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Dólar tem leve alta, com política monetária no Brasil e nos EUA no radar

Houve certo desconforto na semana passada com o que analistas classificaram como tom dissonante de integrantes do Copom

por Estadão Conteúdo
3 min leitura
Dólar

Após alternar sinais ao longo da tarde, dólar (USDBRL) à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 26, em leve alta no mercado doméstico.

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Segundo operadores, após as oscilações abruptas nos dois últimos pregões da semana passada avanço de 1,98% na quinta-feira, 22, e baixa de 1,99% na sexta-feira, 23 -, investidores tomaram uma postura mais cautelosa à espera de novos sinais sobre a calibragem da política monetária aqui e nos Estados Unidos.

A formação da taxa de câmbio se deu entre forças opostas. De um lado, o sinal predominante de alta da moeda americana no exterior, em correção após o mergulho no fim da semana passada, e o aumento da tensão geopolítica no Oriente Médio jogavam o dólar para cima.

De outro, a valorização firme de commodities, em especial do minério de ferro e do petróleo, e relatos de entrada de capital estrangeiro para a bolsa davam força ao real.

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Com máxima a R$ 5,5130 e mínima a R$ 5,4735, o dólar à vista fechou a R$ 5,4928, em alta de 0,24%. No mês, a moeda acumula desvalorização de 2,87%, o que faz do real a segunda melhor divisa latino-americana no período, atrás apenas do peso chileno.

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No exterior, o índice DXY – termômetro do comportamento do dólar em relação a um cesta de seis divisas fortes – trabalhou em leve alta ao longo do dia e operava ao redor dos 100,900 pontos no fim da tarde.

O dólar também subiu na comparação com a maioria das divisas e de países exportadores. As cotações do petróleo superam mais de 3%, com interrupção de produção na Líbia e o confronto entre Israel e o grupo terrorista Hezbollah, no Líbano.

Já incorporado aos preços o início de um processo de corte de juros nos EUA em setembro, após a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira, os investidores agora aguardam os próximos indicadores para refinar as apostas sobre a magnitude da redução em setembro e o alívio monetário total.

Pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA informou que as encomendas de bens duráveis subiram 9,9% em julho, acima da expectativa de analistas (5%).

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o comportamento do dólar no exterior sugere “um pouco mais de aversão de risco”, o que pode refletir o aumento da tensão geopolítica.

Há também a expectativa pela agenda pesada da semana, com divulgação da segunda leitura do PIB americano, na quinta-feira, 29, e do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), na sexta-feira, 30. Por aqui, na terça, 27, sai o IPCA-15 de agosto.

“O mercado parece receoso em tomar uma posição mais significativa, porque o noticiário econômico tende a trazer muita volatilidade”, afirma Borsoi, que vê o fato de o real não ter uma depreciação forte hoje a questões técnicas do mercado de câmbio.

“Tivemos uma piora na comunicação do Banco Central, o que prejudicou o real na semana passada. Parece que hoje é um dia de ajuste, com algum fluxo para a bolsa dando certo apoio ao câmbio”.

Pela manhã, em evento em Teresina (PI), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, minimizou eventuais divergências dentro do Comitê de Política Monetária (Copom), que classificou de “granulares”.

Galípolo lembrou que o País passa pela primeira experiência de ter um BC autônomo e que “a melhor coisa que pode acontecer com a autonomia” é que “decisões estratégicas” sejam tomadas de forma colegiada. Ele ressaltou que o BC adotou uma postura “dependente dos dados”.

Houve certo desconforto na semana passada com o que analistas classificaram como tom dissonante de integrantes do Copom.

Enquanto Galípolo teria adotado um discurso duro, com sinalização de alta iminente da taxa Selic, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, teriam optado por fala mais amena, evitando ratificar as expectativas do mercado.

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Para o Rabobank, o real tende a se apreciar com um início de corte de juros pelo Fed em setembro e a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano.

O banco holandês projeta taxa de câmbio em R$ 5,20 no fim de 2024 e em R$ 5,18 em dezembro de 2025. O Rabobank ressalva, contudo, que “o lento ajuste das contas públicas nacionais mantém a pressão de incertezas fiscais sobre o real”.

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