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Nunes vs. Boulos: Tudo sobre o debate da Record; resumão

por Gustavo Kahil

Aconteceu neste sábado (9), o debate promovido pelo Estadão e pela TV Record entre os candidatos que disputam o segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo. O atual prefeito que tenta a reeleição, Ricardo Nunes (MDB), obteve 29,48% dos votos válidos no dia 6 de outubro, e o deputado federal, Guilherme Boulos (PSOL), recebeu 29,07%.

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A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na última quinta-feira, 17, mostrou que o emedebista perdeu quatro pontos porcentuais, mas continua à frente com 51% das intenções de votos. Enquanto isso, o psolista permanece com 33%. A margem de erro do levantamento é de três pontos.

Boulos é apadrinhado pelo presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT), e recebeu o apoio dos candidatos derrotados Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). Nunes é endossado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e recebeu apoio de Marina Helena (Novo). O ex-coach Pablo Marçal (PRTB) não apoiou ninguém.

Bandidagem

Nunes começou o debate acusando seu adversário de defender a “bandidagem” e de ser contrário à Polícia Militar.

“A segurança é um tema fundamental. Você, a vida inteira, defendeu o fim da Polícia Militar e não votou favorável a aumento de penas para criminosos. Não parece que você está apoiando a bandidagem e contrário à Polícia Militar.”

Boulos, então, desconversou sobre a fala de Nunes. “Fico triste que meu adversário comece o debate com mentiras, um debate que é para discutir a cidade de São Paulo. O meu modelo de polícia é de polícia armada, um modelo que dá certo na Europa, que é dura com o crime, mas que trata os cidadãos de maneira igual. Aí está a nossa diferença.”

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O deputado disse que a polícia precisa tratar todos iguais, não com diferença para quem mora nos lugares mais pobres e mais ricos. “Imagino que você faça jus ao que defende seu vice, de que a polícia tem que tratar diferente quem mora no Jardins e quem mora na periferia. Para o seu vice, e acredito que para você, no Capão Redondo é chave de braço e porrada, e no Jardins é ‘bom dia, doutor’.”

Nunes é o “pai do apagão”

Boulos apresentou documento sem mostrar aos telespectadores, por conta das regras do debate, que supostamente comprova que a Prefeitura assumiu responsabilidade pela poda das árvores na cidade. “A mãe do apagão é a Enel e o pai é o Nunes”, disparou.

O atual prefeito rebateu a acusação, afirmando que a concessão da Enel é responsabilidade do governo federal.

Além disso, Nunes afirmou que o documento, sobre o qual o deputado falou, informa que a responsável pela poda das árvores que estão encostadas ao sistema elétrico é da Enel, e que a prefeitura tem a responsabilidade apenas de recolher essas podas.

“Eu e o governador Tarcísio não queremos mais a Enel em São Paulo”, comentou o emedebista, citando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Em resposta, Boulos disse que Nunes mentiu e citou Medida Provisória do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com recursos para microempresas afetadas pelo apagão na capital paulista.

Sigilo bancário

Boulos refez uma pergunta que havia feito no debate ao atual prefeito: se o emedebista abriria o seu sigilo bancário para os eleitores.

Em resposta, Nunes disse que o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que já foi encabeçado por Boulos, era “quem” deveria abrir sigilo bancário e relembrou mais uma vez o caso em que Boulos foi relator na Comissão de Ética na Câmara dos Deputados, envolvendo suspeita de esquema de “rachadinhas” supostamente praticado pelo deputado federal André Janones (Avante-MG).

O prefeito também ressaltou que nunca teve indiciamento na Justiça. Boulos rebateu, afirmando que, se o prefeito é “íntegro e correto”, ele deveria abrir o sigilo bancário, dizendo que se o prefeito não o faz, é porque tem “algo a esconder”.

O candidato do PSOL também disse que a Prefeitura está na mão de esquemas e máfia das creches.

“A abertura da minha conta, se for alguma autoridade que pedir, está liberada. Tenho minha vida limpa e transparente”, disse Nunes.

Boulos e a Polícia Militar

Nunes, retrucou, em debate, as falas de seu adversário contra seu vice na chapa, Mello Araújo (PL).

Boulos havia afirmado que Mello Araújo defende “abordagem diferente” dependendo da região em que o policial esteja. Nunes, por sua vez, disse que Boulos “não gosta da polícia”.

“Seu problema é que você, a vida inteira, atacou a Polícia Militar. Tem entrevistas falando do fim da Polícia Militar. Meu vice, coronel Mello, é uma pessoa íntegra, prestou 30 anos de serviço para Polícia Militar e teve honrarias pela bravura. Agora, por que o PSOL sempre foi contra a questão do fim das saidinhas?”, questionou o atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição.

PSOL não sabe governar

Nunes criticou o partido de seu adversário (PSOL) relembrando a desaprovação do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, que ficou fora do segundo turno ao tentar se reeleger nas eleições deste ano. “O PSOL não sabe governar e tem extremismo absurdo”, atacou.

Ele voltou a afirmar que não possui indiciamentos e disse que Boulos teria fugido da Justiça por seis anos. Em resposta, o psolista ressaltou a experiência de sua candidata a vice-prefeita, Marta Suplicy (PT), que criou o Bilhete Único.

Direito de resposta

O deputado recebeu, em debate, um direito de resposta contra o atual prefeito e candidato à reeleição. Ele aproveitou para se defender das acusações do emedebista sobre “depredar” a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Todas vezes que participei de manifestações foi para defender famílias sem teto”, disse.

E destacou o deputado federal: “Talvez ele não saiba o que é um despejo.” Para depois concluir: “É lamentável que alguém assim tenha caído na cadeira de prefeito de São Paulo.”

Boulos: “Santo apagão”

O atual prefeito e candidato à reeleição acusou Boulos de ter chamado o apagão na capital de “santo apagão”.

“O meu adversário, segundo uma matéria essa semana que saiu na imprensa, chama o apagão de ‘santo apagão’. O grupo dele falou que foi um ‘santo apagão’, que foi bom o apagão porque iria ajudar a campanha dele e disse que seria muito bem-vindo uma nova tempestade. Olha o nível”, afirmou Nunes.

Em direito de resposta, Boulos repudiou a fala de Nunes. “É indignante o nível de mentira que vem. ‘Santo apagão’? Sabe, o cidadão cria uma fake news, bota no jornal, vem aqui e tem a coragem de repetir no debate?.”

O candidato do PSOL também afirmou que quer o rompimento de contrato imediato com a Enel. “Em relação à Enel, defendo o rompimento imediato de contrato, sem blá blá blá. Defendia desde o primeiro apagão, coisa que ele não fez no primeiro momento.”

(Com Estadão Conteúdo)

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