Em um cenário de elevação das taxas de juros e incertezas fiscais, o Bank of America divulgou recomendações para ações brasileiras, com ênfase em setores considerados mais defensivos ou que apresentam potencial de adaptação às condições macroeconômicas. O banco analisa setores como utilidades, transporte, shopping centers e telecomunicações, destacando as empresas Sabesp (SBSP3), Rumo (RAIL3), Allos (ALOS3) e Vivo (VIVT3) como opções estratégicas para investidores.
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Os analistas do Bank of America, David Beker, Paula Soto e Gustavo Mendes, destacam que o prêmio de risco do mercado acionário brasileiro está diretamente ligado à política fiscal. A continuidade de elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central visa controlar a inflação, mas as taxas de juros de longo prazo refletem o risco fiscal, em função da espera pelo anúncio de um pacote de cortes de despesas por parte do governo.
Segundo o relatório, caso o governo apresente um plano convincente de redução de gastos, o prêmio de risco poderá ser reduzido, ajudando a ancorar as expectativas de inflação e melhorando o cenário para os investidores.
Sabesp: uma opção versátil
No setor de utilidades, a Sabesp se destaca como uma ação que pode se adaptar a diferentes cenários macroeconômicos. Arthur Pereira, analista do Bank of America, afirma que Sabesp apresenta um retorno real de 12% e uma duração de fluxo de caixa de 12,9 anos, sendo atrativa tanto para investidores que esperam compressão do prêmio de risco quanto para aqueles que buscam uma história de crescimento de Ebitda com menor risco.
“Esperamos crescimento de Ebitda de 20% até 2025, impulsionado por iniciativas de eficiência e novas regulamentações,” destaca Pereira. Segundo o relatório, essas características fazem da Sabesp uma alternativa resiliente em um cenário de incertezas.
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Rumo: potencial de desalavancagem
No setor de transporte, a Rumo se destaca como a preferida do Bank of America, principalmente por seu potencial de desalavancagem e revisões positivas nos lucros, dado o aumento das negociações de contratos para 2025. Segundo o relatório, a empresa já firmou contratos take-or-pay que precificam seus serviços em um patamar atrativo, beneficiada por uma hidrologia favorável nas últimas semanas, que impulsionou o interesse de empresas de trading.
“A Rumo oferece uma taxa de retorno real de 11,3%, com potencial de revisão positiva dos ganhos,” ressalta o documento. Em contrapartida, a CCR (CCRO3) e a Ecorodovias (ECOR3) são avaliadas como neutras. Apesar da CCR poder se beneficiar de reequilíbrios pendentes, seu valor está relativamente esticado. Já a Ecorodovias, mesmo com um prêmio de risco interessante, enfrenta desafios devido à alavancagem e ao alto nível de investimentos previstos.
Shoppings
No setor de shopping centers, o Bank of America aponta que as avaliações continuam atrativas, mas a performance permanece contida pela falta de catalisadores. A analista Aline Caldeira observa que, embora os dados operacionais do terceiro trimestre tenham mostrado crescimento sólido nas vendas, os aluguéis ainda apresentam defasagem em relação ao aumento nas vendas.
Segundo o relatório, os retornos internos de investimento (IRR) dos shopping centers permanecem 210 pontos-base acima do período pré-Covid, sugerindo boas oportunidades de valorização a médio prazo. Allos é a principal escolha do Bank of America, devido à expectativa de reciclagem de portfólio e maior rendimento de dividendos.
Vivo: momento positivo
O setor de telecomunicações, representado pela Vivo, aparece como uma escolha defensiva para os investidores. Arthur Pereira destaca que a Vivo apresenta um “momento positivo de lucros, com uma margem sobre receita bruta (MSR) cerca de 4,5% acima da inflação e um retorno de dividendos atrativo de aproximadamente 10%.”
Segundo o relatório, o portfólio diversificado da Vivo e os potenciais benefícios de mudanças regulatórias contribuem para uma visão otimista sobre a empresa. Em um ambiente onde a inflação preocupa o setor, a capacidade de adaptação e a exposição diversificada da Vivo se destacam.