Começa hoje e vai até quinta-feira a Convenção Nacional Democrata. Aquele momento em que os milhares de delegados do partido, de todos os estados americanos, indicam os candidatos a presidente e a vice, e eles aceitam concorrer. Aí, aparecem os caciques todos. Discursam, desfilam, tiram selfies. Uns se emocionam. Outros riem.
Um mês atrás, os democratas caminhavam cabisbaixos para esta semana de convenção em Chicago, mas eis que o Biden desistiu e a Kamala assumiu a campanha e ainda escolheu Walz, o amigão. Ela bombou nas pesquisas desde então, ultrapassou o Trump. Agora chegam todos felizes e contentes e mais unidos que arroz japonês. Só que não.
Vai ter muito manifestante pró-palestina, todos democratas, (e a expectativa é que sejam muitos, mas muitos mesmo) na porta da convenção, cobrando uma posição mais firme de Kamala na questão da guerra entre Israel e Hamas. Eles querem mais do que declarações firmes de cessar fogo. Querem que Kamala se comprometa a embargar envio de armas para Israel. (E os porta-vozes dela já disseram que ela não vai fazer isso.)
É treta monstra, darling. Esse assunto Israel x Hamas é barril de pólvora. Experimenta falar do assunto em qualquer mesa que você vai descobrir na hora o tamanho do problema.
Será que eles vão dividir o partido? Vão tirar votos de Kamala?
Impeachment
Tirando esse probleminha dos manifestantes, os republicanos já viram que a convenção da Kamala promete ser um sucesso. Fazia tempo que os democratas não estavam assim tão unidos em torno de um candidato. Quase uma repetição da seção de coroamento que os republicanos promoveram com Trump, naquele tempo em que Biden ainda era candidato.
Vendo tudo isso, o que fizeram os republicanos? Divulgaram hoje, hoje mesmo, darling, (há nem uma hora desde que comecei a escrever esta carta), um documento de 291 páginas pedindo o impeachment de Biden. Tixa do céu! O que aconteceu? O filho do Biden aconteceu.
Por dentro da treta
Hunter Biden tinha uns clientes na Ucrânia e parece que na Romênia. Ele era tipo um consultor e na empresa de gás da Ucrânia, era até mesmo conselheiro. Na semana passada, portanto já com seu pai Joe Biden fora da candidatura, o New York Times revelou que Hunter mandou uma cartinha para o embaixador americano na Itália para pedir uma ajudinha. Ele queria que o embaixador ajudasse em um encontro entre o governador da região da Toscana e representantes da empresa de gás Burisma, da Ucrânia. Vai vendo, BRASEW.
Por que veio à tona
Os documentos foram revelados pelo próprio governo Biden, em uma espécie de pedido de lei de acesso à informação que o Times requisitou. Mas a informação só chegou depois que o jornal recorreu várias vezes. Enfim, treta.
Sem contar que Hunter vai ser julgado no mês que vem por sonegação fiscal por conta de milhões que recebeu de fontes estrangeiras e não pagou imposto. Depois ninguém sabe porque o Biden desistiu, Tixa. Não me comprometa, darling.
Cola?
O fato é que os Republicanos querem tirar a atenção da convenção da Kamala e lançaram essa do impeachment. Mas a imprensa não está exatamente dando manchetes.
O que diz o relatório
O relatório dize que o presidente deveria ser acusado por abuso de poder e obstrução. Mas a imprensa americana diz que o documento não traz nenhuma prova de que Biden se envolveu em qualquer corrupção para beneficiar os parceiros de negócios dos familiares. E mesmo os republicanos dizem que não tem nenhuma evidência direta.
Enfim, historinha conhecida. E o impeachment, se prosperar dessa forma relâmpago na Câmara, será derrubado no Senado, que tem maioria democrata. Mas eles querem roubar a pauta. E também fizeram questão de escrever no relatório que tudo aconteceu na gestão Biden-Harris, para tentar colar também na Kamala. (Não seja perdido, darling, Harris é o sobrenome da Kamala.)
DemPalooza
Os democratas querem festa. O Biden vai abrir a convenção, afinal ele é o presidente. Mas durante a semana vai ter Obama, Clinton e promessas de discursos de Michelle Obama e presenças cantantes como John Legend, Taylor Swift, Beyoncé. Sim, eles querem impressionar. E ainda vão fazer um DemPalooza para quem não pode entrar na convenção, cheio de oficinas e sei lá mais o quê. A convenção promete bombar.
Enquanto isso, nas pesquisas
Os especialistas em eleição americana dizem que a convenção é importante porque dá gás nas pesquisas para o candidato. Trump chegou coroado na convenção dele, depois de sofrer a tentativa de assassinato. Mas no fim de semana seguinte, Biden tirou os holofotes do Trump ao desistir da corrida.
Kamala chega na convenção bombando nas pesquisas. Na nova rodada divulgada no fim de semana pela ABC News, ela abriu 4 pontos contra o Trump. Mas também teve pesquisa NY Times/Siena College mostrando que Kamala está abrindo caminho nos estados do Cinturão do Sol (Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada). As pesquisas sinalizam que Kamala já nem precisa mais ganhar o Cinturão da Ferrugem (Michigan, Pensilvânia e Wisconsin) se ganhar o do Sol. Todos esses estados são os famosos campos de batalha, que decidem a eleição.
Na Georgia, Kamala reduziu para 4 pontos a diferença com o Trump (já foi de 9 pontos). Esse é aquele estado que tem o governador republicano de nome Kemp, que o Trump foi lá fazer comício e esculhambou o cara. E o governador é pop na Georgia.
De olhos nas pesquisas
KAMALA SOBE AINDA MAIS. Aqui nesse cantinho a gente mostra um agregado de pesquisas que reflete qual a média para um candidato e outro. Pela média calculada pelo RealClearPolitics, Kamala está 1,4 ponto à frente do Trump (era 1, na semana passada). Na média do New York Times, com base no projeto FiveThirtyEight da ABC, Kamala está com dois pontos à frente de Trump.
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