Hoje iremos realizar algo não muito comum no mercado de investimentos. Neste texto abordaremos, dentro do contexto atual do país, as análises técnica e fundamentalista no mercado de ações para falar sobre o momento atual da bolsa de valores.
O Rally da Bolsa sob a ótica fundamentalista
Do ponto de vista fundamentalista, o que vimos na primeira semana de março foi uma alta de 18% em reação ao cenário político atual, com a imprensa divulgando a delação premiada do senador e ex-líder do Governo no Senado, Delcidio do Amaral, e da condução coercitiva do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Este foi um movimento altamente atípico, o que aliás não víamos há meses na bolsa.
O mais curioso desse avanço no mercado de ações foi a procura por informações de “novos investidores”, especialmente após a crise de 2008, em que muitos brasileiros deixaram de acompanhar este segmento.
Sinal semelhante de forte avanço e muita euforia vimos na Argentina recentemente, antecipando a vitória de Mauricio Macri como presidente do país e deixando de lado o Kirchnerismo após anos no governo. Apenas como comparativo, em menos de 2 meses de negociação (setembro a novembro), tempo este que antecedeu a conquista do opositor, a bolsa argentina, cujo índice principal é o Merval, subiu 48%.
Estes movimentos reforçam cada vez mais que a retomada da confiança e da credibilidade de um governo passam por um processo de euforia no mercado financeiro e, mais especificamente, repercute na bolsa de valores.
Voltando ao Brasil, os acordos de delação premiada e os passos que já trazem a operação Lava Jato para sua 24ª fase (com expectativa de continuidade) fazem aumentar a probabilidade de saída da presidente Dilma Rousseff, seja através de uma eventual renúncia, impeachment ou via cassação da chapa reeleita, em 2014, pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Desta forma e diante dos acontecimentos das últimas semanas, enxergamos a presidente cada vez mais isolada de seu partido, que inclusive lhe faz oposição ao “bombardear” o “novo” ministro da Fazenda diante das reformas necessárias de ajuste fiscal.
Portanto, com um cenário desolador do ponto de vista econômico e com a perspectiva de que a crise ainda possa atingir seu pico em 2016 pela perspectiva do aumento da taxa de desemprego e do forte crescimento negativo para o país, pelo segundo ano consecutivo, sendo o pior resultado em décadas, o mercado financeiro não torce para o quanto pior, melhor…
A torcida ocorre no sentido de um resgate e fortalecimento da confiança, o que traria o investidor de volta ao país e, consequentemente, um melhor posicionamento para os brasileiros em geral.
Por fim, do ponto de vista dos fundamentos, ainda não enxergamos razões para o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, permanecer acima dos 50 mil e nem para a continuidade do dólar abaixo dos R$ 4,00.
No entanto, enquanto o movimento de saída da presidente continuar em pauta, deveremos seguir na tendência de alta do mercado, também se aproveitando de um cenário altista para as commodities no mercado internacional.
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O Rally da bolsa sob a ótica da Análise Técnica
Agora passamos a discutir o atual momento do mercado de ações a partir do ponto de vista dos preços. Nosso mercado, refletido pelo Ibovespa, vem performando em um canal de baixa que, quando se aproxima da paralela, reverte forte rumo à Linha de Tendência de Baixa (LTB), fato que aconteceu nas últimas semanas. A imagem abaixo mostra o que estamos dizendo:
Para quebrarmos esse canal de baixa que se arrasta desde 2010, devemos ficar atentos às resistências em 50 e 55 mil pontos, que se superadas darão ótima sinalização da retomada da tendência altista, que ficou distante da nossa memória, pois ocorreu quase 10 anos atrás. A imagem abaixo mostra esta referência dos 50 mil pontos:
Um ótimo sinal de possível fundo nós já tivemos. Como já comentamos, na semana passada nosso Ibovespa apresentou alta de 18%, performance antes obtida só em 2008, no final da crise subprime que marcou fundo para a forte recuperação de 2009.
Foram 2 semanas com altas respectivas de 18,34%, no final de outubro de 2008, e de 17,10%, no final de dezembro de 2008, ambas na mesma região de fundo do Ibovespa. De 2009 até a semana passada não tivemos nenhuma semana com alta dessa magnitude.
Seguem abaixo os 2 gráficos comentados:
A máxima desses 7 anos tinha sido alta semanal do Ibovespa de apenas 7,7%, em outubro de 2011. Ou seja, graficamente estamos com alta probabilidade de termos feito fundo na nossa bolsa. Agora vamos ficar atentos a futuras oportunidades.
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