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Kassab se torna o rei das prefeituras de SP ao derrubar PT e PSDB

Antes mesmo das eleições deste ano, o PSDB declinou de 180 prefeituras para 41, enquanto o PSD passou de 66 para 329

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Gilberto Kassab líder do PSD

Gilberto Kassab sai como principal cacique político paulista desta eleição, com o PSD à frente da apuração em 201 cidades paulistas até as 20h30 de ontem.

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Dessa forma, se consolida um processo de ocupação da sigla em espaços anteriormente comandados pelo PSDB, que começou com a derrota de João Doria e Rodrigo Garcia há dois anos. Além disso, em processo semelhante ao visto também em 2022, há certo domínio do centro e da direita no interior.

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Antes mesmo das eleições deste ano, o PSDB declinou de 180 prefeituras para 41, enquanto o PSD passou de 66 para 329. O atual secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) patrocinou candidaturas em 408 dos 645 municípios paulistas.

O Republicanos é o partido que aparecia como mais bem posicionado nas dez maiores cidades do Estado nas pesquisas. A legenda obteve a reeleição de Rodrigo Manga em Sorocaba. Em Taubaté, Ortiz Junior disputará o segundo turno com Sergio Victor (Novo).

CONTRA O PT

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As pesquisas eleitorais mais recentes já indicavam que partidos de centro-direita dominavam a intenção de voto nas dez maiores cidades do interior de São Paulo.

Enquanto siglas do Centrão, bloco marcado pelo pragmatismo em vez de uma posição ideológica clara, se destacam em cidades-chave como Sorocaba e Franca, legendas de esquerda enfrentam dificuldade numa região marcada pelo conservadorismo e pela influência do agronegócio.

A apuração ainda trouxe mais derrotas ao PT, que ficou só com três prefeituras. Em Campinas, Dário Saadi (Republicanos) teve 66,55%.

O petista Pedro Tourinho ficou com 23,3%. Em São José do Rio Preto, a legenda também (diferentemente do que apontavam algumas pesquisas) ficou fora do segundo turno, que será entre o Coronel Fabio Candido (PL) e Itamar (MDB).

Como mostrou o Estadão, a disputa em Campinas se tornou um empate entre Tarcísio e Lula. Tanto o governador como o presidente marcaram presença na campanhacom visitas à cidade durante a pré-campanha e com gravações de vídeos para as redes sociais na reta final da disputa.

Após mobilizar na campanha um de seus filhos e sua mulher, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu emplacar um aliado como vencedor da prefeitura de Araraquara (SP) e retirou o domínio do PT, que governava a cidade desde 2016. O resultado foi celebrado por Bolsonaro na noite deste domingo. “Varremos o PT de Araraquara”, disse.

O médico Dr. Lapena (PL) conquistou 49,18% dos votos válidos ante 45,16% da ex-secretária da Saúde Eliana Honain (PT), apoiada pelo atual prefeito, Edinho Silva (PT), um dos principais nomes do partido.

Na semana final de campanha, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro reforçaram a campanha a visitaram a cidade para manifestar o apoio de Lapena.

Na cidade, o filho de Bolsonaro elogiou Lapena e disse que ele era a pessoa certa para vencer o pleito “no ninho do PT”. “Certamente é a pessoa correta para entrar no ninho do PT”, disse Eduardo.

Durante a pandemia de covid-19, Araraquara foi um dos principais alvos de críticas de Bolsonaro, por ser uma das primeiras cidades que promoveram regras de isolamento social mais estritas

“Eu inclusive sou contra as prisões administrativas (em razão das regras de isolamento social) que estão acontecendo pelo Brasil. Prendendo mulher de biquíni na praia do Recreio, prendendo em Araraquara a mulher em praça pública sozinha”, disse Bolsonaro, em abril de 2020.

Edinho é um dos principais cotados para assumir a presidência do PT. Ele já tinha sido prefeito em Araraquara eleito em 2000 e 2004 e foi coordenador de comunicação da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

EXPLICAÇÃO

O professor de teoria política Paulo Nicolli Ramirez, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), conta que o cenário observado no interior do Estado reflete uma questão histórica, em que as elites locais mantêm sua hegemonia independentemente do regime político ou do presidente da República.

“Os partidos servem apenas como fachada, já que no Brasil predomina o personalismo. Isso significa que a instituição partidária tem menos importância do que a figura pessoal que angaria votos. No interior de São Paulo, esse fenômeno é mais acentuado.”

Segundo Ramirez, o personalismo se manifesta por meio de um poder oligárquico, no qual as elites locais se adaptam de forma flexível ao cenário político.

Quando há polarização, geralmente ocorre através de representantes locais que aproveitam o momento “Se for para apoiar a redemocratização, eles apoiam, mas com o objetivo de preservar seus privilégios”, afirma. Ele cita Raymundo Faoro para reforçar que “as transformações políticas no Brasil são superficiais, servindo mais para manter privilégios do que para promover mudanças sociais.”

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(Com Estadão Conteúdo)

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