A elevação da recomendação das ações do IRB Brasil (IRBR3) para “compra” pelo BTG Pactual reflete a confiança renovada nos resultados financeiros da resseguradora, mesmo diante de desafios significativos como as inundações no Rio Grande do Sul.
A análise conduzida pelos analistas Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel destacou a resiliência do IRB e o potencial de valorização de suas ações, mostra um relatório enviado a clientes após o balanço do segundo trimestre nesta quarta-feira (14) à noite.
No início de março, o BTG Pactual já havia alterado a recomendação do IRB de “venda” para “neutro”. Naquela ocasião, os analistas afirmaram que estavam acompanhando mais de perto a empresa desde a nova gestão, liderada pelo CEO Marcos Falcão e pelo VP de Resseguros Daniel Castillo.
“Sempre gostamos e acreditamos no plano deles para a companhia,” afirmaram os analistas. No entanto, questões de valuation e a baixa visibilidade da ação ainda geravam incertezas.
Mesmo com a confiança crescente na gestão, a queda de 17% no preço das ações desde março, impulsionada pelos impactos das inundações no Rio Grande do Sul, trouxe novos desafios. O preço das ações caiu para R$ 32,6, gerando dúvidas sobre a recuperação da empresa. No entanto, os resultados do segundo trimestre de 2024 surpreenderam positivamente, dissipando parte das preocupações.
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A recomendação de compra das ações do IRB foi baseada na análise de que, embora ainda haja incertezas quanto a perdas adicionais decorrentes das inundações e à visibilidade do retorno sobre o patrimônio (ROE) sustentável, o valuation atual das ações é atrativo. “Com o IRB3 negociando a 0,6x o valor contábil mais recente, acreditamos que a assimetria está fortemente inclinada para o lado positivo,” explicaram Rosman, Paura e Buchpiguel.
Os analistas concluíram que, embora possa haver ajustes nas estimativas após a atualização dos números e um novo contato com a gestão, a recomendação de compra foi mantida. “Se esperarmos para obter todas as respostas, acreditamos que o valuation será diferente, e mais alto,” afirmaram os analistas, reforçando o otimismo em relação ao futuro da companhia.
Lucros, apesar das provisões
O IRB reportou um lucro líquido de R$ 65 milhões no segundo trimestre, mesmo com as provisões significativas decorrentes das inundações.
“Mesmo com os R$ 257 milhões (antes de impostos) em sinistros adicionais decorrentes da enchente, juntamente com R$ 107 milhões em provisões para sinistros futuros, o IRB ainda conseguiu reportar um lucro de R$ 65 milhões,” destacaram Rosman, Paura e Buchpiguel.
Os analistas do BTG Pactual ressaltaram que, embora o lucro tenha caído 18% em comparação ao trimestre anterior, houve um crescimento de mais de três vezes em relação ao período homólogo.
“Enquanto as perdas ainda podem aumentar, acreditamos que o segundo trimestre foi um evento de grande mitigação de riscos para a empresa,” afirmaram os analistas, justificando a elevação da recomendação para “compra”.
Os resultados do segundo trimestre mostraram que a estratégia de focar em áreas onde o IRB possui vantagens competitivas começou a dar frutos. Os prêmios emitidos, por exemplo, superaram as expectativas dos analistas, com um crescimento de 11% em relação ao trimestre anterior e 18% em relação ao ano anterior.
“A recuperação no Brasil foi fundamental para esses resultados positivos,” observaram os analistas.
Sinistralidade
O índice de sinistralidade, no entanto, foi pressionado pelas inundações no Rio Grande do Sul. As provisões para sinistros futuros e os sinistros reportados totalizaram R$ 150 milhões, impactando o índice combinado, que ficou em 107,4%. Apesar disso, os analistas do BTG Pactual mostraram-se otimistas em relação à recuperação contínua das receitas do IRB, especialmente no setor agrícola, que tem se mostrado sob controle.
Outro ponto destacado na análise foi o aumento dos custos de aquisição, impulsionado por um contrato específico de seguro de vida no Brasil que exigiu o adiantamento de comissões. Esse contrato, no entanto, foi encerrado em junho de 2024, e os analistas esperam uma normalização dos custos nos próximos trimestres.
“Embora o índice de comissões tenha aumentado 3 p.p. para 31%, o índice dos segmentos não vida aumentou ‘apenas’ 1 p.p. para 22%,” destacaram.
Os resultados financeiros superaram as estimativas do BTG Pactual em 12%, com um crescimento de 17% em relação ao trimestre anterior e 73% em relação ao ano anterior. Esse desempenho foi impulsionado por variações cambiais favoráveis e um aumento na base de ativos, embora parcialmente compensado pela redução na taxa Selic. “O IRB está bem provisionado para potenciais sinistros adicionais que possam surgir no segundo semestre,” ressaltaram os analistas.
Os analistas do BTG Pactual também destacaram o aumento na cobertura das reservas técnicas do IRB, que subiu para R$ 609 milhões no segundo trimestre, em comparação com R$ 370 milhões no primeiro trimestre. O superávit de capital regulatório do IRB, equivalente a um índice de solvência regulatória, aumentou novamente, atingindo 182%, garantindo capital suficiente para atender às exigências mínimas.
Veja o resultado do IRB