Seguindo uma tendência de regionalização vista nos planos de saúde nos últimos meses, a Porto Saúde, divisão de saúde da Porto (PSSA3), anunciou nesta semana ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) a expansão da Linha Pro para Brasília, lançando planos de saúde projetados para pequenas e médias empresas (PMEs), cobrindo grupos de 3 a 99 pessoas.
A regionalização de planos, com produtos focados em cada estado ou região da cidade, é uma tendência que está se desenhando no setor, diante dos custos da saúde que sobem três vezes acima da inflação e se tornaram ainda maiores durante a pandemia.
Atualmente, as maiores despesas médicas vêm, em geral, das internações e outros procedimentos hospitalares. Com isso, as operadoras estão lançando planos com cobertura hospitalar restrita a fim de evitar que os pacientes usem esse estabelecimento de saúde para atendimentos simples.
Finclass com 50% de desconto! Realize seu cadastro gratuito para ter acesso VIP à Black Friday
“Hoje os planos têm de lidar com fraudes, mudanças nas regulações e tantos outros fatores. Um plano como o Pro Brasília traz uma possibilidade maior de equilíbrio financeiro”, avalia o CEO da Porto Saúde, Sami Foguel, citando o acompanhamento do local onde o paciente faz os exames desde a consulta, por exemplo, ajuda a enxugar os custos, barateando este plano também para o usuário final.
Em Brasília, a nova operação teve seu lançamento oficial na última quinta-feira, 24, com preços até 40% menores que os da linha tradicional da empresa. Já consolidada em São Paulo, no Litoral Paulista, em Campinas e no Rio de Janeiro, a linha chega ao Distrito Federal, que agora contará não apenas a rede credenciada, mas também um time médico próprio para atendimentos. Ao todo, são três opções de planos, que contemplam hospitais e laboratórios.
A expansão segue os planos de negócio do Porto, que em julho lançou a linha Porto Bairro, selecionando dez bairros da capital paulista, cada um com um hospital e um laboratório credenciados, enquanto as consultas podem ser realizadas em qualquer localidade.
Segundo Foguel, a ideia da Porto é criar um ecossistema com tudo incluso, desde um time médico próprio e hospitais considerados de excelência, concentrando assim os dados, histórico do paciente e diminuindo as fraudes, que tem se tornado um problema financeiro para as operadoras nos últimos anos.
“Os preços destes planos ficam mais competitivos porque a gente tira os abusos, as fraudes. Uma porta de entrada muito grande para fraude é o reembolso. Então, na hora que você faz um plano que tem tudo incluso, a gente tira essa permeabilidade do plano à fraudes, reembolsos multimilionários, litígio e medicamentos desnecessários”, avalia Foguel.
Atualmente, a Linha Pro conta com cerca 50 mil vidas, representando cerca de 8.25% dos 606 mil beneficiários totais da companhia.
Além da criação de produtos que não deem espaço para o surgimento de fraudes, a companhia tem trabalhado também para evitar que o problema se prolifere em planos antigos.
Neste mês, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu uma mulher suspeita de fraude de R$11 milhões contra a Porto Saúde, em um esquema que simulou mais de 800 vínculos falsos empregatícios em dez empresas de fachada criadas exclusivamente para a contratação de planos de saúde coletivos empresariais.
Tendência no setor
Na mesma linha, a operadora de planos de saúde Sami criou em agosto deste ano um convênio médico com cobertura restrita à Zona Leste de São Paulo, região que abriga 4 milhões de habitantes e concentra a maioria dos usuários da startup.
Antes disso, a Unimed Nacional já havia idealizado um plano de saúde específico para a zona leste de São Paulo, mas o projeto está paralisado atualmente.
O analista de saúde e educação da XP Investimentos, Rafael Barros, avalia que a criação de planos regionais soluciona um dos principais desafios do setor, que é a fragmentação da informação e a complexidade de acompanhar e coordenar a jornada do paciente.
Ou seja, ter acesso a todas as suas consultas, exames e uso de remédios, por exemplo.
“Ao limitar o alcance de um plano de saúde, o acesso do paciente a uma variedade de prestadores, hospitais e clínicas é reduzido. Isso pode levar a uma jornada mais pré-estabelecida e planejada para o paciente, proporcionando um controle maior sobre o processo e os custos”, aponta Barros, complementando que com controle, é possível evitar redundâncias, como consultas e exames repetidos sem necessidade, o que gera uma economia para os planos.
(Com Estadão Conteúdo)