Analistas de bancos têm alertado que os investidores podem estar “míopes” em sua análise sobre as ações da fabricante de chips Nvidia (NVDA; NVDC34).
Na última semana, os investidores digeriram os resultados do segundo trimestre, gerando uma reação mista. A gigante da tecnologia reportou um crescimento impressionante de 122% na receita e 153% no lucro ajustado por ação em relação ao ano anterior.
No entanto, essas métricas não foram suficientes para acalmar o mercado, que registrou uma queda de 6% no valor das ações no dia seguinte.
O analista sênior da Carson, por exemplo, Blake Anderson, resume o comportamento dos investidores desta forma: “Eles estão perdendo a floresta pelas árvores”.
Por que as ações caíram?
O motivo da queda não foi exatamente a performance financeira, mas as altas expectativas em torno dos novos chips da Nvidia, especialmente o aguardado Blackwell, que tem o potencial de superar os modelos atuais em múltiplos aspectos.
Apesar do CEO Jensen Huang destacar que a demanda pelo Blackwell é muito maior do que a oferta disponível, deixando claro que essa procura continuará até o próximo ano, os investidores ficaram com dúvidas sobre o cronograma exato de quando essa nova geração de chips impulsionará o crescimento da receita.
A análise da Carson, trouxe uma reflexão importante ao comparar o desempenho atual da Nvidia com o de outra gigante do passado, a Cisco (CSCO; CSCO34), que também teve seu momento de glória durante o boom da internet nos anos 1990.
Em junho de 2024, a Nvidia se tornou brevemente a maior empresa do mundo, atingindo uma capitalização de mercado de US$ 3,335 trilhões, algo que a Cisco também alcançou em março de 2000, no auge da bolha da internet. No entanto, a consultoria destaca que, apesar das semelhanças, há diferenças significativas entre as duas empresas.
Enquanto a Cisco enfrentou dificuldades para manter seu crescimento nos anos seguintes ao estouro da bolha da internet, a Nvidia continua a entregar resultados financeiros robustos.
O segmento de Data Center da Nvidia, por exemplo, registrou US$ 26,3 bilhões em receita no trimestre, um crescimento de 630% em relação aos US$ 3,6 bilhões do período anterior ao lançamento do ChatGPT, em outubro de 2022. Esse crescimento destaca o impacto da revolução da inteligência artificial no desempenho da Nvidia.
Anderson faz uma analogia com o crescimento da Cisco durante a explosão da internet. No sétimo trimestre após o início do boom da internet, em 1996, a Cisco registrou um crescimento de 150% na receita, muito inferior ao desempenho da Nvidia.
Revolução está apenas no começo
Esse dado leva a uma reflexão importante: o ciclo de crescimento impulsionado pela IA pode estar apenas no começo. Se a revolução da IA seguir um ritmo semelhante ao da internet, ainda estamos no início de um ciclo que pode durar até 26 trimestres.
Apesar dos questionamentos sobre o futuro da Nvidia, os dados financeiros indicam que a empresa está bem posicionada para continuar crescendo. A falta de clareza sobre o impacto dos novos produtos, como o chip Blackwell, pode gerar incertezas de curto prazo, mas a demanda por seus produtos continua forte.
A análise da Carson sugere que, ao comparar a Nvidia com a Cisco dos anos 1990, os investidores que estão focados demais nas flutuações de curto prazo podem estar “perdendo a floresta pelas árvores”. A revolução da IA ainda está em curso, e os números atuais da Nvidia indicam que o futuro pode reservar mais crescimento.
Ações podem dobrar
Em uma análise publicada após o balanço, os analistas do Wells Fargo elevaram o preço-alvo para as ações da Nvidia de US$ 155 para US$ 165.
“Acreditamos que um múltiplo premium para a Nvidia é justificado devido ao seu forte posicionamento competitivo de vários anos para o crescimento do data center, impulsionado pela nuvem e IA, jogos, veículos autônomos de última geração e um ecossistema em expansão de produtos/aplicativos (por exemplo, Omniverse)”, ressaltam os analistas Aaron Rakers, Joe Quatrochi, Jake Wilhelm e Michael Tsvetanov.
Segundo eles, contudo, em um cenário otimista, as ações poderiam ir a US$ 200.
“Vemos um cenário de alta a US$ 200, impulsionado pelo aumento dos lucros de 2026 na área de ~US$ 5,50+ com P/L mantido em meados de 30x. Especificamente, achamos que isso pode ser alimentado por uma demanda maior do que a esperada por GPU de data center/IA (ou seja, ainda em um período muito inicial), à medida que as empresas encontram novos casos de uso de IA para justificar os gastos, bem como o domínio contínuo da participação de mercado. Outros produtos/verticais, como Automotive e Omniverse, podem oferecer suporte adicional de alta”, concluem.