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Atraso de Lula em ajuste gera danos irreversíveis para 2025

Bancos e consultorias projetam que as incertezas resultam em uma inflação, Selic e dólar mais elevados

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante 2ª Sessão da Reunião de Líderes do G20

A demora da equipe econômica e do presidente Lula em elaborar e divulgar um plano de contenção de gastos gerou danos irreversíveis para o desempenho do País em 2025, revelam estudos elaborados por bancos e consultorias. Isso acontece porque as expectativas continuam piorando, o que afeta as decisões das empresas e também do Banco Central.

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Conforme disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, nesta terça-feira (19), a grande expectativa hoje é como vai ser o ajuste.

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“(…) A gente precisa ter um anúncio que gere esse impacto positivo, porque no final das contas não é o fiscal que afeta a política monetária diretamente, é a expectativa de que o fiscal vai gerar uma dívida equilibrada na frente. Então a gente precisa que essa expectativa se realize”, disse durante uma palestra para empresários reunidos na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

A principal preocupação dos investidores são os níveis iniciais de dívida do Brasil, com Lula herdando uma dívida pública bruta de 72% do PIB (comparado aos 53% de Dilma Rousseff em seu 1º mandato) e tendo aprovado medidas significativas de aumento de gastos no início de seu mandato (+1,7% do PIB), aponta o BTG Pactual em um relatório enviado a clientes.

“Com razão, os mercados estão preocupados com a trajetória da dívida, com nossos economistas projetando que a dívida em relação ao PIB aumentará para cerca de 84% até o final do mandato de Lula. Isso é significativo, pois a dívida em relação ao PIB está se expandindo 12 p.p. durante o mandato de Lula, colocando o nível de dívida do Brasil bem acima de pares como México em 50%, Chile em ~40%, Colômbia em 54% e Turquia em 30%, para citar alguns”, apontam os analistas Leonardo Correa, Carlos Sequeira, Antonio Junqueira e Osni Carfi.

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Segundo eles, até que o governo aborde os níveis de dívida e implemente medidas (de preferência cortes de gastos) para desacelerar esse aumento, os preços dos ativos provavelmente continuarão refletindo altos prêmios de risco.

Reunião do ministro Fernando Haddad com equipe de Secretários e Assessores Especiais, Multinacionais
Reunião do ministro da Fazenda Fernando Haddad com equipe de Secretários e Assessores Especiais (Imagem: Washington Costa/Ascom/MF)

Mais juros e inflação

O Itaú calcula que o ajuste de despesas necessário seria de pelo menos R$ 60 bilhões, sendo R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026.

Um relatório assinado por Mario Mesquita, economista-chefe do banco, destaca que as incertezas fiscais somadas às externas, com perspectiva de um dólar (USDBRL) mais forte globalmente, o levou a revisar a projeção de câmbio para R$ 5,70 por dólar em 2024 e 2025 (de R$ 5,40 e R$ 5,20, respectivamente) – a despeito do aumento do diferencial de juros.

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A projeção de crescimento do PIB para 2024 foi mantida em 3,2%, porém a de 2025 caiu para 1,8% (de 2%). Além disso, a inflação esperada para este ano subiu de 4,4% para 4,8% e, em 2025, de 4,2% para 5%.

“Com câmbio mais depreciado, atividade ainda resiliente, expectativas desancoradas (por um período prolongado) e riscos crescentes, o Banco Central precisará recalcular o grau de aperto monetário e avançar ainda mais, e com maior celeridade, em território contracionista”, opina Mesquisa.

Ou seja, com isso, a Selic poderá saltar a 13,5% no próximo ano, enquanto a estimativa anterior estava em 12%. O banco está mais pessimista do que o mercado, que projeta o juros a 12% em 2025, segundo o último boletim Focus do Banco Central.

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