Avaliar uma empresa para se investir não é uma tarefa fácil. Até porque se fosse fácil todos os analistas de mercado e seus clientes estariam ricos, afinal bastaria apenas seguir as recomendações e realizar lucro atrás de lucro. Infelizmente, a realidade é bem diferente – em muitos casos oposta a esta situação. O processo de avaliar uma empresa exige inúmeras técnicas e habilidades das mais variadas ciências. Conhecimentos econômicos, fórmulas matemáticas, regras contábeis e habilidades financeiras não são suficientes para a elaboração de um estudo aprofundado sobre uma companhia.
Além de entender de economia, contabilidade e administração, o investidor precisa ter sensibilidade sobre os aspectos subjetivos da companhia em estudo. O entendimento de seu produto ou serviço, e o seu papel inserido diante das necessidades de uma economia que está em constante transformação são, muitas vezes, mais importantes que a utilização de sofisticadas fórmulas financeiras. Também cabe destacar que a análise da percepção de clientes, fornecedores, acionistas, funcionários tem um papel importantíssimo no desenvolvimento de um modelo de avaliação. O estudo sobre a avaliação de empresa é uma metodologia especializada e complexa, mas que serve para orientar possíveis decisões de investimentos.
Apesar do processo de investimento ser, muitas vezes, feito de maneira intuitiva, o que nem sempre consegue atingir os melhores resultados, é indispensável que haja uma avaliação mais racional do ativo em estudo. Para isso, existem alguns modelos de avaliação, que vão dos mais simples aos mais sofisticados, como o modelo de desconto de dividendos, fluxo de caixa descontado, avaliação por múltiplos, entre outros.
Entre estes, a metodologia do fluxo de caixa descontado é uma das mais conhecidas dos investidores, talvez a mais aceita e utilizada pelo mercado e o meio acadêmico. É uma ferramenta onde o analista precisa inserir inúmeras premissas conforme suas próprias estimativas ou de acordo com as projeções de instituições financeiras do mercado.
Segundo Aswath Damodaran, professor e especialista em avaliação de ativos, a avaliação por fluxo de caixa descontado relaciona o valor do ativo ao valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados relativos a este ativo. Estes fluxos de caixa irão variar de ativo para ativo e a taxa de desconto utilizada no modelo será uma função do grau de risco inerente aos fluxos de caixa esperados. É claro que está metodologia é um tanto sofisticada para aqueles que não têm conhecimento de finanças e economia.
Mas, a boa notícia é que esta é apenas mais uma ferramenta de avaliação, e não uma fórmula mágica que diz, com precisão, o preço justo que a ação deve valer. Alias, é importante ressaltar que não existe fórmula mágica para avaliar um ativo – e pode ter certeza que quem disser que sabe o caminho do “santo grau” está contando uma bela mentira. Não acreditem em milagres no mercado de ações e não invistam através da superstição e muito menos com base no “feeling”.
Insisto em dizer que, apesar de não existir formula mágica, podemos destacar algumas características importantes do investidor de sucesso para a avaliação de empresas. Trata-se de uma combinação de cinco fatores: racionalidade, paciência, bom senso, conhecimento e informação. Procure manter esta combinação em harmonia e evite cair em tentações, rumores ou boatos do mercado. Procure discernir entre aquilo que realmente importa na avaliação de uma empresa e saiba avaliar de acordo com suas próprias perspectivas futuras. Por fim, jamais esqueça que existem duas dimensões que não podem ser ignoradas: o potencial de retorno e o risco embutido na avaliação.
——
André Fogaça é formado em Administração de Empresas e pós-graduando em Economia e Finanças pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sócio fundador do portal GuiaInvest – www.guiainvest.com.br – e administrador de carteiras credenciado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).