A CVC (CVCB3) viu a sua nota de crédito em escala nacional ser cortada pela Standard and Poor’s de ‘brBB+’ para ‘brCC’ nesta sexta-feira (13). Além disso, a perspectiva foi colocada em negativa, o que indica a possibilidade de rebaixamento “D”, uma vez que a reestruturação anunciada nesta semana seja concluída sob os termos e condições anunciados.
Segundo o analista Fabio Rebelo, a transação é “uma reestruturação de fato e equivalente a um default, e não uma gestão ordinária de passivos”.
Em nota, a CVC argumentou que o corte do rating é uma decisão estritamente técnica de metodologia da agência, derivada exclusivamente do sucesso no processo de reperfilamento.
“Trata-se de uma alteração natural nos processos de reperfilamento de dívida e, após a realização da Assembleia Geral de Debenturistas, o rating deverá sofrer nova revisão pela agência S&P Global Ratings refletindo o atual momento operacional e financeiro da companhia”, ressalta o documento assinado por Felipe Pinto Gomes, Diretor Financeiro e de Relações com Investidores.
Segundo ele, a administração está empenhada e em discussões avançadas com as principais agências de classificação de risco para obter rating mínimo BBB- (ou equivalente) e, assim, implementar o Reperfilamento em sua melhor condição. As ações da CVC subiram 14,29% nesta sessão, a R$ 2,08.
Acordo da CVC
A empresa anunciou nesta quarta-feira (11) um importante acordo com seus principais credores, envolvendo mais de 75% das debêntures da 4ª emissão e 100% da 5ª emissão. O objetivo é realizar um reperfilamento das dívidas, permitindo à empresa maior flexibilidade financeira e otimizando sua estrutura de capital.
O plano inclui uma amortização extraordinária obrigatória de aproximadamente R$ 160 milhões, dividida proporcionalmente entre as duas emissões de debêntures, o que resultará em uma imediata redução da dívida bruta da CVC.
Além disso, o prazo de vencimento das debêntures foi estendido para outubro de 2028, com amortização do principal em cinco parcelas semestrais, a partir de outubro de 2026, e uma carência de dois anos para o pagamento do principal.
“Em nossa visão, dada a redução do custo original das debêntures e postergação do prazo de pagamento, as condições constituem um a reestruturação de fato. Condições desfavoráveis de mercado poderiam levar a um default convencional caso a empresa não realizasse a transação de reestruturação. Em nossa visão, dada a estimativa de geração ainda negativa de caixa para 2024, 2025 e 2026 e as atuais condições do mercado de crédito brasileiro, haveria um risco de a CVC não ser capaz de fazer frente aos vencimentos materiais de dívida originalmente programados para os dois anos seguintes na ausência da reestruturação, apesar dos recursos da antecipação de recebíveis”, pontua Rebelo.
Melhora na estrutura de capital
Após a conclusão da transação, contudo, a S&P entende que a empresa deve se beneficiar de uma estrutura de capital e perfil de liquidez mais confortáveis no médio prazo.
“Com a postergação do pagamento de principal das debêntures para outubro de 2026 em diante, entendemos que a CVC deverá dispor de um maior conforto de liquidez, sustentando um a estrutura de capital com um menor custo. À medida que recupera suas operações, revertendo gradualmente sua geração de caixa para níveis positivos, a empresa deverá dispor de maior flexibilidade financeira para amortizar a dívida atual. Nesse sentido, reavaliaremos a qualidade de crédito da CVC após a conclusão da transação”, conclui.
Veja o comunicado da S&P