O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) disse na quarta-feira, 20, que o Google (GOOG; GOOGL; GOGL34; GOGL35) deveria vender o navegador Chrome como parte de uma correção judicial para sua monopolização do mercado de busca on-line. A solicitação segue a vitória do governo este ano em um caso antitruste contra o Google e provavelmente dará início a uma luta legal intensificada com implicações de longo alcance para o negócio principal da gigante da tecnologia.
Advogados do governo disseram que a concorrência só pode ser restaurada se o Google separar seu mecanismo de busca dos produtos que ele construiu para acessar a internet, como o Chrome e o sistema operacional Android.
O Chrome controla cerca de dois terços do mercado global de navegadores, conforme o site Statcounter. As pesquisas na barra de endereços do Chrome passam pelo Google, a menos que um usuário altere as configurações.
Finclass com 50% de desconto! Realize seu cadastro gratuito para ter acesso VIP à Black Friday
O Departamento de Justiça também solicitou que o Google seja impedido de dar acesso preferencial ao seu mecanismo de busca em dispositivos que usam o Android. Se o Google violasse essa regra no futuro, ele teria que alienar o Android também, de acordo com a proposta do governo.
O Google ainda seria proibido de pagar para ser o mecanismo de busca padrão em qualquer navegador, incluindo o Chrome, sob seu novo proprietário. Atualmente, o Google paga à Apple (AAPL; AAPL34) dezenas de bilhões de dólares por ano para ser o padrão no navegador Safari.
A proposta do governo também se aplica à inteligência artificial, que está começando a deslocar a busca tradicional. O Departamento de Justiça quer que o Google seja obrigado a permitir que os editores de sites optem por não ter seus dados usados para treinar seus modelos de IA. Alternativamente, o gigante das buscas poderia pagar aos editores para usar seus dados.
A proposta do Departamento de Justiça pede que o Google compartilhe seus dados de busca com concorrentes.
Governo é radical?
Kent Walker, presidente de assuntos globais do Google e da Alphabet, criticou duramente a recente proposta do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) relacionada ao processo antitruste contra a empresa. Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (21), Walker classificou a medida como uma “intervenção radical” que ultrapassa as decisões judiciais e ameaça a segurança, a privacidade e a inovação tecnológica nos EUA.
A ação do DOJ vai além do debate inicial sobre os acordos de distribuição do Google Search com empresas como Apple e Mozilla. Entre as exigências, destaca-se a venda do navegador Chrome e possíveis mudanças no sistema operacional Android. Segundo Walker, essas medidas não apenas desmantelariam produtos amplamente utilizados, mas também colocariam em risco a privacidade dos usuários ao exigir a divulgação de dados pessoais e inovações da empresa para outras companhias.
“Essas propostas excessivas prejudicariam milhões de americanos e comprometeriam a liderança tecnológica global dos Estados Unidos em um momento crítico”, afirmou.
Walker destacou que a venda do Chrome e as limitações ao Google Search poderiam enfraquecer o ecossistema tecnológico americano. Ele também apontou que empresas menores, como a Mozilla, que dependem de acordos comerciais com o Google, seriam diretamente afetadas. Além disso, ele alertou que a criação de um Comitê Técnico para supervisionar o funcionamento do Search resultaria em uma “micromanipulação governamental” sem precedentes.
“Estamos falando de mudanças absurdas, como a obrigatoriedade de instalar duas telas de escolha em dispositivos Pixel antes de acessar o Google Search. Isso só ilustra a extensão da interferência proposta pelo DOJ”, criticou Walker.
Walker reforçou que o Google conquistou a confiança de milhões de usuários ao oferecer o mecanismo de busca mais confiável e de alta qualidade do setor. Ele destacou que o processo está apenas no início e que a empresa apresentará suas próprias propostas em breve. “Muitas dessas demandas estão longe do que a decisão judicial considerou. Vamos continuar defendendo nossos serviços e a inovação tecnológica que beneficia consumidores e empresas em todo o mundo”, concluiu.
A disputa reflete o crescente escrutínio sobre gigantes da tecnologia, mas também levanta preocupações sobre os limites da intervenção governamental em setores estratégicos para a economia global.