O caldo de cana dá lugar ao melado como matéria-prima da fermentação na fabricação da Cachaça de Luiz Alves, de Santa Catarina.
Já a aguardente de Viçosa do Ceará, a “capital cearense da cachaça”, foi reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial pelo estado. No Paraná, a cachaça de Morretes tem seus primeiros registros históricos do século XVI e foi premiada internacionalmente.
Em Paraty (RJ), a cachaça tornou-se o primeiro destilado brasileiro com Denominação de Origem (DO).
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No Dia Nacional da Cachaça, comemorado em 13 de setembro, além da qualidade excepcional, todos esses produtos apresentam uma característica em comum: todos foram reconhecidos com o selo de Indicação Geográfica (IG).
A coordenadora de Negócios de Base Tecnológica do Sebrae Nacional, Hulda Giesbrecht, explica que as IG são concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) aos fabricantes a partir de um conjunto de características específicas da região e da produção.
“É uma grande conquista para os produtores e um incentivo para que a cachaça ganhe mais um diferencial competitivo no mercado dentro e fora do país”, argumenta.
É um selo que confere a garantia da qualidade do produto com base na sua origem, ou seja, num conjunto de características vinculadas às especificidades de determinada região, como as condições de clima, o tipo de solo e as tradições relacionadas ao saber-fazer, Hulda Giesbrecht, coordenadora de Negócios de Base Tecnológica do Sebrae Nacional.
Mas nem sempre foi assim. Altamente popular no Brasil inteiro hoje, a bebida tinha pouco prestígio na época colonial e chegou a ser proibida por Portugal, causando revolta dos produtores. No dia 13 de setembro de 1661, a rainha Luísa de Gusmão liberou a produção e a comercialização da bebida no Brasil, inspirando a data comemorativa na atualidade.
Cachaça de Luiz Alves
Uma das mais recentes Indicações Geográficas brasileiras, a Cachaça de Luiz Alves, de Santa Catarina, recebeu seu certificado oficial de Denominação de Origem durante a cerimônia de abertura do Connection Terroirs do Brasil 2024, no fim de agosto.
A fabricação da bebida tem uma peculiaridade: utiliza o melado como matéria-prima da fermentação ao invés do caldo de cana fresco. Além disso, são utilizadas leveduras nativas, que não existem em outro lugar do Brasil, em lugar das industrializadas.
O produtor Gabriel Spezia pertence à terceira geração da família a produzir cachaça em Luiz Alves e comemora a conquista. “Vem para dar ainda mais valor à nossa cachaça, valorizar os nossos produtores. Vai impactar diretamente a nossa comercialização e inibir algum tipo de falsificação, garantindo, ainda mais, que o produto de qualidade feito por nós, produtores, chegue realmente à mesa do consumidor final”, garante.
Terra da cachaça boa
Diretamente do Ceará, a cachaça de Viçosa é reconhecida pelo INPI como Indicação de Procedência (IP). A iguaria nordestina recebeu, em abril, esse registro para os produtores da cidade, que é um centro produtor de cachaça.
Seguindo os conhecimentos tradicionais, as características do produto contribuem para o crescente reconhecimento nacional e internacional de Viçosa do Ceará como um lugar que “respira a história da cachaça”.
Cachaça de Paraty: de Patrimônio Histórico Nacional
Por apresentar características únicas no sabor e tradição, a cachaça de Paraty, produzida na cidade histórica do litoral do Rio de Janeiro, conseguiu o reconhecimento inédito como Indicação Geográfica (IG), junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O produto tornou-se o primeiro destilado brasileiro com Denominação de Origem (DO). A pedido da Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça Artesanal de Paraty (APACAP), o INPI concedeu alteração no registro da aguardente de cana que até então, era registrada como Indicação de Procedência (IP).
Há 16 anos, os alambiques associados à APACAP conquistaram o registro como Indicação de Procedência (IP), que reconhece a reputação da aguardente de cana pela região onde é produzida. Paraty possui título de Patrimônio Histórico Nacional e desde o período colonial ficou famosa pela produção artesanal de cachaça por meio do cultivo da cana de açúcar.
Essa longa tradição ajudou a aprimorar a fabricação e a agregar sabores e características únicas à bebida, que obedece a normas rígidas de produção artesanal e familiar.
De Morretes para o mundo
A Aguardente de Cana e Cachaça de Morretes, com primeiros registros históricos do século XVI, é um símbolo da cidade e já foi premiada internacionalmente, sendo reconhecida por sua qualidade única, garantida pelas características climáticas e pelos processos de produção.
O registro de IG é garantido por conta das características típicas da região.
A matéria-prima a cana-de-açúcar plantada na localidade e chamada de havaianinha é produzida na região Reserva da Biosfera da Mata Atlântica ao pé da serra, área reconhecida pela Unesco pelo seu patrimônio ecológico, e que confere características únicas ao solo, além de um clima quente e de baixa umidade.