O Itaú BBA divulgou um relatório nesta quarta-feira (1º) indicando que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve aumentar a taxa Selic em 50 pontos-base na próxima reunião, marcada para os dias 5 e 6 de novembro. A decisão levaria a taxa de juros de 10,75% para 11,25% ao ano, refletindo um movimento mais agressivo em relação ao ajuste anterior, que foi de 25 pontos-base.
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A instituição destaca que as projeções de inflação e o cenário econômico atual justificam essa aceleração no ritmo de ajuste. Comparado à reunião de setembro, as estimativas de inflação do Copom subiram para 4,6% em 2024 e 4,0% em 2025, acima das previsões anteriores de 4,3% e 3,7%, respectivamente. A perspectiva para o horizonte relevante, que abrange o segundo trimestre de 2026, também subiu para 3,6%, demonstrando um ambiente de inflação ainda acima da meta de 3%.
Dólar mais alto
O aumento na taxa de juros é visto pelo banco como uma resposta necessária a um cenário desafiador, que inclui um câmbio mais depreciado, atualmente em torno de R$ 5,79 por dólar, e um mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego em 6,4%, abaixo do esperado. Além disso, a inflação permanece alta, com núcleos inflacionários e expectativas ainda acima da meta. O Itaú BBA argumenta que essas condições tornam apropriada a intensificação do aperto monetário.
“As autoridades devem julgar apropriado este aumento do ritmo, avançando mais rapidamente em território contracionista”, aponta o relatório.
Desde a última reunião do Copom, houve um aumento da percepção de risco país, com o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos subindo 10 pontos-base, para 158, refletindo a incerteza em relação à política fiscal e ao cenário eleitoral nos Estados Unidos. O relatório também menciona a volatilidade nos mercados internacionais, com destaque para a taxa de juros do Tesouro dos EUA, que subiu 58 pontos-base, enquanto os preços do petróleo e das commodities apresentaram pequenas oscilações.
Incertezas fiscais
O Itaú BBA acredita que o Copom deve manter em aberto o ritmo dos ajustes futuros, dado o cenário de alta volatilidade. Fatores como a reprecificação dos juros globais, as eleições americanas e as incertezas fiscais no Brasil devem influenciar as decisões futuras do comitê. “As autoridades devem enfatizar o firme compromisso com a convergência da inflação à meta”, afirma o relatório, indicando que o Copom continuará monitorando atentamente os riscos e os dados econômicos.
O cenário projetado pelo banco considera que o Banco Central está determinado a garantir a credibilidade de sua política monetária, não tolerando desvios significativos em relação à meta de inflação. O relatório destaca que a comunicação do Copom tem sido clara quanto ao compromisso com a meta de 3%, sem flexibilização nas bandas de tolerância. Essa postura sinaliza que, se necessário, o ciclo de alta de juros pode ser prolongado para garantir que a inflação se estabilize em níveis mais baixos.
O Itaú BBA também observa que a economia brasileira tem apresentado indicadores mistos, com a produção industrial crescendo 1,1% em setembro, acima das expectativas, enquanto o setor de serviços mostrou uma contração de 0,4% em agosto. A criação de empregos formais foi robusta, com 247 mil novas vagas em setembro, superando as previsões de 224 mil.
Para o futuro, o banco projeta uma taxa Selic de 11,75% ao final de 2024 e 11,25% em 2025, mantendo-se em patamares elevados até 2026, quando a taxa deve estabilizar-se em 9,5%. Essa trajetória sugere um período prolongado de aperto monetário, necessário para conter as pressões inflacionárias e alinhar as expectativas à meta de inflação.