A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) revisou a perspectiva do rating da Even (EVEN3) de neutra para negativa, mantendo, contudo, o rating ‘brAA+’ na escala nacional. A mudança reflete as preocupações da S&P com a menor escala e diversificação dos projetos da empresa, que, segundo a agência, pode aumentar a volatilidade das métricas financeiras nos próximos anos.
A decisão foi motivada principalmente pela diminuição da participação da Even na Melnick (MELK3), o que impactou o Valor Geral de Vendas (VGV) dos lançamentos previstos para os próximos anos. Com isso, a expectativa da S&P é que o VGV caia de R$ 2,3 bilhões em 2023 para uma média de R$ 1,3 bilhão até 2026.
Além disso, a S&P destacou que, embora a Even tenha direcionado sua estratégia para menos projetos, com foco em empreendimentos de maior VGV e em parcerias, essa abordagem eleva o risco operacional. A concentração em poucos projetos pode resultar em uma maior volatilidade das margens operacionais, especialmente se algum desses empreendimentos sofrer atrasos ou quedas nas vendas.
Apesar dessas preocupações, a S&P reconhece a melhoria gradual nas margens operacionais da Even. No segundo trimestre de 2024, a empresa registrou uma margem Ebitda de 19,2%, um crescimento significativo em relação aos 12,1% do final de 2023. A agência atribui essa melhora à venda de unidades de alto padrão e à desconsolidação da Melnick, que tinha margens menores.
A expectativa da S&P é que a Even continue registrando uma recuperação das margens nos próximos anos, com projeções de margem Ebitda ajustada entre 20% e 22% até 2026. Esse crescimento será impulsionado pelo foco da empresa no segmento de luxo, que representa 64% de seu portfólio de terrenos.
Contudo, a agência também espera que a empresa apresente um consumo de caixa em 2024, devido à aquisição de terrenos e à concentração de entregas no final do ano. A geração de caixa operacional positiva só deve ocorrer a partir de 2025, quando a empresa estabilizar o VGV dos lançamentos e repassar as unidades já entregues.
Redução da Alavancagem
Outro fator destacado pela S&P foi a desconsolidação da Melnick no balanço da Even, o que deve contribuir para a redução da alavancagem. A dívida bruta ajustada deve cair de R$ 3 bilhões em 2023 para R$ 2,4 bilhões em 2024, auxiliada pela venda de unidades de alto padrão.
A agência de rating afirmou que a liquidez da Even é confortável para os próximos 12 meses, com R$ 628 milhões em caixa no segundo trimestre de 2024. Esse montante, somado ao fluxo de recursos oriundos das vendas e repasses, deve permitir à empresa honrar suas obrigações de curto prazo.
No entanto, a S&P alertou que um rebaixamento do rating poderá ocorrer caso a Even não apresente sinais de recuperação em suas métricas operacionais e financeiras. Entre os fatores que podem levar a essa decisão estão um fluxo de caixa negativo ou uma cobertura de juros abaixo de 2 vezes de forma consistente.
Por outro lado, uma mudança na perspectiva para estável dependerá de uma melhora sustentada das métricas de crédito, com um FFO (Funds from Operations) sobre dívida bruta ajustada acima de 12% e geração de caixa operacional positiva.
Relatório da S&P sobre a Even