O acordo do Opportunity para vender a sua participação total de 48% na Santos Brasil (STBP3) para a francesa CMA CGM por R$ 15,30 por ação em dinheiro pode não ser o último capítulo da mudança de controle na empresa.
Segundo os analistas, apesar do prêmio de aproximadamente 20% ante o fechamento da última sexta-feira (20), outros interessados que possuem operações no Porto de Santos podem entrar na briga.
Talvez por isso, conforme o fato relevante, após o fechamento do negócio, a CMA CGM lançará uma oferta pública de aquisição (OPA) para todos os acionistas minoritários, eliminando as preocupações do mercado sobre os direitos de tag-along.
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Os analistas Victor Mizusaki, Ricardo França e Larissa Monte, do Bradesco BBI, calculam que a oferta está em 10,5 vezes o múltiplo EV/EBITDA dos últimos 12 meses, que, também poderia ter uma leitura cruzada para as negociações de fusões e aquisições envolvendo o bloco de controle da Wilson Sons (PORT3).
“Esse múltiplo para terminais de contêineres está em linha com o utilizado em nosso modelo SOTP (soma de todas as partes) para a Wilson Sons, que resultou em um preço-alvo de R$ 24. Mantemos inalteradas nossas recomendações para Santos Brasil (Neutra, preço-alvo de R$ 15) e Wilson Sons (Compra, preço-alvo de R$ 24)”, opinam.
Guerra pela Santos Brasil
Apesar do múltiplo “em linha”, os analistas do Itaú BBA entendem que outras empresas podem estar interessadas.
“Observamos que há a possibilidade de outros armadores com forte presença no Porto de Santos se envolverem na negociação da participação restante (em torno de 52%) devido à relevância estratégica da Santos Brasil na região. Isso poderia potencialmente desencadear uma guerra de lances para STBP3, beneficiando acionistas minoritários”, explicam os analistas Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano.
A recomendação do banco é de compra, com preço-alvo de R$ 18.
Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, analistas do BTG Pactual, explicam que a entrada da CMA no mercado de contêineres de Santos deve perturbar a dinâmica do mercado na região.
Alguns dos principais participantes em Santos, como Maersk e MSC, foram especulados como prováveis licitantes para a Santos Brasil, especialmente porque eles já operam na área. No entanto, o fato de ambos administrarem em conjunto o terminal BTP pode ter criado problemas antitruste na aprovação de uma potencial oferta para Santos.
“Com a oferta da CMA atualmente sob consideração pelo conselho da Santos Brasil, a única maneira de outras empresas de navegação se envolverem nas negociações é colocando uma oferta melhor na mesa”, opinam. O BTG também recomenda a compra dos papeis, com preço-alvo de R$ 18.