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Localiza despenca 12% após balanço “estranho”; entenda

Os números foram abalados por provisões para ajustes ao valor recuperável, depreciação adicional e efeitos da crise no RS

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Localiza

As ações da Localiza (RENT3) despencam mais de 12% nesta quarta-feira (14) após um resultado do segundo trimestre que não foi bem recebido pelo mercado.

Os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcelo Arazi, do BTG Pactual, chegaram a dizer que o balanço foi “estranho, fraco e altamente poluído”.

Os números foram abalados por provisões para ajustes ao valor recuperável, depreciação adicional e efeitos da crise no Rio Grande do Sul (que podem ser chamados de “impairment do valor da frota”).

Impairment é a redução no valor recuperável de um ativo, quando seu valor contábil excede o valor recuperável. Isso ocorre quando o ativo não gera mais os benefícios econômicos esperados, sendo necessário ajustar seu valor no balanço patrimonial, refletindo a perda de valor.

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A receita líquida foi de R$ 9 bilhões. alta de 32% e em linha com o esperado, enquanto o Ebitda esteve em R$ 2,4 bilhões, estável na passagem anual e 17% abaixo do estimado.

O BTG destaca que o Ebitda foi impactado em R$ 386 milhões, incluindo: R$ 112 milhões relacionados a um ajuste no valor recuperável da frota (incluindo carros de uso pesado e batidos) e impairment; R$ 171 milhões em ajustes ao valor recuperável dos carros disponíveis para venda; e R$ 103 milhões relacionados aos impactos na frota e na rede de serviços devido às enchentes do RS.

Ajustando esses efeitos, o Ebitda ajustado foi de R$ 2,8 bilhões, alta de 11%.

“Embora reconheçamos o esforço e o sucesso da empresa no aumento das tarifas de aluguel, vemos desenvolvimentos principalmente negativos neste trimestre”, destaca o analista Pedro Bruno, da XP Investimentos.

Ele cita as margens EBITDA de aluguel, que caíram significativamente na passagem trimestral em ambos os segmentos, apesar do desempenho positivo das vendas.

Por fim, o lucro líquido foi negativo em R$ 570 milhões, impactado pelos mesmos eventos que atingiram o Ebitda, além de depreciação adicional (comparada ao primeiro trimestre de 2024) no valor de R$ 1,4 bilhão.

“Tentando ajustar o lucro líquido por todos esses impactos, e usando uma alíquota de 34%, calculamos que o lucro líquido ajustado da Localiza foi de aproximadamente R$ 600 milhões (+43% ano a ano e 3% abaixo de nós). Esperamos que eles detalhem esses ajustes no evento público de quarta-feira”, ressaltam os analistas do BTG.

Depreciação

Do lado “positivo”, a Localiza forneceu uma visão mais clara sobre sua política de preço de venda e depreciação de carros novos.

Segundo a XP, ela tem 5 principais pontos:

1 – A redução no preço dos carros no segundo trimestre;

2 – Redução da vida útil dos veículos em RaC (Rent a Car), de 18 para 15 meses devido à renovação da frota;

3 – Maior disparidade entre os preços dos automóveis novos e usados ​​devido à nova dinâmica do mercado de automóveis novos e usados;

4 – Redução da expectativa de valor residual para ativos de uso intensivo; e

5 – A normalização das margens dos Seminovos. Como resultado, a empresa registrou um impairment de R$ 1,7 bilhão para compensar os efeitos pontuais da política revisada.

“Além disso, a Localiza forneceu guidance adicional para o perfil de depreciação dos veículos leves RaC e Fleet daqui para frente, esperando uma redução gradual após a adoção da nova política”, pontua Bruno.

E as ações da Localiza?

Com o impairment maior do que o esperado, o mercado pode não gostar disso, observa o BTG.

“Após discutir isso extensivamente com muitos investidores, acreditamos que o mercado ainda foi pego de surpresa pelo ajuste significativo da empresa no valor recuperável no segundo trimestre, especialmente em termos de sua magnitude (3,4% do limite de mercado e 3,5% do valor da frota)”, explicam Marquiori, Recchia e Arazi.

Para eles, essa surpresa irá causar uma reação negativa no curto prazo. Apear disso, empresa começou a fornecer informações sobre tendências futuras de depreciação, o que aborda uma preocupação significativa em relação às ações.

“Apesar da falta de confiança dos investidores na empresa nos últimos meses, achamos essa orientação valiosa. Apesar de antecipar uma reação negativa do mercado aos resultados ruins e altamente poluídos, compramos a trajetória de melhoria do spread do ROIC para sustentar nossa classificação de compra nas ações”, concluem. O preço-alvo foi mantido em R$ 78.

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