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Americanas a R$ 0,14: “Todo mundo quer se desfazer das ações”

Dia seguinte da divulgação de resultados coincidiu com o fim do lock-up inicial das ações que foram recebidas pelos credores

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Americanas

As ações ordinárias da Americanas (AMER3) atingiram mínima histórica de R$ 0,09 na manhã desta quinta-feira (15), acumulando uma desvalorização de mais de 99,25% desde que anunciou uma “inconsistência contábil” bilionária na noite de 11 de janeiro de 2023. A queda de hoje ocorre após o fim do bloqueio intermediário das novas ações resultantes da capitalização de créditos por credores na companhia. Os papeis terminaram o dia a R$ 0,14.

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O trader Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, afirma que “o cenário hoje é tomado por vendas pesadas no book (livro de ofertas), inclusive abaixo do preço de tela”.

Já o operador financeiro da Renascença, Luiz Roberto Monteiro, afirma que, devido a todo o imbróglio, os investidores tentam vender porque acham que vai ser muito difícil a empresa se recuperar. “Todo mundo quer se desfazer das ações”, comenta.

Visto como uma “infeliz coincidência” pela CFO da Americanas, Camille Faria, a baixa expressiva das ações neste pregão coincidiu com a divulgação do balanço de 2023 e do primeiro semestre do ano.

“O dia seguinte da divulgação de resultados coincidiu com o dia que acaba o lock-up (impedimento de venda) inicial das ações que foram recebidas pelos credores”, disse.

Segundo a executiva, antes, a companhia tinha cerca de 904 milhões de ações, com 70% sendo negociadas no mercado, o que gerava 630 milhões de ações em circulação.

Já com a emissão de 9 bilhões de ações para credores, com cerca de 70% fora do lock-up, “passamos de 630 milhões de ações passíveis de negociação no mercado para quase 7 bilhões”, diz Faria.

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O último grande tombo que a companhia havia sofrido foi de -76,25% (R$ 2,85), no dia seguinte após o anúncio do escândalo contábil. Na ocasião, o valor de mercado da varejista era de R$ 10,8 bilhões. A empresa seguiu em desvalorização desde então e hoje passou a valer R$ 2,7 bilhões, considerando o atual número total de papéis (19.718.450.603) e a cotação de R$ 0,14, registrada às 15h20.

Minoritários da Americanas

“Quem adquiriu o papel até janeiro de 2023 – data da revelação das fraudes – o fez por um preço próximo ou superior a R$ 19. No entanto, o valor efetivo do ativo, depuradas as distorções contábeis, talvez fosse o da atual cotação”, destaca Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa, entidade que defende os investidores minoritários e ingressou com arbitragens contra a companhia e seus controladores.

Segundo ele, essa diferença entre o preço pago – erroneamente – e o preço efetivo do ativo é que deve ser cobrada pelos investidores.

Silva explica que os minoritários são atingidos por camadas de prejuízos: primeiro, com a fraude sistêmica em si mesma; depois, com seus efeitos direitos como a perda de credibilidade da companhia e a queda das vendas; enfim, com a diluição dos seus ativos, uma vez que os controladores, ao invés de assumirem as responsabilidades, preferiram realizar empréstimos que consolidaram seu domínio sobre a companhia.

“Há uma evidente falha informacional ao mercado que, em si mesma, gera outras distorções e mais prejuízos aos investidores”, afirma Silva.

Aumento de capital bilionário

A CFO resumiu a movimentação como uma pressão vendedora importante de credores. “Não estou falando necessariamente dos bancos, mas credores das mais diversas naturezas, que não necessariamente são investidores de longo prazo do mercado de capitais”, afirma.

Já em relação aos balanços, a companhia apresentou prejuízo de R$ 2,272 bilhões no ano passado, 82,8% menor em relação a 2022 (considerando os números reapresentados após a descoberta da fraude de resultados da companhia). No primeiro semestre deste ano, o prejuízo foi de R$ 1,4 bilhão, 55,9% menor ante igual intervalo de 2023.

Segundo a companhia, o resultado de 2023 foi negativamente marcado pelo impacto operacional da crise financeira e da redução de receitas, com custos adicionais da investigação e da recuperação judicial, parcialmente compensados por impactos tributários.

“A homologação do plano de recuperação judicial e a sua execução abre caminho à expectativa da companhia para gerar lucro tributável em 2024 o que possibilitou o reconhecimento de impostos diferidos no valor de R$ 4,8 bilhões no quarto trimestre de 2023”, informou.

Além disso, a varejista destaca que a queda do prejuízo vista na primeira metade de 2024 “da continuidade dos impactos positivos iniciais da nova estratégia de negócios e esforços de transformação da Administração da companhia”.

No ano passado, o Ebitda fechou negativo em R$ 2,804 bilhões, 56,9% melhor do que em 2022. Já neste primeiro semestre, o número fechou positivo em R$ 1,34 bilhão, revertendo negativo de R$ 1,185 bilhão do mesmo período de 2023.

Já a receita líquida de 2023 foi de R$ 14,942 bilhões, 42% menor do que o registrado em 2022. De janeiro a junho deste ano, porém, o indicador ficou em R$ 6,849 bilhões, queda de 2,6% sobre o período correspondente do ano passado.

A dívida líquida da Americanas terminou 2023 em R$ 33,456 bilhões, alta de 20,8% sobre 2022. Já no primeiro semestre de 2024, ficou em R$ 38,879 bilhões, acréscimo de 16% sobre o montante do fim do ano passado.

A empresa afirma que a captação do financiamento extraconcursal na modalidade “debtor-in-possession” (Financiamento DIP) pelos acionistas de referência (R$ 1 bilhão em 2023 e mais R$ 3,5 bilhões em 2024) aumentaram o saldo da linha de Debêntures de Curto Prazo, que também aumentou em função das provisões de juros dessas e das demais debêntures emitidas pela Americanas em anos anteriores.

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