As principais criptomoedas avançavam na sessão desta quinta-feira, após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cortar os juros americanos em 0,5 ponto porcentual e os mercados não precificarem novos temores de recessão. A divulgação de um relatório construtivo da BlackRock sobre o ativo também pode ter ajudado nas últimas horas.
O bitcoin (BTCUSD) avançava 5,18% nas últimas 24 horas até 16h20, a US$ 63.310,65, segundo a Binance. Na máxima em 24 horas, a criptomoeda tocou US$ 63.850,00. O ethereum (ETHUSD), por sua vez, tinha ganhos de 6,30%, a US$ 2.464,00 no mesmo intervalo.
O corte de juros contundente pelo Fed, acompanhado de discurso não muito preocupado com recessão do presidente do BC americano, Jerome Powell, fez com que investidores corressem para ativos de risco, beneficiando as criptomoedas ao longo do dia.
Bitcoin como alternativa
O bitcoin, principal ativo da classe, foi ainda alvo de relatório construtivo da BlackRock. A gestora disse que, embora a moeda tenha mostrado correlação elevada com outros ativos de risco no curto prazo, seus drivers fundamentais são totalmente diferentes, podendo ganhar um viés mais claro de proteção à frente.
“À medida que a comunidade global de investimentos lida com crescentes tensões geopolíticas, preocupações sobre o estado da dívida e déficits dos EUA e aumento da instabilidade política ao redor do mundo, o bitcoin pode ser visto como fonte de diversificação cada vez mais única contra alguns desses fatores de risco fiscal, monetário e geopolítico que os investidores podem enfrentar em outras partes de seus portfólios”, diz o texto.
O documento assinado por Samara Cohen, Robert Mitchnick e Russell Brownback argumenta que o Bitcoin, com sua alta volatilidade, é obviamente um ativo “arriscado” em uma base autônoma.
No entanto, a maioria dos riscos e potenciais drivers de retorno que o bitcoin enfrenta são fundamentalmente diferentes dos ativos “arriscados” tradicionais, tornando-o inadequado para a maioria das estruturas financeiras tradicionais – incluindo a estrutura “risco ligado” vs. “risco desligado” empregada por alguns comentaristas macro.
Retorno em 10 dias | Retorno em 60 dias | ||||||
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Evento | Data | S&P 500 | Ouro | Bitcoin | S&P 500 | Ouro | Bitcoin |
EUA-Irã Escalagem | 03/01/2020 | 2% | 0% | 12% | -7% | 6% | 20% |
Coronavírus | 11/03/2020 | -20% | -9% | -25% | 2% | 3% | 21% |
Mudanças nas eleições de 2000 nos EUA | 03/11/2020 | 7% | -1% | 19% | 12% | -1% | 131% |
Invasão da Ucrânia pela Rússia | 24/02/2022 | 1% | 2% | -6% | 3% | 9% | 15% |
Crise dos bancos regionais nos EUA | 09/03/2023 | -2% | 10% | 25% | 4% | 11% | 32% |
“Fim” do Carry Trade com o Iene | 05/08/2024 | 2% | 0% | 0% | – | – | – |
“A natureza do Bitcoin como um ativo global escasso, não soberano e descentralizado fez com que alguns investidores o considerassem como uma opção de fuga para a segurança em tempos de medo e em torno de certos eventos geopoliticamente disruptivos”, pontuam.
Ou seja, a longo prazo, a trajetória de adoção do bitcoin será provavelmente impulsionada pela intensidade das preocupações sobre a estabilidade monetária global, estabilidade geopolítica, sustentabilidade fiscal dos EUA e estabilidade política dos EUA.
“Este é o inverso da relação que é geralmente atribuída aos “ativos de risco” tradicionais com relação a tais forças”, concluem.
(Com informações da Dow Jones Newswires e Estadão Conteúdo)