessão o impacto foi suavizado pela melhora do câmbio e pelo fechamento da curva dos Treasuries.

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No fim do dia, o avanço se limitava aos contratos com vencimento em até seis meses, muito em função do IPCA.

A inflação de 0,38% em julho superou a mediana das estimativas coletadas na pesquisa Projeções Broadcast, de 0,35%. Além disso, em 12 meses o índice subiu 4,50%, batendo no teto da meta de inflação.

A leitura dos preços de abertura também foi desfavorável – só preços livres, puxados pela deflação de alimentos, arrefeceram na margem.

“As médias móveis de três meses da inflação dos núcleos, dos serviços e dos serviços subjacentes voltaram a subir e a alcançar níveis muito distantes da meta”, destacam os economistas da MCM.

Para eles, esse contexto deve elevar o desconforto do BC com o cenário para a inflação, “nitidamente registrado na ata do último Copom”.

Ontem, Galípolo foi assertivo ao afirmar a disposição dos diretores indicados pelo presidente Lula em subir juros se for necessário, buscando dissipar a ideia de que parte do colegiado poderia ser leniente com a desancoragem da inflação.

Ainda, deixou clara sua posição de que o balanço de riscos para a inflação está assimétrico para cima, algo que os documentos do Copom não trouxeram literalmente.

O diretor é o nome mais cotado para assumir a presidência do BC em 2025 após o encerramento do mandato de Roberto Campos Neto no fim de 2024. “Aparentemente, ele está conseguindo convencer o mercado de que se precisar o BC vai subir os juros”, afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.

As afirmações de Galípolo já haviam pesado sobre os DIs no fechamento da sessão de ontem e hoje contribuíram para um alívio na ponta longa, via ganho de credibilidade da política monetária, e da pressão sobre o câmbio, cuja taxa chegou a cair abaixo de R$ 5,50 pela manhã.

No fechamento, estava em R$ 5,5152. O recuo do dólar para níveis mais razoáveis é visto como fundamental para a convergência da inflação para as metas. “O câmbio virou a variável de ajuste do Copom”, afirma Borsoi.

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