A Ambev (ABEV3) registrou resultados mistos no terceiro trimestre de 2024, com crescimento moderado nas receitas, mas enfrentando desafios significativos no mercado brasileiro de cervejas devido à intensa concorrência da Cervejaria Petrópolis. As análises de BTG Pactual e XP Investimentos destacam que a Ambev teve um aumento de 5% na receita líquida, alcançando R$ 22,1 bilhões, e um crescimento de 7% no Ebitda, que totalizou R$ 7 bilhões. No entanto, a margem Ebitda caiu ligeiramente para 31,7%, enquanto o lucro por ação foi de R$ 0,22, abaixo das expectativas.
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O segmento de cervejas no Brasil, que representa quase metade do Ebitda da Ambev, registrou crescimento de volume de apenas 0,6% em relação ao mesmo período de 2023. A Ambev sofreu pressões de preços e perdas de participação de mercado em marcas tradicionais, como Skol, em meio à “guerra” de preços com a Petrópolis.
O BTG Pactual observou que a participação de mercado da Ambev caiu para o menor nível em três anos, atribuída à postura agressiva da concorrente, que ampliou descontos e ocupou espaço de mercado, especialmente em produtos mais acessíveis. Embora as marcas premium da Ambev tenham crescido mais de 20%, isso não foi suficiente para compensar as perdas de participação de marcas principais.
A Petrópolis, que vem se recuperando após enfrentar dificuldades nos últimos anos, intensificou a competição com a Ambev no segmento de cervejas populares, aumentando o investimento em promoções e descontos. O BTG Pactual relatou que a Ambev aumentou o nível de descontos no Brasil para o mais alto desde a pandemia, como resposta à concorrência direta da Petrópolis, o que pressionou suas margens e impediu uma expansão significativa do faturamento médio por hectolitro, que cresceu apenas 2,6%.
A XP Investimentos destacou que, apesar dos desafios no mercado doméstico, a Ambev continua apostando em sua plataforma digital BEES para fortalecer o relacionamento com clientes. Essa plataforma teve um crescimento relevante, permitindo à Ambev melhorar o acompanhamento das preferências dos consumidores e otimizar a gestão de pedidos. No entanto, os analistas da XP apontam que, embora a BEES seja promissora, ainda há um longo caminho para recuperar a competitividade das marcas tradicionais.
O BTG também comentou sobre o impacto da concorrência com a Petrópolis na estratégia de precificação da Ambev. A empresa precisou adotar uma postura defensiva, reduzindo os preços em alguns segmentos para evitar a perda de consumidores, mas isso gerou pressões adicionais nas margens de lucro. O banco ressaltou que a Petrópolis, com uma estratégia de “agressividade de preços”, ainda pode enfrentar desafios para manter sua posição a longo prazo, mas no curto prazo, essa abordagem afetou diretamente a Ambev, levando-a a adotar estratégias de descontos para manter sua base de consumidores.
Nos demais mercados, a Ambev teve resultados variados. Na América Latina Sul, especialmente na Argentina, a alta inflação e as flutuações cambiais prejudicaram o consumo, resultando em uma queda de 15% nos volumes. Já na América Central e Caribe, a empresa conseguiu compensar a queda nos volumes com aumentos de preços, garantindo margens melhores. No Canadá, a Ambev registrou crescimento moderado, mantendo a margem de lucro estável.
Para conter os efeitos de um cenário de baixa expectativa de crescimento no Brasil, a Ambev anunciou um novo programa de recompra de ações, no valor de R$ 2 bilhões. Segundo a XP Investimentos, essa ação pode ser uma tentativa de aumentar o retorno aos acionistas e aliviar as preocupações sobre a estrutura de capital da empresa. No entanto, tanto o BTG quanto a XP mantêm uma posição cautelosa em relação às ações da Ambev, argumentando que, sem uma narrativa de crescimento clara, é difícil justificar uma valorização significativa.
O BTG Pactual concluiu que, embora a Ambev tenha demonstrado resiliência, sua capacidade de recuperar o crescimento nas marcas tradicionais é limitada, principalmente diante da pressão da Petrópolis no segmento de preços mais baixos. A XP destacou que o mercado de cervejas está cada vez mais competitivo e que a Ambev precisa fortalecer suas marcas populares para não perder mais espaço. Ambos os bancos de investimento mantêm uma perspectiva neutra para as ações da Ambev, destacando que a guerra de preços com a Petrópolis será um fator determinante para o desempenho futuro da empresa no mercado de cervejas no Brasil.