Em baixa nas duas últimas sessões, após ter obtido anteontem o primeiro fechamento na inédita casa dos 137 mil pontos, o Ibovespa (IBOV) conseguiu encerrar a semana com leve ganho de 0,29% ante a sexta-feira passada, e com avanço de 6,54% em agosto – no que foi o seu melhor desempenho mensal desde novembro de 2023, então em alta de 12,54%.
Nesta sexta-feira, o índice da B3 oscilou dos 134.910,48 aos 136.138,94 pontos, saindo de abertura aos 136.041,35 pontos. E fechou o dia quase estável, em baixa de 0,03%, aos 136.004,01 pontos, com giro muito reforçado, a R$ 45,8 bilhões, no encerramento – um volume difícil de ver fora dos dias de vencimento de opções sobre o índice. No ano, o Ibovespa avança 1,36%, em recuperação iniciada em junho e estendida aos dois meses seguintes.
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Na B3, esta última sessão do mês foi pautada por relativa cautela, com poucos papéis de maior liquidez se descolando do sinal negativo na maior parte do dia. No ajuste de fechamento, contudo, Vale (VALE3) passou de leve perda a ganho de 0,47%, acompanhada também por Petrobras (PETR4) (+0,10%), em sinal unificado também em Bradesco (BBDC3) no encerramento, com a ON do banco em alta de 0,28% e a PN (BBDC4), pouco acima da estabilidade (+0,06%). Com este alinhamento final, especialmente de Vale e Petrobras, o Ibovespa, que cedia em torno de 0,4% na maior parte da tarde, fechou o dia praticamente estável, auferindo leve ganho na semana.
Destaque para a ação de B3 (B3SA3) na sessão, em alta de 1,12% no fechamento. Petrobras ON encerrou o dia com ganho de 0,37%. Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta sexta-feira, CPFL (CPFE3) (+3,74%), Dexco (DEXP3) (+3,01%) e Engie (EGIE3) (+2,31%). No lado oposto, Petz (PETZ3) (-5,81%), Magazine Luiza (MGLU3) (-5,66%) e Azzas (AZZA3) (-3,39%).
Havia o temor no mercado de que nesta sexta-feira, 30, um grande volume de recursos pudesse deixar o País – com algumas casas estimando em cerca de US$ 1 bilhão o fluxo de saída -, em razão do rebalanceamento do EWZ (EWZ), o ETF do Brasil no índice MSCI.
Dólar
Nesse contexto, o desempenho levemente positivo na semana foi selado nesta sexta-feira, marcada por forte pressão no câmbio – hoje em alta de 0,21%, a R$ 5,6350, apesar de dois leilões de oferta da moeda pelo BC – e também nos vencimentos médios e longos da curva de juros doméstica. No momento, os investidores ainda tomam o pulso da atividade econômica e, em especial, dos próximos ajustes esperados para a taxa de juros, no Brasil e nos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, no Brasil, a curva de juros futuros apresentou abertura em praticamente todos os vértices, com exceção de 2025, aponta Inácio Alves, analista da Melver, destacando forte ajuste em vencimentos mais longos, como os de janeiro de 2031 e de 2035 – em momento no qual o mercado parece se preparar para um diferencial maior de juros entre o País e os Estados Unidos, o que contribui para a atração de recursos externos.
No encerramento de julho, o índice da B3, em dólar, estava em 22.572,06, um pouco acima do nível do mês anterior, e ainda muito descontado. Em julho, o dólar havia seguido em alta frente ao real, acumulando ganho de 1,20% no mês – e na última sessão de julho, a moeda americana subiu 0,68%, a R$ 5,6553, ao nível semelhante ao de hoje, no encerramento de agosto. Nesta sexta-feira, com o dólar de volta à casa de R$ 5,63, o Ibovespa, na moeda americana, marcava 24.135,58, refletindo a queda de 0,36% acumulada pela referência monetária no mês e o avanço de mais de 6% para o índice da Bolsa brasileira.
Selic
Há incerteza, ainda, sobre se a Selic será mantida em 10,50% ao ano ou elevada, enquanto, para os EUA, a expectativa é de que o Federal Reserve corte os juros – embora pairem dúvidas sobre o grau e o ritmo de ajuste na taxa de referência.
“A expectativa por corte nos juros americanos trouxe capital estrangeiro para os mercados emergentes, dando suporte à alta do Ibovespa em agosto”, resume Gustavo Ferraz, especialista em investimentos na WIT Invest, destacando também a relativa melhora da percepção de risco sobre a situação fiscal doméstica – uma questão com muitos capítulos à frente, a serem conferidos.
Assim, enquanto se espera por política fiscal ainda expansiva nos Estados Unidos em 2025 – seja com Kamala Harris ou Donald Trump -, e também por possível escalada tarifária e protecionista, em particular com a China, por aqui o mercado segue atento aos sinais sobre as contas públicas, em semana na qual recebeu bem a confirmação de Gabriel Galípolo como sucessor de Roberto Campos Neto no comando do BC, no início do próximo ano.
A expectativa se volta agora para o PLOA 2025, o projeto de lei orçamentária para o ano, com prazo de entrega nesta sexta-feira, e que deve ser detalhado pelo governo em coletiva na próxima segunda, dia 2.
Ibovespa na próxima semana
Nesse ambiente, o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira mostra um ajuste no otimismo do mercado sobre o desempenho das ações na próxima semana. Embora a estimativa de alta para o Ibovespa, que renovou máxima histórica nesta semana, tenha subido de 44,44% para 50,00%, a previsão de queda avançou ainda mais, de 11,11% no último levantamento para 25,00%. A expectativa de estabilidade caiu, de 44,44% para 25,00%.
Em evento nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que agências de classificação de risco vão aumentar ou, no mínimo, manter a nota do Brasil, diante do trabalho da Pasta e apesar de os jornais, no seu entendimento, só afirmarem que “está tudo errado”. As agências virão ao Brasil a partir de setembro.
“Eles os jornais não estão prestando atenção nos ganhos institucionais que o Brasil teve nesse um ano e meio, do ponto de vista de uma maior harmonia”, disse Haddad, em evento da Associação Brasileira de Franchising, em São Paulo.
O ministro disse também que o resultado do IPCA-15 de agosto, em alta de 0,19%, demonstra que a pressão inflacionária não é tão grande quanto se diz no Brasil. E que o governo pode entregar déficit primário dentro da banda de tolerância da meta, este ano, caso o Congresso aprove as medidas para compensar a desoneração da folha de pagamentos. Ele observou que a economia brasileira está crescendo perto de 3% e vai manter o ritmo, mesmo que, pouco tempo atrás, a maioria dos economistas tenha considerado que o crescimento potencial estaria próximo de 1,5%.