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Queda das commodities: 6 lições para a gestão de risco eficaz

A queda acentuada nas commodities é um despertar duro para o agronegócio brasileiro, mas também uma oportunidade de aprendizado

por Enrico Manzi
3 min leitura
Soja

Vivemos tempos desafiadores no agronegócio, com a recente derrocada dos preços das commodities abalando os alicerces de muitas empresas rurais. No entanto, em meio à turbulência, surgem oportunidades de aprendizado e crescimento.

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Esta coluna visa explorar os ensinamentos cruciais sobre gestão de risco que emergem deste cenário volátil, destacando estratégias proativas para enfrentar futuras incertezas e garantir a sustentabilidade de nossos negócios.

A anatomia da queda

O ano de 2024 ficará marcado pelas quedas acentuadas nos preços de commodities como soja, milho e petróleo. A soja, desde seu pico em junho de 2022 (aproximadamente 1.790 cpb), apresentou uma correção de 800 cpb (U$297 por tonelada ou U$17,00/sc).

O milho, desde seu ápice em abril de 2022, corrigiu cerca de 430 cpb (U$169,68 ou U$10,18/sc). Somente no último ano (agosto de 2023 a agosto de 2024), a soja perdeu U$7,98/sc e o milho, U$2,98/sc, ou seja, perdas de aproximadamente 25% em valor.

O petróleo (crude oil), pai de todas as commodities, que tem grande correlação com os óleos vegetais, tinha sua cotação em 2022 próxima de 103 dólares por barril, em agosto passado por volta de 95 dólares, hoje tem sua cotação negociada em cerca de 77 dólares.

Fatores como o incremento consistente na produção global, a geopolítica cada vez mais volátil e a desaceleração das economias foram os principais responsáveis por pressionar os preços. Essa queda não apenas reduziu as margens de lucro dos produtores, mas também levantou questões pertinentes sobre a eficácia das práticas de gestão de risco atualmente empregadas.

6 Lições cruciais de gestão de risco

1 – Diversificação: A chave para a resiliência

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Diante desse cenário, é imprescindível lançar mão de estratégias de diversificação na comercialização, é impossível determinar uma única regra ou receita que funcione em 100% dos casos. Vender apenas em reais por saca, segurar toda produção para o
segundo semestre ou não proteger os custos de produção aumentam significativamente o risco de arruinar a rentabilidade do negócio.

A composição das vendas precisa ser feita de maneira mais estruturada, travando margens sobre os custos de produção, analisando cada componente do preço de forma individualizada e tendo políticas claras de posicionamento (Sim, quando e como vender fazem diferença). Lembrando que não vender é estar comprado no mercado adjacente e ter as consequências deste posicionamento.

2 – Instrumentos financeiros: Um seguro contra a volatilidade

O uso de contratos futuros, opções e outros instrumentos financeiros devem ser considerado um seguro contra a volatilidade e não uma aposta. Esses instrumentos permitem que os produtores fixem preços, protegendo-os contra movimentos
inesperados. Sua utilização deve fazer parte do dia a dia, sempre com cautela e conhecimento, trabalhando em prol da segurança da rentabilidade do negócio e não somente melhoria do preço atual do produto.

3 – Custo do capital: entendendo o impacto do tempo no dinheiro

Entender a dinâmica dos juros e do custo do capital no tempo é essencial para que a rentabilidade bruta se converta em sobra real de dinheiro no bolso do produtor. Em tempos de juros altos, deixar de vender e armazenar tem um custo alto, seja real ou de oportunidade.

4 – Tecnologia: Uma aliada na redução de incertezas

A adoção de tecnologia pode não apenas aumentar a eficiência, mas também melhorar a precisão das previsões e a tomada de decisões com as commodities. Ter os dados de custos, indicadores de produção e rentabilidade à vista facilita a tomada de decisão e aponta os melhores caminhos a seguir. A tecnologia é um investimento que oferece retorno ao reduzir incertezas.

5 – Educação contínua: A base para uma gestão de risco sólida

O conhecimento sobre as dinâmicas de gestão de risco está deixando de ser um diferencial e se tornando um ativo necessário para a sobrevivência do negócio. A falta de conhecimento técnico e a dificuldade em lidar com operações são barreiras que
precisam ser superadas por meio da capacitação contínua.

6 – Colaboração e apoio: Acelerando o aprendizado

Assim como um produtor já está acostumado a contar com a assessoria de um consultor técnico, passar a contar com ajuda especializada para gestão de risco e comercialização pode ser o caminho mais rápido para somar conhecimentos e acelerar resultados.

A capacitação do próprio gestor ou dono do negócio não é deixada de lado, ela acontece em paralelo, enquanto o negócio sente os benefícios imediatos de contar com experiência de profissionais de mercado. A troca de experiências e informações neste cenário pode ajudar a criar soluções mais robustas para os desafios enfrentados.

Conclusão

A queda acentuada nas commodities é um despertar duro para o agronegócio brasileiro, mas também uma oportunidade de aprendizado. Os ensinamentos retirados deste período desafiador podem guiar os produtores rurais para navegar não apenas
em tempos de preços baixos, mas também em cenários de abundância, garantindo preços e preservando margens.

A gestão de risco deve estar no cerne das operações do dia a dia, garantindo que o negócio agrícola possa enfrentar tempos incertos com resiliência e prontidão.

Neste momento de transformação, cabe a cada um de nós, produtores e profissionais do agronegócio, assimilar esses aprendizados e aplicá-los em nossas empresas, tornando-as mais resilientes e preparadas para enfrentar os desafios futuros

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