O Bradesco (BBDC3; BBDC4) apresentou os resultados do terceiro trimestre de 2024 com um desempenho geral positivo, especialmente no que se refere à gestão de crédito e ao aumento das receitas com serviços e seguros.
O banco registrou um lucro líquido de R$ 5,2 bilhões, representando um aumento de 11% em relação ao trimestre anterior e um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 12,4%. As ações operam queda de aproximadamente 3% após a apresentação do resultado.
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Embora as receitas tenham superado as expectativas de alguns analistas, o impacto de um aumento na alíquota de imposto sobre o lucro acabou limitando ligeiramente o resultado, conforme destacaram os relatórios do Itaú BBA, Ativa e Safra, divulgados a clientes nesta quinta-feira (31).
Carteira de crédito
A carteira de crédito do Bradesco alcançou R$ 944 bilhões, com um crescimento de 4% em relação ao segundo trimestre e de 8% ano a ano. A expansão foi impulsionada pelos empréstimos pessoais (+6%) e imobiliários (+3%), além do segmento de veículos (+4%) e crédito rural (+17%).
No setor corporativo, as pequenas e médias empresas (PMEs) lideraram o crescimento, com um aumento de 5% no trimestre, o que destaca o foco em clientes de maior renda e menor risco. Essa abordagem foi refletida na melhoria da qualidade dos ativos, com a taxa de inadimplência acima de 90 dias recuando para 4,2%, uma queda de 10 pontos-base (bps) em relação ao trimestre anterior.
A Ativa ressaltou que a gestão de provisões do Bradesco também foi eficiente, com uma redução de 2% no custo do crédito em relação ao trimestre anterior e 22% ano a ano, atingindo R$ 7,1 bilhões. A cobertura de provisões se manteve em 169%, o que proporcionou maior segurança para o banco diante de um cenário macroeconômico incerto.
Margem financeira
A margem financeira do banco registrou uma leve alta de 3% em relação ao trimestre anterior, impulsionada principalmente pelo aumento da carteira de crédito e pela recuperação de crédito. No entanto, o spread médio das operações caiu, influenciado pela concentração em clientes de menor risco, o que impactou a expansão das margens.
Essa estratégia de originação focada em clientes de renda mais alta e em PMEs de médio porte ajudou a Bradesco a expandir sua margem de intermediação financeira ajustada pelo risco em 10 bps. A NII (margem de intermediação financeira) cresceu 7% após deduzido o custo de crédito, refletindo uma recuperação gradual em relação aos trimestres anteriores.
As receitas com serviços, por sua vez, apresentaram um crescimento sólido de 6% no trimestre, destacando-se as rendas provenientes de cartões, administração de fundos e consórcios. A receita com cartões foi um dos pontos fortes do trimestre, com aumento de 9% em relação ao segundo trimestre, impulsionado pela ampliação da participação na Cielo e pelo crescimento nas transações com cartão de crédito.
Seguros e custos
A área de seguros do Bradesco também registrou desempenho positivo, com receita total de R$ 5 bilhões, um aumento de 9% em relação ao trimestre anterior. O segmento de seguros de saúde apresentou lucro 10% superior ao trimestre anterior, enquanto a área de seguros de vida e previdência recuou ligeiramente devido a ajustes realizados no trimestre anterior. Os segmentos de automóveis e outros também registraram uma alta expressiva de 76% no trimestre, reforçando a contribuição da área de seguros para os resultados consolidados do banco.
Em relação às despesas operacionais, o Bradesco conseguiu controlar os gastos, com um aumento de 2% em comparação ao trimestre anterior. A incorporação da Cielo teve impacto nos custos, especialmente nas despesas de marketing e com pessoal, mas a eficiência operacional melhorou 40 bps no trimestre, atingindo um índice de 48,6%. A Ativa observou que, mesmo com o crescimento das despesas, o banco manteve-se dentro da faixa projetada para o ano, demonstrando disciplina no controle de custos.
Perspectivas
Os analistas mantêm uma visão otimista em relação ao banco, destacando o bom desempenho operacional e o potencial de expansão da rentabilidade nos próximos trimestres. O Safra classificou o banco como neutro, mas destacou o compromisso do Bradesco em equilibrar crescimento com uma postura conservadora em relação ao risco, especialmente em um contexto de incertezas regulatórias em 2025.
A Ativa e o Itaú BBA, por sua vez, mantiveram a recomendação de compra para a ação, com um preço-alvo em torno de R$ 17, destacando que o banco deve continuar apresentando melhora gradual em suas métricas de rentabilidade e eficiência.
Veja o comunicado do Bradesco