O Ibovespa (IBOV) lutou pela segunda sessão em que evitaria perdas, uma sequência positiva que, embora muito discreta então, não é vista desde 13 e 14 de novembro.
Com o dólar em baixa pelo segundo dia, mas ainda acima do limiar de R$ 6, o índice da B3 oscilou dos 125.828,01 aos 126.719,76 pontos, encerrando em baixa de 0,04%, a 126.087,02 pontos.
O giro ficou em R$ 22,1 bilhões. Na semana e no mês, o Ibovespa avança 0,33%, ainda cedendo 6,04% no ano. Na sessão, o índice voltou a contar com o apoio dos grandes bancos, com destaque nesta quarta-feira para Bradesco, em alta de 1,28% (ON) e de 1,14% (PN).
Na ponta ganhadora do Ibovespa, BRF (BRFS3) (+5,58%), LWSA (LWSA3) (+4,58%), Rumo (RAIL3) (+2,77%), Klabin (KLBN11) (+2,65%) e Suzano (SUZB3) (+2,60%). No lado oposto, Azzas (AZZA3) (-4,49%), MRV (MRVE3) (-4,19%), Hapvida (HAPV3) (-3,32%), Bradespar (BRAP4) (-2,75%) e Prio (PRIO3) (-2,70%).
Entre as principais blue chips, o dia foi negativo para Vale (VALE3) (ON -1,95%) e para Petrobras (PETR3;PETR4) (ON -0,96%, PN -0,63%).
A piora pontual em Petrobras a partir do meio da tarde foi decisiva para a falta de fôlego do Ibovespa em direção ao fechamento, em dia que já era bem negativo para a ação de maior peso no índice, Vale ON.
Além da queda de 1,8% a 2% para o petróleo em Londres e Nova York em dia de dados que mostraram aumento de estoques nos EUA, e sinal de que a Arábia Saudita tende a prorrogar cortes de produção, o sentimento com relação à estatal foi também afetado pelo relato do jornal O Globo de que o governo prepara uma troca de nome na presidência do conselho de administração, com uma indicação que seria feita pelo PT para o cargo.
Apesar do teor ruim para a precificação do papel, a reação do mercado à notícia foi relativamente contida, considerando o dia de baixa para as cotações da commodity.
“A notícia é negativa, na medida em que sugere a possibilidade de mais interferência na empresa”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
Contudo, a percepção do mercado sobre a Petrobras tende a piorar, de fato, apenas se houver interferência no pagamento de dividendos, aponta o operador.
“Como está pagando direitinho, o mercado não fica tão pessimista”, observa Monteiro, acrescentando que, no momento, o quadro mais amplo, macroeconômico, é o que continua a direcionar os negócios na B3, em meio à expectativa para a tramitação no Congresso do pacote de cortes de gastos.
Hoje, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), confirmou que deve ocorrer, ainda nesta quarta-feira, a votação da urgência do PL e do projeto de lei complementar associados às medidas e que o pacote possa ser votado, de fato, até a semana que vem.
Com relação à Petrobras, conforme apurado pelo Broadcast no Rio, Pietro Mendes, aliado do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) que preside o conselho de administração da estatal, será indicado para o comando da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Para a vaga que seria então aberta no conselho, a tendência é de que seja designado o economista Bruno Moretti, em arranjo coordenado por Silveira e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. A ideia, conforme relato do jornalista Gabriel Vasconcelos, do Broadcast, é de que a troca seja efetivada ainda este mês.
“Entendemos que esses movimentos não deverão impactar as condições de geração de caixa da Petrobras, nem a sustentabilidade dos dividendos. A Petrobras tem passado por diversas mudanças internas, que não alteraram de forma material os principais pilares: manutenção da política de preços, investimentos diligentes e boa distribuição de dividendos”, aponta João Daronco, analista da Suno Research.
(Com Estadão Conteúdo)