A escolha de Guilherme Pimenta para o cargo de CEO da Vale (VALE3) foi vista de forma positiva pelo mercado e “deve refletir ventos favoráveis para as ações, afastando de vez a perspectiva de conectar o governo ao cargo de CEO”, avalia a Genial Investimentos em um relatório enviado a clientes nesta terça-feira (27).
O executivo, que era o diretor financeiro (CFO), traz mais de 20 anos de experiência e substitui Eduardo Bartolomeo. “Um pouco mais de Pimenta não faz mal…”, dizem Igor Guedes, Iago Souza e Rafael Chamadoira.
Uma prova de que o governo foi demovido da escolha está na reação de Lula ao anúncio. Na avaliação dele, a companhia se compara a um “cachorro com muito dono: ou morre de fome ou morre de sede”.
“A Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente, a gente sabia quem era. Hoje, nessa discussão que a gente está, de fazer um acordo para receber o dinheiro de Mariana, o dinheiro que prometeram para o povo, você não tem dono. Uma tal de corporate que não tem dono, é um monte de gente com 2%, monte de gente com 3%”, disse, em visita ao Centro de Operações Espaciais Principal (COPE-P) da Telebras nesta terça-feira, 27.
A escolha de Pimenta ocorreu após um processo de seleção prolongado e envolveu uma lista tríplice recomendada pela consultoria Russell Reynolds. Segundo os analistas, a indicação de Pimenta foi “unânime pelo Conselho de Administração”, e o nome dele é visto como uma “blindagem a pressões externas do ponto de vista político”, o que deve trazer maior estabilidade à companhia.
Perspectivas para as ações
Os analistas observam que a troca de CEO era um dos “overhangs” que vinham impactando negativamente o desempenho das ações da Vale ao longo do ano, contribuindo para a queda de aproximadamente 25% no acumulado do ano. Além das incertezas quanto à sucessão de Bartolomeo, o cenário de indefinição sobre o acordo de Mariana (MG) e os reajustes no valor de outorgas das ferrovias EFVM e EFC também pesaram sobre o desempenho das ações.
A nomeação de Pimenta, que já ocupava o cargo de CFO na Vale desde 2021, é vista como um movimento que traz continuidade e familiaridade para a gestão da empresa. Os analistas destacam que “Pimenta já conhece os ativos da Vale e os projetos de expansão em curso”, o que inclui iniciativas importantes como Capanema, MegaHubs e Vargem Grande. Esse conhecimento prévio deve facilitar a transição e garantir que a companhia continue a seguir seu plano estratégico.
A análise da Genial Investimentos também menciona as pressões políticas enfrentadas pela Vale durante o processo de sucessão. Segundo os analistas, o governo tentou articular a viabilidade de nomes alinhados aos interesses da gestão Lula, mas a escolha de Pimenta “afasta de vez a perspectiva de conectar o governo ao cargo de CEO”, o que é visto como um alívio para os investidores.
Apesar da nomeação de Pimenta, ainda há questões em aberto, como a escolha do novo CFO que substituirá Pimenta em suas funções atuais. “Isso não ficou claro no comunicado oficial”, observam os analistas, mas eles continuam a ver a nomeação como um passo positivo para a Vale