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Embraer faz ‘gambiarra’ para driblar gargalo na cadeia de produção

Empresa tem utilizado pesos suspensos nas asas dos aviões para simular o peso dos motores, que têm enfrentado escassez em sua entrega

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Embraer

O Banco Safra destacou em relatório divulgado nesta sexta-feira (4) as estratégias inovadoras da Embraer (EMBR3) para enfrentar os desafios da cadeia de produção, observadas durante uma visita à fábrica da companhia em São José dos Campos.

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Uma das soluções adotadas pela Embraer, conforme assinalado pelos analistas Luiza Mussi e Luiz Peçanha, foi a utilização de pesos suspensos nas asas dos aviões para simular o peso dos motores, que têm enfrentado escassez em sua entrega para os modelos E2.

Essa prática evita que as asas se dobrem e permite que a linha de produção continue a avançar, mesmo sem a instalação imediata dos motores.

Esse tipo de adaptação revela a resiliência da Embraer diante das perturbações na cadeia de suprimentos, em especial no fornecimento de motores. Segundo o relatório, a empresa tem implementado diversas estratégias para mitigar o impacto dessas interrupções, o que reforça a confiança do banco no desempenho futuro da companhia.

Alto nível de produção

Durante a visita, o Safra também observou um alto nível de ocupação nas fábricas, indicando um cenário de demanda contínua pelos jatos comerciais da Embraer. Um dos pontos abordados foi a demanda pelos modelos da linha E1, especialmente no mercado de aviação regional dos Estados Unidos. A Embraer prevê uma demanda estável para 40 a 45 aeronaves por ano nos próximos anos, com aumento para cerca de 60 aeronaves anuais na próxima década, impulsionado pela substituição de aeronaves entregues a partir de 2010.

O mercado regional dos EUA permanece saudável, com expectativas de crescimento da frota, dependendo de possíveis revisões nas cláusulas de escopo que restringem o uso de aeronaves maiores. Em outras partes do mundo, a empresa também está em campanha ativa, com possibilidade de gerar demanda adicional de até 15 aeronaves por ano, considerando a substituição de modelos de frotas mais antigas.

O cenário competitivo nos EUA é amplamente favorável para a Embraer, que detém 100% das novas encomendas no mercado regional. O principal concorrente, Bombardier, encerrou seu programa CRJ após a Embraer introduzir avanços tecnológicos no E1, como uma economia de 6% em consumo de combustível. Além disso, outros competidores, como o Sukhoi Superjet 100 e o ARJ21, têm atuação limitada aos mercados locais da Rússia e da China, respectivamente.

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Embraer E2

No mercado de jatos E2, a Embraer se beneficiou de uma mudança de foco das companhias aéreas após a pandemia, que agora priorizam a lucratividade em vez da participação de mercado. A escassez de suprimentos também afetou Boeing e Airbus, dificultando o cumprimento de suas encomendas, o que tornou os aviões de menor porte, como o E2, uma opção mais atraente para as companhias aéreas que precisam aumentar a frequência de voos e servir cidades menores.

A Embraer estima que o mercado endereçável para o E2 seja de 6.200 unidades nos próximos 20 anos. No curto prazo, as maiores oportunidades estão na Europa, onde grandes grupos aéreos estão engajados em campanhas de renovação de frota de narrow-bodies, criando um potencial significativo para a empresa.

O programa E175E2, atualmente em pausa devido às cláusulas de escopo nos EUA, também foi mencionado. Se essas cláusulas forem revisadas, a Embraer está preparada para lançar rapidamente o modelo, o que aumentaria ainda mais sua participação no mercado regional americano.

Com base na resiliência da Embraer em gerenciar os desafios da cadeia de produção e na demanda estável e promissora para seus modelos, o Banco Safra reiterou sua recomendação outperform para as ações da companhia, equivalente a uma recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 38.

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