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Azul: Moody’s corta rating e põe perspectiva em negativa

Caixa da Azul cobre cerca de 24% das dívidas de curto prazo, incluindo pagamentos de leasing, que totalizam R$ 5,6 bi até o final de 2025

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Azul

A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou, nesta sexta-feira (20), o rating da companhia aérea Azul (AZUL4), refletindo os desafios financeiros significativos que a empresa vem enfrentando em 2024. A classificação de crédito corporativa foi reduzida de Caa1 para Caa2, enquanto o rating das dívidas seniores com garantias e sem garantias também foi rebaixado. A perspectiva da empresa passou de positiva para negativa, sinalizando que os riscos para a solvência da companhia podem aumentar no curto prazo.

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O rebaixamento reflete os resultados financeiros mais fracos apresentados pela Azul no primeiro semestre de 2024, que resultaram em um significativo consumo de caixa. Durante esse período, a companhia gerou R$ 1,2 bilhão em Ebit, mas enfrentou necessidades de capital de giro elevadas, uma alta carga de dívida e despesas de capital substanciais, levando a uma queima de caixa equivalente a R$ 1,2 bilhão. O caixa disponível da Azul caiu para R$ 1,4 bilhão em junho de 2024, comparado a R$ 1,9 bilhão no final de 2023.

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Dívida de curto prazo

A Moody’s destacou que a posição de caixa da Azul cobre apenas cerca de 24% das dívidas de curto prazo da companhia, incluindo pagamentos de leasing, que totalizam R$ 5,6 bilhões até o final de 2025. A empresa ainda possui cerca de R$ 1,8 bilhão em dívidas para serem pagas até 2025, o que aumenta os riscos de liquidez.

“O risco de liquidez da Azul aumentou, e a empresa precisará buscar renegociações adicionais com locadores e financiamento para cobrir suas necessidades de caixa”, afirmou a Moody’s em seu relatório.

A avaliação da agência reflete a exposição da Azul à volatilidade do setor de aviação, bem como aos riscos macroeconômicos crescentes. A empresa possui um balanço altamente alavancado e uma fraca cobertura de juros, o que limita a geração de fluxo de caixa livre. “A capacidade da empresa de levantar liquidez, refinanciar suas obrigações financeiras e controlar a queima de caixa ou as necessidades de caixa continuará sendo fundamental na avaliação de seu rating”, destacou a agência.

Apesar dos desafios, os analistas reconhecem a posição única da Azul no mercado brasileiro, onde detém o monopólio em cerca de 80% de suas rotas, o que lhe confere um forte poder de precificação. A empresa também se beneficiou de uma recuperação mais rápida do que o esperado no tráfego de passageiros pós-pandemia no Brasil, o que permitiu o aumento das tarifas aéreas, mitigando o impacto do aumento nos preços do combustível.

No entanto, o relatório aponta que, apesar desses aspectos positivos, os riscos permanecem elevados devido à necessidade de refinanciamento das dívidas para evitar uma queima significativa de caixa nos próximos anos. A agência também destacou a vulnerabilidade da Azul à volatilidade cambial e aos preços do combustível, fatores que podem agravar ainda mais os desafios financeiros da companhia.

O rebaixamento também considera a subordinação efetiva dos credores não garantidos, cujas notas foram rebaixadas para Caa3. Essas notas classificam-se abaixo das reivindicações garantidas existentes e futuras da Azul, que representam cerca de 95% da dívida da empresa. “A estrutura de capital da Azul é complexa e altamente alavancada, o que aumenta o risco para os credores em caso de dificuldades financeiras”, alertou a Moody’s.

A perspectiva negativa atribuída pela Moody’s indica que os riscos de liquidez da Azul permanecem elevados, e a empresa dependerá de renegociações adicionais ou de iniciativas de refinanciamento que possam ser consideradas trocas de dívida com dificuldades para se manter solvente. “O risco de downgrade adicional permanece se as preocupações com a liquidez aumentarem ou se a Azul não conseguir fortalecer seus indicadores de crédito”, concluiu a Moody’s.

Veja o relatório de rating

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