Os resultados do terceiro trimestre de 2024 da M.Dias Branco (MDIA3) foram analisados com ceticismo por BB Investimentos, BTG Pactual e XP Investimentos, que destacaram o desempenho fraco da companhia. A empresa enfrenta desafios em preço, volume e margem, resultado de uma dinâmica de mercado complexa e uma estratégia de preços que levou à perda de participação de mercado. As ações chegaram a cair 10% em reação ao anúncio.
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Georgia Jorge, analista do BB Investimentos, avaliou os resultados do trimestre como “fracos”, apontando que a empresa não conseguiu equilibrar preço, volume e margem, o que ficou evidente na retração das principais linhas de resultado.
“As ações MDIA3 vêm amargando queda de 34% desde o início do ano até o último dia 08,” observa Jorge, refletindo o impacto negativo do desajuste entre preços dos produtos e custos.
Em sua análise, Jorge afirma que a expectativa anterior de recuperação de rentabilidade, com crescimento no volume de biscoitos e melhorias de margem, não se concretizou. A ausência desse desempenho positivo fez com que o BB Investimentos rebaixasse sua recomendação para neutra, indicando uma visão cautelosa sobre as ações no curto prazo, apesar de manter o preço-alvo até a incorporação dos resultados no modelo financeiro.
Desafios ocultos
Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, do BTG Pactual, afirmam que o terceiro trimestre trouxe uma “queda inesperada” nas margens e volumes da M.Dias Branco. Os analistas explicam que a empresa, conhecida por sua abordagem orientada ao volume, passou a adotar uma estratégia focada em preços desde 2018, o que resultou em perda de participação de mercado e dificuldade para sustentar o poder de precificação. O preço-alvo foi cortado de R$ 41 para R$ 25.
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Neste trimestre, a queda de volume foi significativa, com uma retração de 17% em relação ao trimestre anterior, enquanto o EBITDA caiu para R$ 229 milhões, uma queda de 48% em comparação com o ano anterior. “O trimestre mostrou uma queda inesperada para ambos os volumes e margens”, pontuam os analistas, acrescentando que essa mudança reflete o desafio que a companhia enfrenta em um cenário competitivo cada vez mais acirrado.
Duarte e Guttilla também mencionam que a M.Dias Branco está adotando medidas corretivas, como a consolidação da equipe comercial em uma unidade nacional e a otimização da logística e da produção. Contudo, o BTG Pactual permanece cético quanto ao impacto dessas iniciativas no curto prazo, destacando a complexidade do ambiente competitivo atual e a falta de resultados positivos imediatos.
Estratégia errática
A equipe de análise da XP Investimentos, composta por Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, avaliou o desempenho da M.Dias Branco como “materialmente abaixo” das expectativas. A perda de participação de mercado foi atribuída a uma “dinâmica de preços errática” em um ambiente competitivo desafiador. A XP observou que o volume caiu 10% em relação às previsões, enquanto a receita líquida ficou em R$ 2,4 bilhões, uma queda de 12% na comparação anual.
A XP Investimentos também destacou o impacto negativo dos preços mais altos das commodities, particularmente o óleo de palma, que pressionaram ainda mais as margens da companhia. Em meio a esse cenário, a empresa anunciou uma série de mudanças estratégicas para enfrentar os desafios, incluindo a descontinuação das abordagens regionais de “Defesa” e “Ataque” e a consolidação da equipe comercial em uma liderança nacional, visando ganhar eficiência e escala.
Apesar das iniciativas, a XP vê essas mudanças com reserva. A redução no detalhamento das informações operacionais e financeiras, a partir deste trimestre, é um ponto de preocupação para os analistas, que acreditam que isso pode gerar resistência dos investidores devido à menor transparência em um momento de resultados insatisfatórios. A corretora tem recomendação neutra e um preço-alvo de R$ 31,30.