O furacão Milton, que passou de uma tempestade tropical com ventos de 96 km/h para um furacão de categoria 5 com ventos de 290 km/h em apenas 36 horas, reacendeu o debate sobre a necessidade de incluir uma nova categoria na escala de furacões, a categoria 6. A impressionante escalada da tempestade no Golfo do México levou cientistas e especialistas a questionarem se a escala atual do Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês), que classifica furacões de 1 a 5, é suficiente para descrever eventos climáticos tão intensos.
A tempestade cresceu e se tornou uma das mais potentes já registradas. Segundo o presidente, Joe Biden, será o “pior furacão a atingir a Flórida em 100 anos”.
Embora a categoria 6 ainda não exista formalmente, o aumento da força do furacão Milton para além de 251 km/h o coloca entre os poucos furacões que alcançaram velocidades de vento tão extremas. De acordo com Michael Wehner, cientista climático do Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley, e Jim Kossin, ex-cientista federal e consultor da First Street Foundation, se Milton atingir ventos de 309 km/h, ele entrará para um grupo exclusivo de apenas cinco furacões e tufões desde 1980 que alcançaram esse nível de intensidade.
Wehner e Kossin publicaram um estudo investigando a possibilidade de tempestades extremas, como Milton, servirem de base para a criação de uma denominação de furacão categoria 6. Eles afirmam que muitas das tempestades mais intensas têm sido potencializadas pelas temperaturas recordes dos oceanos, especialmente no Golfo do México e em regiões do Sudeste Asiático e das Filipinas.
Contudo, os próprios cientistas afirmam que não estão propondo formalmente a adição de uma nova categoria, mas sim abrindo espaço para discussões mais amplas sobre a comunicação dos riscos crescentes em um mundo em aquecimento. “A categoria 5 descreve qualquer coisa de ‘um 5 nominal ao infinito’, o que se torna cada vez mais inadequado com o tempo, já que a mudança climática está criando intensidades sem precedentes”, disse Kossin ao USA Today.
A escala de furacões, desenvolvida nos anos 1970, foi projetada pelo engenheiro Herbert Saffir e adaptada pelo ex-diretor do Centro Nacional de Furacões, Robert Simpson.
Simpson, em entrevista de 1999, explicou que a categoria 5 é aberta porque “ventos tão altos causariam danos sérios, independentemente de quão bem a construção seja projetada”. No entanto, com o aumento das temperaturas dos oceanos e a intensificação das tempestades, a categoria 5 pode não ser mais suficiente para descrever o potencial destrutivo de eventos climáticos como o furacão Milton.
Veja o estudo sobre a nova escala