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O Carnaval no Brasil, a China e a crise

por Ricardo Pereira
3 min leitura

O Carnaval no Brasil, a China e a criseFicou para trás o Carnaval de 2009. Quem teve a oportunidade de acompanhar um pouco a festa de Momo teve a oportunidade de notar os reflexos da crise nos desfiles das escolas de samba do Rio e de São Paulo. O luxo não foi tão nítido como nos últimos anos e mesmo os ingressos tiveram suas vendas realizadas com certa dificuldade. Mas, enquanto o Brasil parava para comemorar, o mundo continuava dando mostras de que a crise continuará forte nos próximos meses.

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O que de fato mais me preocupa são os dados apresentados pela economia chinesa, última esperança do mundo (e do Brasil) em sofrer menos os reflexos da crise. O governo chinês injetará uma montanha de dinheiro[bb] na economia tentando promover o crescimento e principalmente a criação de mais empregos.

Nos Estados Unidos, fica claro que o Governo Obama terá um mar de espinhos pela frente para aprovar medidas financeiras que não são consensuais – nem mesmo dentro do seu próprio partido. Que os EUA vivem e viverão tempos difíceis em 2009 (e quem sabe 2010), todo mundo sabe. Mas e a China?

O “PAC chinês” (referência ao Plano de Aceleração do Crescimento) terá ao todo US$ 586 bilhões investidos (boa parte em infra estrutura). Veja tabela a baixo:

PAC Chinês - Tabela

Por que a preocupação com a China?
A tabela mostra números expressivos e que revelam o tamanho de uma economia que, ao que tudo indica, crescerá entre 6,5% e 8% em 2009. Hoje a China é nosso segundo maior parceiro comercial, atrás apenas dos EUA. Entretanto, a partir do segundo semestre começamos a sentir o peso da recessão e alguns setores começaram a ter seus pedidos cancelados ou diminuídos.

O caso mais nítido dessa nova disposição mundial foi expressa nas incertezas sobre o mercado[bb] de commodities, nosso carro chefe comercial com a China. A China compra muita matéria prima no Brasil, posteriormente usada na fabricação de seus produtos – que então são vendidos para os EUA, Europa e Japão.

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Logo, se Japão, EUA e Europa não compram da China, a China não busca a matéria prima no Brasil, que dessa forma é atingido pela crise, gerando inúmeros problemas (entre eles menor crescimento, demissões em massa e etc.). Pior, o que se espera é o aumento da agressividade dos produtos chineses no mundo inteiro, o que explica algumas medidas protecionistas surgidas em muitos países.

Com o desemprego batendo a porta aqui e acolá, algumas verdades ficam  claras:

  • No mundo atual, não existe problema do vizinho. Todos estamos miseravelmente envolvidos em tudo. O que acontece na China influencia, e muito, as aventuras em nosso quintal; e vice-versa;
  • Algumas idiotices estão ficando óbvias. A mais clara delas é a pornográfica taxa de juros reais aplicadas no Brasil. As pessoas não terão como manter em dia seus pagamentos.

Ah, os juros…
Quem entrou na ilusão de comprar sonhos com o dinheiro dos outros (crédito), acordará dentro de um pesadelo de juros e taxas. Ontem, por exemplo, o jornal Folha de São Paulo divulgou dados dando conta do aumento da devolução de veículos por conta da inadimplência.

No melhor dos cenários, parece que no último trimestre de 2009 as ações do Presidente Obama começarão a dar alguns resultados – trazendo de volta a confiança ao mundo e seus negócios[bb]. Quem sabe influenciados pelo espírito de Natal o mundo experimente os primeiros sinais de recuperação.

No pior dos cenários, o governo americano precisará estatizar definitivamente alguns bancos e repassar ao contribuinte a conta de anos e anos de pura especulação. Dessa forma, os olhos de todos no mundo passariam a enxergar apenas o próprio umbigo, imaginando o que irá acontecer e se precavendo de todas as formas possíveis – o protecionismo entre elas.

O mundo mudou muito em um ano. Em 2008 estávamos preocupados com a inflação, a alta de preços dos alimentos e do petróleo. Agora, a preocupação é outra: não deixar o mundo quebrar. Mais, não deixar que as famílias e os contribuintes quebrem. Quem diria, a economia e o sistema financeiro nos tiraram para dançar…

Fontes consultadas: jornal Folha de S. Paulo (25/02/2009) e Revista Exame edição 937.

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Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante credenciado pelo Instituto DiSOP, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para stock.xchng.

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