O Santander incluiu as ações da Lojas Renner (LREN3) em sua carteira recomendada de outubro, substituindo os papéis da Rumo (RAIL3). Segundo o relatório assinado pelos estrategistas Ricardo Peretti e Alice Corrêa, a decisão reflete o otimismo do banco em relação à recuperação do desempenho operacional da Renner e as perspectivas de valorização de suas ações nos próximos meses.
A Lojas Renner, uma das principais varejistas de moda no Brasil, tem apresentado sinais de recuperação em termos de ganho de participação de mercado desde o quarto trimestre de 2023.
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“Acreditamos que a Renner está preparada para uma forte recuperação das Vendas Mesmas Lojas (SSS), expansão das margens e ganhos de market share”, destacam os analistas. Eles acrescentam que essa melhora será impulsionada por “ajustes no posicionamento/preços e pela evolução das capacidades da cadeia de abastecimento”.
Os estrategistas do Santander também mencionaram que a Renner enfrentou dificuldades no primeiro e segundo trimestres de 2024 devido a fatores operacionais e externos, como a implementação de um novo centro de distribuição e enchentes no Rio Grande do Sul. No entanto, preveem uma recuperação a partir do terceiro trimestre, à medida que esses obstáculos são superados. “Prevemos uma forte recuperação a partir do 3T24”, reforçam.
Menos Shein, mais Renner
O relatório sugere que o ambiente competitivo mais favorável no mercado de vestuário, combinado com uma desaceleração nas vendas de empresas internacionais como a Shein, pode beneficiar a Renner. “O fato de todas as varejistas fast fashion listadas apresentarem ganhos de market share combinados com expansão da margem bruta indica que o mercado de vestuário pode estar se recuperando”, avaliam Peretti e Corrêa.
Em termos de valuation, os analistas atualizaram o preço-alvo das ações da Renner para R$ 23 em 2025, contra a estimativa anterior de R$ 19 em 2024. “Apesar das ações terem subido 50% desde julho, acreditamos que ainda há espaço para valorização adicional”, afirmam. Eles projetam que, com a recuperação operacional, as ações da Renner podem ser negociadas em múltiplos de 14-15x P/L em 2025, o que implicaria um potencial de alta entre 20% e 30%.
Atualmente, a ação está sendo negociada a 11x P/L 2025, o que, segundo os analistas, “subestima a recuperação operacional da empresa nos próximos trimestres”. Eles destacam que o aumento dos gastos discricionários por parte dos consumidores e o crescente interesse dos investidores em adicionar mais volatilidade aos seus portfólios são fatores que podem impulsionar ainda mais o preço das ações.
Saída da Rumo
Por outro lado, a decisão de retirar a Rumo da carteira recomendada está relacionada a questões de curto prazo. O banco permanece otimista em relação à Rumo no médio e longo prazo, mantendo uma recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 34. No entanto, a incerteza sobre os preços que serão praticados pela empresa em 2025, devido à queda nas cotações dos grãos, e os riscos climáticos no Mato Grosso foram considerados motivos para a exclusão temporária.
O Santander ressaltou que o cenário de preços mais baixos para os grãos em 2024 pode afetar as negociações de frete da Rumo para o ano seguinte, assim como a possibilidade de uma piora no clima seco, o que impactaria negativamente a produção agrícola e, consequentemente, a demanda pelos serviços da Rumo.
No entanto, mesmo com a exclusão da Rumo, os analistas reafirmam a visão construtiva para a empresa. “Mantemos uma visão construtiva para a Rumo no médio/longo prazo”, destacam Peretti e Corrêa, ressaltando que a companhia continua sendo uma aposta interessante para quem busca investimentos a longo prazo no setor de infraestrutura logística.