O ex-presidente Evo Morales, líder da oposição na Bolívia, divulgou um vídeo nas redes sociais relatando uma tentativa de prisão e um ataque a tiros, neste domingo.
O carro do político foi atingido por disparos em meio às crescentes tensões políticas no país entre seus apoiadores e o governo do seu ex-aliado, o presidente Luis Arce.
Nas imagens, Morales é filmado ao lado do motorista. No telefone, o ex-presidente da Bolívia afirma: “Estão atirando em nós, estão nos detendo, rapidamente, mobilizem-se”.
No vídeo é possível ver marcar de tiros no carro, além do motorista ferido com sangue na cabeça e também no peito. Segundo a Rádio Kawsachun Coca, foram disparados 14 tiros contra o veículo de Morales.
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“O carro em que cheguei tem 14 tiros. Me surpreenderam. Felizmente, hoje, salvamos nossas vidas (…). Os que atiraram estavam encapuzados (…). Isto foi planejado, era para matar Evo”, disse em uma entrevista à rádio Kawsachun Coca.
Agricultores seguidores do ex-presidente Evo Morales seguem bloqueando de estradas da Bolívia para evitar a provável prisão de Morales, investigado pelo suposto abuso de uma menor durante seu mandato em 2015.
O atual presidente, Luis Arce, tenta conter os bloqueios, mas o incidente ameaça intensificar os conflitos, agravando a já tensa situação econômica que os bolivianos enfrentam.
As interdições nas estradas intensificaram a escassez de combustível, provocando longas filas de veículos nos postos de gasolina das cidades. Além disso, os preços dos produtos básicos dispararam nos mercados.
Os bloqueios começaram em 14 de outubro, organizados por camponeses que exigem o “fim da perseguição judicial” contra Morales, investigado pelos crimes de “estupro e tráfico de pessoas”.
Morales, o primeiro indígena a governar a Bolívia, não compareceu a uma intimação do Ministério Público do departamento de Tarija para prestar depoimento, o que pode levar as autoridades a decretar sua prisão.
Entenda o conflito
No sábado, 26, o ex-presidente da Bolívia afirmou que os bloqueios promovidos por seus simpatizantes em diversas vias do país vão continuar. Já são quase duas semanas de mobilizações, com enfrentamentos entre policiais e camponeses que deixaram mais de dez feridos.
“O povo são e honesto não se vende, nem se rende. A luta [bloqueios e protestos] vai continuar, o povo não se rende”, disse Morales à rádio Kawsachun Coca.
“Lucho [o presidente Luis Arce] deve respeitar o povo e resolver os problemas econômicos que o povo boliviano tanto está sofrendo neste momento”, indicou o ex-presidente, que governou a Bolivia entre 2006 e 2019.
Os enfrentamentos entre policiais e camponeses pró-Morales durante a tentativa de desbloqueio de vias deixaram 14 agentes feridos e 44 civis detidos. Os choques mais violentos ocorreram em Parotani, um setor no meio da rota que liga Cochabamba a La Paz, a sede de governo.
O presidente Arce destacou o trabalho da polícia para liberar “pelo menos 12 pontos” de bloqueio e garantiu, em referência a Morales, que “não permitirá que o interesse de uma pessoa se sobreponha ao bem-estar coletivo”.
“Nosso governo continuará executando ações para defender a segurança de todos os bolivianos, restabelecer o direito constitucional ao trânsito livre”, afirmou Arce na rede social X O governo mobilizou mais de 1.700 efetivos policiais e 113 veículos para desbloquear as vias.
Segundo um relatório da Administradora Boliviana de Rodovias (ABC, na sigla em espanhol), há 16 pontos de bloqueio no país, a maioria concentrados no departamento de Cochabamba, reduto de Morales.
As interdições nas estradas acentuaram a escassez de combustível e geraram longas filas de veículos nos postos de gasolina das cidades. Além disso, os preços dos produtos básicos dispararam nos mercados.
Os bloqueios de vias começaram em 14 de outubro por parte de camponeses que reivindicam o “fim da perseguição judicial” contra Morales, investigado pelos crimes de “estupro e tráfico de pessoas”.
Morales, o primeiro indígena a governar a Bolívia, não cumpriu uma intimação do Ministério Público do departamento de Tarija para depor, o que poderia levar as autoridades a ordenar sua prisão.
Agora um opositor do governo de seu ex-ministro Luis Arce, o ex-presidente chama o caso de “mais uma mentira” que foi investigada e arquivada pelo sistema judiciário em 2020.