O Nubank (NU; ROXO34) anunciou nesta terça-feira (29) o lançamento do NuCel, seu serviço de telefonia móvel, que oferece planos de dados competitivos e uma proposta de experiência centrada no cliente. Os planos, disponibilizados por meio de eSIM e voltados exclusivamente para clientes de cartão de crédito do Nubank, incluem 15GB por R$ 45, 20GB por R$ 55 e 35GB por R$ 75, com voz ilimitada e acesso gratuito ao WhatsApp e ao aplicativo do Nubank.
Além disso, clientes poderão usar a ferramenta “Caixinhas Turbo” com rendimento de 120% do CDI, fortalecendo a integração com o ecossistema de produtos do Nubank.
O BTG Pactual, em relatório assinado por Carlos Sequeira e Osni Carfi, avaliou a entrada do Nubank no setor de telecomunicações como uma adição interessante à concorrência.
Preços mais baixos
A análise destaca que os preços da NuCel são mais baixos que os oferecidos por grandes operadoras, como Vivo (VIVT3), Claro e TIM (TIMS3). O plano inicial de 15GB do Nubank, por exemplo, custa R$ 45, enquanto a Vivo oferece 14GB por R$ 55 e a Claro 15GB com benefícios adicionais de streaming por R$ 55.
O banco observa que, embora não sejam planos drasticamente agressivos, o diferencial do NuCel está na experiência digital simplificada, ausência de fidelidade e benefícios adicionais para clientes Nubank, algo que pode atrair consumidores em busca de mais flexibilidade.
Entretanto, o banco ressalta alguns desafios e limitações na estratégia do Nubank. A opção inicial apenas para aparelhos com eSIM restringe o alcance, pois este tipo de chip está presente majoritariamente em smartphones de alta gama, limitando o público-alvo para uma parcela específica do mercado brasileiro.
“Expandir para SIM cards físicos exigiria uma rede de distribuição mais ampla, incluindo lojas físicas e revendedores terceirizados, mas acreditamos que o Nubank deve abordar essa questão futuramente para ampliar seu público”, analisa o relatório do BTG.
Potencial de 15% dos clientes
Outro ponto levantado pelo BTG é o perfil de renda dos clientes do Nubank. Embora o banco possua uma vasta base de 81 milhões de clientes, cerca de 20% possuem rendas superiores a R$ 7 mil e outros 22% entre R$ 4 mil e R$ 7 mil, segundo dados de 2022.
Para Sequeira e Carfi, uma parcela significativa dos clientes do Nubank está acostumada a utilizar planos pré-pagos, sendo o valor inicial de R$ 45 possivelmente elevado para parte deste público. Mesmo assim, estima-se que aproximadamente 15% dos clientes do Nubank tenham condições financeiras para aderir aos planos da NuCel, o que representaria um potencial de até 12 milhões de usuários.
A avaliação também sugere que, embora a NuCel não represente uma ameaça direta aos grandes players de telecomunicação, pode contribuir para um aumento na competitividade do setor. Com consumidores cada vez mais sensíveis a preços, o BTG indica que as operadoras estabelecidas, como Vivo, Claro e TIM, podem recorrer a promoções para competir.
O banco prevê que o ambiente de concorrência, relativamente estável, poderá ser pressionado caso o NuCel alcance uma base de usuários significativa, levando as operadoras tradicionais a considerarem revisões de preços e condições para reter seus clientes.
O Nubank, por sua vez, aposta na integração do NuCel ao seu ecossistema para atrair e fidelizar clientes, oferecendo uma experiência digital completa e centrada no cliente. Livia Chanes, CEO do Nubank no Brasil, destacou que o NuCel foi criado para simplificar o portfólio de telefonia, promovendo autonomia e flexibilidade para o cliente, algo que uma plataforma digital pode oferecer com maior agilidade. Ela enfatizou que a filosofia de colocar o cliente no centro das decisões também será aplicada no NuCel, prometendo uma experiência integrada e sem surpresas.