O Banco Central elevou a taxa Selic nesta quarta-feira (18) em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, em um ciclo de ajuste que pode levar os juros para até 11,25% ao final do ano, segundo as projeções do relatório Focus. Agora, com a nova tendência de alta, qual é o papel do Tesouro Direto que se torna mais atraente?
Para Guilherme Cadonhotto, especialista em renda fixa e estrategista-chefe da Finclass, o aperto monetário será “comedido”, realizado para que a expectativa de inflação no horizonte relevando do Banco Central, no ano de 2026, volte a se aproximar do centro da meta que é de 3%, hoje essa expectativa está em 3,61%.
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“O intervalo de tolerância do Banco Central para a inflação é de 1,50% para mais ou para menos, o que significa dizer que a banda de cima da meta de inflação não está tão próxima, logo o Banco Central não precisaria realizar um movimento brusco nesse sentido”, pontua.
Na sua avaliação, a Selic subiria até aproximadamente 11,75%, porá há expectativa de uma surpresa positiva com a volta da expectativa de inflação mais rápida do que o esperado com o início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve. O Banco Central dos EUA reduziu a sua taxa hoje em 0,50 ponto percentual, para o intervalo entre 4,75% e 5%.
Ou seja, a tendência é que com os juros mais baixos na maior economia do mundo, o fluxo possa retornar para países emergentes e, com o aumento da taxa de juros, o Brasil passe a ser novamente um destaque no destino de recurso dos investidores. “Essa busca por taxas maiores e destinos mais arriscados pode fazer com que a nossa moeda se valorize frente ao dólar, reduzindo mais rápido nossas expectativas de inflação”, opina.
O que comprar no Tesouro Direto?
Com relação ao título público, Cadonhotto pede para o investidor ficar de olho nos pós-fixados, caso possua um perfil que é mais conservador. Isso porque o título não oscila de maneira relevante e. com ajuste, vai passar a render mais todos os dias. “Estou falando do Tesouro Selic”, explica.
Agora, para perfis de risco mais arrojados, o especialista da Finclass acredita que o Tesouro IPCA+ 2045 seja uma boa opção.
“Vale lembrar que ele está em um patamar de taxa historicamente atrativo e difícil de se encontrar. Preciso ressaltar que esse ativo possui volatilidade de bolsa, e que se o seu estômago para risco não é dos melhores, é melhor buscar uma opção ainda nos indexados à inflação, mas de prazo mais curto”, ressalta.
Por fim, ele diz não gostar dos prefixados de longo prazo nesse momento, apesar de apresentarem taxas atrativas, devido ao cenário fiscal ainda turbulento. “Nos momentos de instabilidade e piora fiscal, os prefixados de longo prazo tendem a sofrer mais do que os indexados à inflação, que são “amortecidos” pelo aumento das expectativas de inflação”, conclui.