Em 2023, o Brasil tinha 10,3 milhões de jovens de 15 a 29 anos que não estudavam nem estavam ocupados no mercado de trabalho, também conhecidos como nem-nem.
O montante representa o menor contingente registrado pela série histórica iniciada em 2012. O resultado significa 21,2% da população dessa faixa etária sem estudar nem trabalhar, também a menor taxa histórica
Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 4.
O IBGE pondera que a pesquisa considera como estudo somente a frequência à escola, sem incluir a frequência a cursos pré-vestibular, técnico de nível médio, normal (magistério) e qualificação profissional.
“Logo, a análise se restringe aos jovens que não estudavam e não estavam ocupados, ao invés do grupo ampliado que inclui também os que não se qualificavam”, informou o instituto.
Em relação ao ano anterior, houve redução no número de jovens nem-nem em todos os grupos de gênero e raça. O total de jovens que não estudam e não estão ocupados recuou 4,9% em 2023 ante 2022: a queda foi de 11,9% entre mulheres brancas; redução de 9,3% entre homens pretos ou pardos; e diminuição de apenas 1,6% entre as mulheres pretas ou pardas.
Como consequência, as jovens negras passaram a representar um ápice histórico de 45,2% dos jovens na condição de nem-nem.
“Em 2023, entre as mulheres jovens que não estudavam e não estavam ocupadas, 76,5% estavam fora da força de trabalho, enquanto entre os homens eram 61,7%, uma diferença de 14,8 pontos porcentuais, demonstrando a maior dificuldade que elas possuem para ir em busca de uma colocação no mercado de trabalho, em decorrência, principalmente, de afazeres domésticos e cuidados com parentes”, justificou o IBGE.
Quanto menor a faixa de rendimento, maior a proporção de jovens sem estudo nem trabalho. Quase metade, 49,3%, dos jovens dos domicílios no grupo de 10% mais pobres não estudavam nem estavam ocupados em 2023.
Trabalho e benefícios sociais
O trabalho mantém-se como a principal fonte de rendimento dos domicílios, uma participação de 74,2% para o total da população. Entre os mais pobres, porém, aumentou o peso das transferências de renda.
Em 2023, o peso dos benefícios sociais chegou a 57,1% da renda domiciliar total dos lares com renda per capita de até um quarto de salário mínimo, ante uma fatia de 34,6% proveniente do mercado de trabalho.
Entre as crianças com 0 a 14 anos, duas em cada cinco (42,7%) viviam em domicílios com benefícios de programas sociais.
“Essa proporção se reduz à medida que aumenta a faixa etária, chegando a 14,7% entre as pessoas com 60 anos ou mais de idade”, lembrou o IBGE.